sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Missão de Joel para o returno: reconstruir o ataque do Cruzeiro

No primeiro turno, montagem do setor girou em torno de Wallyson. Agora, técnico procura nova formação com Keirrison, Bobô e Wellington Paulista


Por Richard Souza Belo Horizonte

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Não houve escolha. Joel Santana teve de relacionar Bobô para a partida contra o Figueirense, nesta quarta-feira, pela rodada de abertura do returno do Campeonato Brasileiro. Medida emergencial por conta dos desfalques no ataque. O técnico não pôde contar com Wellington Paulista (volta em até quatro semanas) e Ortigoza (volta em até dez dias), machucados, e optou por não relacionar Reis e tinha Anselmo Ramon e Sebá à disposição. Os dois últimos foram titulares.

Ainda longe da forma física ideal, Bobô estreou de forma discreta no segundo tempo e nada conseguiu fazer na derrota por 4 a 2, em Ipatinga (assista ao vídeo). Vale lembrar que ele chegou à Toca da Raposa II no dia 18 de agosto.

A convocação de um jogador recém-chegado comprova: o ataque celeste está em reconstrução. Além de Bobô, Keirrison foi contratado e passa por um intenso período de preparação física. É muito provável que entre na lista do jogo contra o Palmeiras, domingo, no Pacaembu.

Keirrison  Bobô  Wellington Paulista  atacantes   Cruzeiro (Foto: Editoria de Arte/Globoesporte.com)Keirrison, Wellington Paulista e Bobô são os principais nomes do ataque celeste (Foto: Editoria de Arte/Globoesporte.com)

A mutação do setor começou na marra. No dia 7 de agosto, em jogo da 15ª rodada, Wallyson se machucou no fim do primeiro tempo da derrota por 3 a 2 para o Inter, em Porto Alegre. Uma lesão grave. O jogador fraturou o tornozelo esquerdo, teve rompimento parcial de ligamento, foi operado e só volta a jogar no ano que vem. Sem ele, o Cruzeiro perdeu a figura central do ataque da equipe no primeiro turno do Brasileirão. Antes de se machucar, disputara as 15 primeiras partidas da Raposa no nacional e marcara quatro gols. Sempre como titular. Ora em dupla, ora em trio, ora sozinho. Foi assim com Cuca, nas cinco primeiras rodadas, e continuou com Joel. O que variava era apenas quem jogava (e quantos) ao lado dele.

Além de Wallyson, Joel perdeu Thiago Ribeiro, negociado com o Cagliari, da Itália. Thiago fez seis partidas no Brasileirão e marcou um gol. O clube também liberou o atacante Brandão, que foi para o Grêmio, e vendeu Dudu, campeão mundial sub-20 com a Seleção Brasileira, para o Dínamo de Kiev, da Ucrânia. Com eles, a equipe fez 26 gols na primeira metade da competição. Com os dois gols marcados sobre o Figueirense, ambos do volante Charles, o time chegou a 28 e tem o sexto melhor ataque ao lado do Ceará. O Flamengo lidera com 35.

AS FORMAÇÕES DE ATAQUE DO CRUZEIRO NO PRIMEIRO TURNO DO CAMPEONATO BRASILEIRO
Thiago Ribeiro e Wallyson 5 vezes Só Wallyson 2 vezes
Thiago Ribeiro, Wallyson e Brandão 1 vez Wallyson e Reis 1 vez
Anselmo Ramon e Wallyson 4 vezes Anselmo Ramon e Wellington Paulista 3 vezes
Wallyson e Ortigoza 2 vezes Wellington Paulista e Ortigoza 1 vez
Até a 19ª rodada, o ataque celeste teve oito formações diferentes (veja a tabela). A dupla que mais se repetiu foi Wallyson e Thiago Ribeiro. Quando um trio entrou em campo, Brandão juntou-se a eles. Para se ter uma ideia, o líder Corinthians, que conta com Liedson, Willian, Emerson e Jorge Henrique, apresentou variações na linha de frente seis vezes. Assim como os mineiros, os paulistas sofreram com desfaques no setor por lesão.
Joel Santana prevê dificuldades para reformular o ataque. Além das lesões e da espera pela evolução física dos reforços, o tempo apertado é um complicador. O treinador lembra que sequer teve como testar Bobô e Keirrison no grupo.

