Lateral conta que não tem mais medo de errar e que herdou força física da época em que percorria longa distância para ir à escolinha em Guarabira-PB
Quando crianças, a maioria dos jogadores de futebol só quer saber da bola. Com Márcio Azevedo,
o cenário não era diferente na pequena Guarabira, interior da Paraíba,
mas o esforço que o lateral-esquerdo do Botafogo fazia para não perder
espaço na escolinha do ex-jogador Carlinhos Paulista, com passagens pelo
estado que carrega no apelido, trouxe consequências positivas a seu
desempenho. Apesar de percorrer distâncias retas, o camisa 6 costuma ser
aquele que mais se desloca no time, com média de dez quilômetros por
jogo. E puxa na memória, como explicação, a hora e meia diária que
levava de casa ao centro do município.
Como o horário geralmente estava apertado - Márcio saía às 5h para alimentar o sonho de brilhar no esporte -, tinha de apressar o passo para estar às 6h30 na chamada. Era chamado de maluco pelos amigos, mas tinha o talento reconhecido pelo professor, que o incentivava e lhe carregou pelo braço para o Santaluziense-SP já aos 17 anos, para recuperar o tempo perdido.
- Ele dizia: você tem muita força e agilidade, pode jogar em time
grande. Comecei a colocar isso na cabeça e fui aperfeiçoando o que
precisava, que era a marcação, o combate, o chute de longe. Acho que foi
dali que tirei esse fôlego. Ia com alegria para escolinha. Matava a
escola, até apanhava, mas não desistia. Então meus pais apostaram e
fizeram uma força para pagar as aulas de futebol - recorda-se o lateral,
de 26 anos, que chegou a trabalhar como lixador de carro.
- Dormi no terceiro dia e fui demitido (risos). Só me concentrava na bola mesmo - conta.
A genética também favorece o jogador, que teve no pai, seu Bianor, um exemplo: além de atleta amador, garantia o sustento da família carregando sacos de arroz e açúcar. É baixinho, mas carrancudo e duro na queda, como o filho aprendeu a ser nos gramados, para superar os rivais no mano a mano, esbanjando velocidade, uma de suas principais características:
- Eu ia assistir e depois até jogar as peladas com ele, do outro lado da cidade. Quase sempre de bicicleta. Pedia emprestada a um amigo, porque nunca tive uma. Nunca faltou o que comer, mas tínhamos dificuldade.
Sem medo de errar
A profissionalização aconteceu no Juventude, bem longe de suas origens. Aliás, o futebol do Sul foi generoso com Márcio Azevedo, que viveu grande fase no Atlético-PR. Fez com que se adaptasse a um estilo mais duro. Mesmo assim, o sonho de conquistar a fama no eixo Rio-São Paulo permanecia. Quando a chance no Botafogo pintou, não pensou duas vezes. Mas uma antiga lesão o fez perder tempo, o atrito posterior com o ex-técnico alvinegro, Caio Júnior, e a impaciência da torcida não ajudaram nada. Hoje, trata Oswaldo de Oliveira como pai.
- Até tinha propostas para sair, mas tinha medo de voltar para um time pequeno, estava desanimado. Aí o professor Oswaldo me puxou no canto, me deu força e realmente conseguiu tirar o melhor de mim. É um segundo pai mesmo, o melhor treinador com quem já trabalhei. Não digo que estou no meu melhor momento da carreira, porque acho que ele está sempre por vir, mas não tenho medo de errar, estou confiante demais. Isso é importante - destacou.
Mais à vontade na Cidade Maravilhosa, só agora começou a conhecer seus pontos turísticos. Na semana passada, levou a esposa Michele e a filha Mikaelen, de dois anos, ao Cristo Redentor. E se impressionou com o tamanho do Maracanã, em obras, mesmo visto de cima.
Café com Antônio Lopes
A esperança depositada por Oswaldo passou pelas informações que colheu do novo pupilo, que apareceu no futebol brasileiro quando ele embarcava para o Japão, onde trabalhou no Kashima Antlers por cinco anos. Ainda em janeiro, caminhou até o prédio do técnico Antônio Lopes, que mora em sua rua, e aceitou um café com segundas intenções: precisava saber se podia contar com Azevedo, até então sua única opção para o setor, que perdera Cortez para o São Paulo.
- Fiquei preocupado com a saída do Cortez. Era uma lacuna naquele momento, porque não conhecia o Márcio, só sabia que não estava bem. Houve uma dificuldade para se equilibrar física e tecnicamente em 2011, por causa de uma lesão, mas ele havia sido comandado pelo meu irmão, Waldemar (Lemos), e pelo Lopes, ambos no Atlético-PR. E me passaram a maior confiança no jogador. A partir dali, não tive dúvidas de que poderia recuperá-lo - revelou.
Logo atrás do camisa 6, em termos de distância percorrida no campo, costumam estar o volante Marcelo Mattos e o meia Andrezinho. A perfomance física é unamemente elogiada no clube, tanto pela comissão técnica, quanto pelos próprios companheiros.
