LIBERTADORES 2017
Departamento de futebol faz aposta em jogadores que não deram retorno técnico nem financeiro após altos gastos; Diego e Guerrero sobrecarregados
Por Fred Gomes,
Buenos Aires
"Se tamanho contasse alguma coisa, o elefante seria o dono do circo.
Você tem que usar seus recursos com inteligência. Você vê clubes de
menor investimento fazendo melhor uso de seus recursos que outros".
Essa declaração do então vice-presidente de futebol do Flamengo, Flávio
Godinho, em matéria publicada pelo GloboEsporte.com no dia 1º de abril
de 2016, é simbólica para avaliação das contratações do Flamengo nos últimos tempos.
Bandeira acumula a vice-presidência de futebol desde que Godinho foi
preso na Operação Lava-Jato. A pasta tem ainda o diretor executivo
Rodrigo Caetano.
Rever a política de reforços - ainda mais quando se olha o tamanho do
orçamento rubro-negro - é importante após a vexatória eliminação diante
do San Lorenzo - a quinta do Rubro-Negro numa primeira fase de
Libertadores, e a terceira consecutiva.
No Fla de Bandeira de Mello aquisições de pesos-pesados, como Diego e Guerrero, foram as que deram mais resultado - embora o peruano tenha demorado a engrenar.
A dupla de jogadores recebe mensalmente cifras que se aproximam da casa
do milhão, mas são, de longe, os principais jogadores da equipe. Já as
apostas ou deram errado ou ainda estão devendo - e pesarem muito no
bolso. Mancuello, Cuéllar, Donatti e Berrío custaram aos cofres
rubro-negros, em pagamentos parcelados, cerca de R$ 40 milhões.
O alto custo de Berrío
O colombiano Berrío, que custou R$ 11 milhões,
é a última prova de que o Rubro-Negro tem pecado no mercado, sobretudo
com os gringos. Foi peça nula na derrota para o San Lorenzo - acertou
uma boa jogada no segundo tempo, quando cruzou para a área, mas de resto
teve nova atuação limitada tecnicamente.
Forte ofensivamente, o colombiano de 26 anos só se destaca no quesito
velocidade. Por diversas vezes, ganha de seus marcadores no fundo, mas
erra na hora de definir a jogada. É bom frisar que só virou titular
absoluto no Atlético Nacional após o início do desmonte do time que
ganhou a Libertadores do ano passado. Nunca foi unanimidade no Nacional.
Vale lembrar que o Fla buscava para a posição Eduardo Vargas, ex-LA U e
Grêmio, e Cecílio Dominguez, também sem muita fama internacional e que
defendia o paraguaio Cerro Porteño.
Mancuello: inconstante
Contratados em 2016 e também a alto custo, Mancuello, Cuéllar e Donatti
são outros que ainda não deram retorno técnico ou financeiro. No caso
de Mancuello, apesar de algumas convocações para a seleção argentina,
seu ano de maior destaque no futebol argentino foi a Série B de 2014
pelo Independiente. Mas, nunca se firmou no Flamengo. É inconstante.
Cuéllar: perda de oportunidades
Com passagens por seleções de base e também algumas convocações na
seleção principal colombiana, Cuéllar chegou a ser titular absoluto de
Muricy Ramalho, mas uma lesão sofrida na estreia do Brasileiro do ano
passado, diante do Grêmio, o fez perder espaço. Zé Ricardo utiliza muito
pouco o volante de 24 anos. Por ser jovem, o Fla esperava recuperar o
dinheiro investido, mas o atleta, antes convocado para a seleção
colombiana, desvalorizou-se com a perda de oportunidades. Antes de
chegar ao Brasil, foi bem com a camisa do Junior Barranquilla, clube que
defendia na condição de emprestado pelo Deportivo Cali.
Donatti: problema físico
Donatti, comprado por cerca de R$ 5 milhões ao Rosario Central, chegou
ao Flamengo em julho, um mês após Rafael Vaz, contratado para compor
elenco e que virou titular ao lado de Réver. Em meio à lesões e
adaptação, somente em abril de 2017 conseguiu tomar a vaga do contestado
titular. Mas um novo problema físico o atrapalhou. De 30 anos, só havia
defendido clubes modestos até 2013, quando chegou ao Rosario. Jamais
foi convocado.
De jogadores nos quais o Flamengo precisou investir no pagamento de
multa rescisória ou de valor estipulado pelo clube, há também os
fracassos dos argentinos Hector Canteros, que começou bem e agora está
emprestado ao Vélez Sársfield, e Lucas Mugni, contratado ao modesto
Colón.
Trauco, reforço que chegou após seu vínculo com o Universitario-PER se
encerrar, parece que será a exceção no ocaso dos gringos. Mal nos
últimos três jogos, apareceu bem tanto na lateral quanto no meio de
campo, bem próximo do ataque. Mas apresenta deficiência defendendo.
Fla joga desfigurado na partida mais importante de 2017
Tratado por analistas e pelos próprios dirigentes do clube como um dos
elencos mais robustos do país, o Rubro-Negro disputou seu jogo mais
importante de 2017 com Alex Muralha, Rodinei, Réver, Rafael Vaz e
Trauco; Márcio Araújo, Willian Arão e Gabriel; Berrío, Everton e
Guerrero.
Os reservas para a criação eram Matheus Savio, de 20 anos, e Ederson,
ganhando ritmo após ter participado de dois jogos na semana passada. Na
frente, Leandro Damião, que não foi bem nas últimas partidas em que foi
solicitado. Renê era a peça que podia mexer no esquema ou ao menos
fortalecer a marcação pelo lado esquerdo. Não entrou, e Trauco viveu
noite ruim.
Apostar em consagrados é o que tem dado certo, e o Flamengo precisa
voltar a contratar atletas do quilate de Diego, Guerrero e Elias, este o
primeiro acerto desta diretoria. Somando os recursos usados para
contratar várias apostas, o Rubro-Negro poderia ter trazido outro
jogador do nível de Guerrero e Diego, que colocassem a camisa e
resolvessem partidas - como agora indica que vai fazer ao buscar a
contratação de Everton Ribeiro.
E ainda tem o Conca, uma incógnita
O clube tratou a chegada do argentino como a grande contratação de
2017. Conca foi contratado sob a seguinte condição: ninguém o
pressionaria a voltar rapidamente diante da complexidade da lesão
sofrida no joelho esquerdo, em agosto do ano passado, quando realizou
seu último jogo. O retorno pode acontecer em junho, mas as condições do
jogador ainda são incógnitas. Contratado por empréstimo, ele só passa a
receber salário do Flamengo quando entrar em campo - de acordo com
informações do departamento de futebol.
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