É um momento de expectativa, de ter tranquilidade. Acima de tudo para resolver os problemas do clube e dar confiança aos jogadores que estão chegando. Eu nao sou mágico, sou estratégico."

Joel Santana, sobre o ataque do Cruzeiro
- Você só vê o jogador quando ele está com você. Se foram contratados, é porque avalizamos e o clube sentiu a necessidade. Perdi três ou quatro jogadores de ataque. Os jogadores ainda estão chegando, ainda não estão no auge da formação física deles. São jogadores que vêm do exterior. Ninguém contrata no exterior um jogador qualquer, contrata porque tem qualidade. Primeiro vamos ver o jogador de perto, sentir o jogador de perto, para depois fazermos uma avaliação correta. Melhor do que começarmos a responder antes, até porque não tivemos nem condições de botar esses jogadores com o grupo.

Ele espera que a equipe resista bem a este período de entressafra. Depois das vitórias sobre Ceará e Atlético-MG, o Cruzeiro começou o returno em sétimo na tabela, com 27 pontos, de olho na zona de classificação para a Libertadores. Com a derrota para o Figueira, caiu para o 11º lugar.

- Vamos ter um pouco de dificuldade no começo, essa semana vai ser muito difícil para nós, essa e outra semana também. Só depois da semana do Santos (na 23ª rodada, dia 10 de setembro) que vamos ter uma calmaria de uma semana para retormar. Mas só aí já são quatro jogos. Quatro jogos são 12 pontos. De 12 pontos seria bom conquistar pelo menos dez. Aí ficaríamos num situação tranquila. É um momento de expectativa, de ter tranquilidade. Acima de tudo para resolver os problemas do clube e dar confiança aos jogadores que estão chegando. Eu nao sou mágico, sou estratégico.

As opções de Joel
A pedido do GLOBOESPORTE.COM, André Rocha, do blog Olho Tático, analisou as possibilidades de formação de Joel Santana com os reforços. São três esquemas. No primeiro, Bobô e Keirrison atuariam juntos sem definir uma referência entre os zagueiros, com Montillo e Roger na armação. No segundo, apenas um atacante seria escalado, algo que Joel constuma fazer em partidas fora de casa. O argentino atuaria no ataque, mais perto do gol. Numa terceira projeção, novamente dois atacantes são escalados. Montillo continua no meio, mas Roger é sacado para a entrada de um volante.
campinho esquema tático Cruzeiro (Foto: André Rocha / Blog)
Joel pode manter o 4-2-2-2 inicial dos últimos jogos com Montillo e Roger na articulação, servindo a nova dupla de ataque: Bobô e Keirrison, que podem atuar juntos sem definir uma referência entre os zagueiros. O esquema sacrifica os volantes Fabrício e Marquinhos Paraná e exige apoio constante, mas alternado, dos laterais Vítor e Diego Renan para não centralizar demais as ações ofensivas.

campinho esquema tático Cruzeiro (Foto: André Rocha / Blog)
O treinador também tem a alternativa de prender três volantes, com Charles entrando no meio-campo, e dar liberdade para Roger armar as jogadas e Montillo atuar no ataque, mas próximo da meta adversária e de Keirrison, que ficaria mais à frente. No 4-3-1-2, os laterais podem ganhar mais liberdade, com o apoio dos volantes pelos lados no losango.

campinho esquema tático Cruzeiro (Foto: André Rocha / Blog)
Outra opção no mesmo 4-3-1-2 é manter Bobô e Keirrison na frente, liberar Montillo para criar e sacrificar Roger, que sairia para a entrada de Charles.

FONTE::
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/cruzeiro/noticia/2011/09/missao-de-joel-para-o-returno-reconstruir-o-ataque-do-cruzeiro.html

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