- A qualidade para defender e atacar dele é enorme. Quando eu vou, Márcio segura mais e vice-versa. Já temos esse entrosamento. Mas realmente tem chegado no fundo com frequência, é um fôlego que não acaba. Esperamos contar essa força por toda a temporada - comentou Lucas, lateral do outro lado, que é muito amigo do paraibano e costumava dar carona.
A grande prova de Márcio Azevedo e do time será no domingo, às 16h, contra o Vasco, no Engenhão, pela final da Taça Rio, que pode ser o primeiro título dele com a camisa alvinegra.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/botafogo/noticia/2012/04/folego-e-velocidade-marcio-azevedo-revive-infancia-e-trata-oswaldo-de-pai.html
Como o horário geralmente estava apertado - Márcio saía às 5h para alimentar o sonho de brilhar no esporte -, tinha de apressar o passo para estar às 6h30 na chamada. Era chamado de maluco pelos amigos, mas tinha o talento reconhecido pelo professor, que o incentivava e lhe carregou pelo braço para o Santaluziense-SP já aos 17 anos, para recuperar o tempo perdido.
Márcio Azevedo sorri no treino: alegria e a confiança bem diferentes de 2011 (Foto: Satiro Sodré / Agif)
- Dormi no terceiro dia e fui demitido (risos). Só me concentrava na bola mesmo - conta.
A genética também favorece o jogador, que teve no pai, seu Bianor, um exemplo: além de atleta amador, garantia o sustento da família carregando sacos de arroz e açúcar. É baixinho, mas carrancudo e duro na queda, como o filho aprendeu a ser nos gramados, para superar os rivais no mano a mano, esbanjando velocidade, uma de suas principais características:
- Eu ia assistir e depois até jogar as peladas com ele, do outro lado da cidade. Quase sempre de bicicleta. Pedia emprestada a um amigo, porque nunca tive uma. Nunca faltou o que comer, mas tínhamos dificuldade.
Sem medo de errar
A profissionalização aconteceu no Juventude, bem longe de suas origens. Aliás, o futebol do Sul foi generoso com Márcio Azevedo, que viveu grande fase no Atlético-PR. Fez com que se adaptasse a um estilo mais duro. Mesmo assim, o sonho de conquistar a fama no eixo Rio-São Paulo permanecia. Quando a chance no Botafogo pintou, não pensou duas vezes. Mas uma antiga lesão o fez perder tempo, o atrito posterior com o ex-técnico alvinegro, Caio Júnior, e a impaciência da torcida não ajudaram nada. Hoje, trata Oswaldo de Oliveira como pai.
- Até tinha propostas para sair, mas tinha medo de voltar para um time pequeno, estava desanimado. Aí o professor Oswaldo me puxou no canto, me deu força e realmente conseguiu tirar o melhor de mim. É um segundo pai mesmo, o melhor treinador com quem já trabalhei. Não digo que estou no meu melhor momento da carreira, porque acho que ele está sempre por vir, mas não tenho medo de errar, estou confiante demais. Isso é importante - destacou.
Mais à vontade na Cidade Maravilhosa, só agora começou a conhecer seus pontos turísticos. Na semana passada, levou a esposa Michele e a filha Mikaelen, de dois anos, ao Cristo Redentor. E se impressionou com o tamanho do Maracanã, em obras, mesmo visto de cima.
Márcio Azevedo visita Cristo Redentor com afamília: esposa Michele e filha Mikaellen (Foto: Arquivo pessoal)
A esperança depositada por Oswaldo passou pelas informações que colheu do novo pupilo, que apareceu no futebol brasileiro quando ele embarcava para o Japão, onde trabalhou no Kashima Antlers por cinco anos. Ainda em janeiro, caminhou até o prédio do técnico Antônio Lopes, que mora em sua rua, e aceitou um café com segundas intenções: precisava saber se podia contar com Azevedo, até então sua única opção para o setor, que perdera Cortez para o São Paulo.
- Fiquei preocupado com a saída do Cortez. Era uma lacuna naquele momento, porque não conhecia o Márcio, só sabia que não estava bem. Houve uma dificuldade para se equilibrar física e tecnicamente em 2011, por causa de uma lesão, mas ele havia sido comandado pelo meu irmão, Waldemar (Lemos), e pelo Lopes, ambos no Atlético-PR. E me passaram a maior confiança no jogador. A partir dali, não tive dúvidas de que poderia recuperá-lo - revelou.
Logo atrás do camisa 6, em termos de distância percorrida no campo, costumam estar o volante Marcelo Mattos e o meia Andrezinho. A perfomance física é unamemente elogiada no clube, tanto pela comissão técnica, quanto pelos próprios companheiros.
- A qualidade para defender e atacar dele é enorme. Quando eu vou, Márcio segura mais e vice-versa. Já temos esse entrosamento. Mas realmente tem chegado no fundo com frequência, é um fôlego que não acaba. Esperamos contar essa força por toda a temporada - comentou Lucas, lateral do outro lado, que é muito amigo do paraibano e costumava dar carona.
A grande prova de Márcio Azevedo e do time será no domingo, às 16h, contra o Vasco, no Engenhão, pela final da Taça Rio, que pode ser o primeiro título dele com a camisa alvinegra.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/botafogo/noticia/2012/04/folego-e-velocidade-marcio-azevedo-revive-infancia-e-trata-oswaldo-de-pai.html
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