quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Vazamento de procurador da Suíça levou a Lava Jato a Cerveró



FONTE:
http://jornalggn.com.br/noticia/vazamento-de-procurador-da-suica-levou-a-lava-jato-a-cervero


Inconformado com o fim de uma megaoperação similar à Lava Jato, envolvendo a Alstom, procurador suíço se vingou vazando o que sabia para os colegas brasileiros



Jornal GGN - Os procuradores brasileiros contaram com a ajuda de um colega da Suíça para chegar a uma "conta secreta" (carteira de investimentos com lastro em banco) que Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras, mantinha naquele país desde os anos 1990, abastecida, inclusive, com propina recebida pela compra da refinaria de Pasadena.
Em um vídeo da delação de Cerveró à força-tarefa da Lava Jato, o ex-diretor revela que vinha sendo investigado na Suíça a reboque de um processo envolvendo a Alstom.
Cerveró diz que numa versão Suíça da Lava Jato, um operador que trabalhava para a Alstom nos contratos com o governo Suíço foi preso, episódio equivalente ao momento em que a força-tarefa tupiniquim chegou ao doleiro Alberto Youssef. Foi quando, lá e aqui, conseguiram desvendar a rede de corrupção que desviava recursos públicos para paraísos fiscais.
Só que ao contrário do que acontece no Brasil, segundo Cerveró, na Suíça a Alstom simplesmente "ignorou" a ofensiva dos procuradores e buscou o governo para resolver a situação. A empresa sustentou que a investigação havia tomado uma dimensão enorme e que estava prejudicando a economia, e ameaçou, caso não houvesse uma resolução imediata, fechar a sede local e inserir 15 mil suíços nas estatísticas de desemprego. "Seria o equivalente a Marcelo [Odebrecht] dizer que ou dá-se um jeito, ou ele vai demitir 35 mil funcionários e vocês que se virem", comparou.
A Alstom conseguiu, assim, firmar um acordo de leniência. "Tudo foi apagado", diz Ceveró em relação as investigações que envolviam o alto escalão da companhia. "Sobrou para os procuradores atacarem apenas os peixinhos, e eu era um peixinho", acrescenta.
Cerveró caiu na rede do Ministério Público suíço porque, no meio da apuração das contas irrigadas com recursos da Alstom, os procuradores chegaram a uma que pertencia ao ex-diretor da Petrobras. No vídeo, Cerveró admite à Lava Jato que chegou a receber 700 mil dólares da Alstom em propina pela compra de máquinas para construir termelétricas no governo FHC, em 1999, e que isso motivou a abertura da conta.
"Cheguei a ter quase 2 milhões de dólares nessa conta na Suíça", diz Cerveró, acrescentando que os recursos que desviou na compra da refinaria de Pasadena também faziam parte desse montante. Tudo teria sido bloqueado pela Justiça da Suíça a pedido do MP.
Cerveró só ficou sabendo do caso porque seu investidor na Suíça veio ao Brasil informá-lo do bloqueio na conta. Ele, então, conseguiu fazer um acordo com as autoridades daquele País.
No final de seu processo, que deveria ter corrido sob total sigilo, pois era uma das cláusulas contratuais, ele aceitou pagar uma multa de 500 mil francos suíços e fazer uma doação de mais 50 mil francos suíços para uma instituição de caridade. A conta foi desbloqueada e, nela, sobraram cerca de 400 mil dólares, conforme verificou a Lava Jato.
Ou seja: inconformado com o fim que levou a versão estrangeira da Lava Jato, o procurador suíço, a quem Cerveró chamou de "boquirroto", se vingou vazando o que sabia para os colegas brasileiros.
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