OLIMPÍADAS RIO 2016
VÔLEI MASCULINO
Oposto tem grande atuação em clássico e leva seleção à próxima fase na Rio 2016. Lucarelli sente dores ainda no primeiro set, volta no fim, mas preocupa Bernardinho
Wallace sobe à rede e, por um instante, parece multiplicar
os segundos. Como se tivesse todo o tempo do mundo para ficar lá em cima, joga
o braço para trás com calma, mas, de repente, explode. Na noite desta
quarta-feira, a cena se repetiu inúmeras vezes. Em um clássico nervoso, a
seleção se mostrou irregular, mas contou com a inspiração de seu oposto para se
garantir na semifinal dos Jogos do Rio. Diante de um Maracanãzinho lotado e
repleto de provocações entre as torcidas, o Brasil venceu por 3 sets a 1,
parciais 25/22, 17/25, 25/19 e 25/23.
Com a vaga na semifinal garantida, o Brasil pode se preparar
mais uma vez para um clássico. A seleção vai encarar a Rússia, na próxima
sexta-feira, às 22h15, no Maracanãzinho. Mais cedo, os europeus bateram o
Canadá em 3 sets a 0 (25/15, 25/20 e 25/18) e também avançaram.
Jogadores comemoram ponto contra os
argentinos (Foto: REUTERS / Yves Herman)
- Time cumpriu o objetivo, o que foi combinado. E isso fez a
diferença. Chegando nessa altura do campeonato, pode ser o Cazaquistão, time
que não tem tradição, que não vai ter favorito. Não adianta camisa, não adianta
nada. Temos de jogar vôlei - disse Wallace, que terminou a partida como o maior pontuador em quadra, com 24 pontos.
Apesar da festa, Bernardinho terá uma preocupação a mais
para a semifinal. Logo no primeiro set, Lucarelli caiu de mau jeito,
sentiu um
problema na coxa direita e só voltou à quadra na metade da parcial
final. O jogador deverá ser avaliado nesta quinta-feira. Lipe também
sofreu com dores nas costas no fim da partida.
O JOGO
Era um clássico, e o Maracanãzinho parecia preparado para tal. A torcida era quase toda brasileira, claro. Então, quando os argentinos marcaram os dois primeiros pontos, com Conte e Poglajen, o ginásio se encheu de vaias. O Brasil chegou a deixar tudo igual, mas um novo ataque de Poglajen, com desvio de bloqueio, fez o placar chegar a 6/4 para os rivais. O Brasil, mesmo caindo em erros, tentava encostar. A seleção chegou a tomar a frente no placar, mas viu a Argentina virar depois de ace de Sole (12/11).
Wallace foi o principal jogador brasileiro
diante dos argentinos (Foto: REUTERS
/ Yves Herman)
Os hermanos ampliaram em ataque para fora de Lipe, mas viram
sua maior estrela sair de quadra. Conte, que havia lidado com problemas físicos
antes dos Jogos do Rio, pisou em falso e machucou o tornozelo direito. Nem
isso, porém, tirou o ímpeto argentino. Na pancada de Bruno Lima, os rivais
abriram 16/14.
Só que o Brasil não desistia assim tão facilmente. Lipe, em
mais um ace, deixou tudo igual no placar. A Argentina voltou a abrir, e foi a
vez de o Brasil tomar um susto. Em jogada junto à rede, Lucarelli caiu de mau
jeito, sentiu um problema na coxa direita e precisou deixar a quadra para ser
atendido. Era um jogo nervoso. Os brasileiros reclamaram de invasão argentina
na rede, mas, após o desafio, a arbitragem não viu falta. O lance irritou ainda
mais os donos da casa. Foi a deixa para que, na marra, a seleção conseguisse a
virada. Serginho pediu o apoio da torcida e fez o Maracanãzinho ensurdecer o
time rival. A Argentina parou, e o Brasil aproveitou para fechar a parcial:
25/22, depois de saque na rede de De Cecco.
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Na volta à quadra, ainda sem Lucarelli, o Brasil abriu a
contagem com Maurício Borges. A Argentina virou em ataque de Conte, recuperado
das dores que o tiraram do set anterior. A seleção foi buscar duas vezes
seguidas com Wallace, principal arma ofensiva da equipe até ali. Era um jogo
equilibrado, e os times se revezavam na dianteira do placar naquele início.
Conte foi um gigante pela Argentina,
principalmente no segundo set (Foto:
REUTERS/Ricardo Moraes)
A Argentina, porém, cresceu. Quando Maurício Souza parou no
bloqueio de Sole, a diferença subiu para três pontos (11/8). Bernardinho pediu
tempo, e a torcida voltou a provocar os rivais. Não funcionou. Conte veio do
fundo da quadra com uma pancada e ampliou. Wallace, em erro de ataque, cedeu um
ponto a mais para o outro lado. A seleção lutava, mas o momento não era dos
melhores, e os rivais chegaram a 15/9 com novo bloqueio sobre Wallace.
O domínio argentino era absoluto. Bernardinho tentou acertar
a casa com a inversão 5 por 1, mandando William e Evandro para a quadra. Mas,
no ace de Conte, os hermanos fizeram o placar chegar a 20/13. O Brasil ainda
conseguiu tirar alguns pontos dos rivais, mas a diferença era muito grande para
buscar. Gonzalez, ao explorar o bloqueio de Lipe, fechou a conta: 25/17.
Seleção vai encarar a Rússia na semifinal
(Foto: REUTERS / Yves Herman)
Era hora de mudar o ritmo. Wallace subiu alto e soltou o
braço para iniciar a conta. Maurício Borges, duas vezes, em bloqueio e no
ataque, e Bruninho, no serviço, abriram quatro pontos para a seleção. O Brasil,
finalmente, cresceu em quadra. Se Lucarelli não estava ali, Wallace resolvia.
Só que a Argentina lutava. No melhor rali da partida, salvou bolas improváveis
e levou a melhor, diminuindo para 8/5.
Não tinha problema. Àquela altura, a seleção manteve a
calma. Lucão, que fazia uma partida irregular, ainda entregou um saque para os
rivais, mas a diferença logo subiu para sete pontos (13/6).
A Argentina, por um
momento, pareceu crescer. Conseguiu diminuir a diferença e causou preocupação a
Bernardinho. Não era para tanto. No último lance, em ataque de Wallace,
Bernardinho viu toque na rede do lado rival e pediu o desafio. Tinha razão. Com
25/19, a seleção fechou a parcial e passou à frente no placar.
O terceiro set deu certo tranquilidade para o
time do Brasil, mas o jogo ainda reservaria
emoções no que seria o set final
(Foto: Reuters)
A partida parecia definida, mas faltava combinar com a
Argentina. Os hermanos voltaram melhores à quadra. Depois de Gonzalez abrir 6/3
no placar, Bernardinho pediu tempo. A seleção melhorou, mas o jogo não era dos
mais fáceis. O empate veio em erro de ataque do outro lado, para a festa da
torcida da casa (9/9).
A Argentina voltou a abrir, e
Bernardinho resolveu arriscar.
Chamou Lucarelli de volta à quadra, no lugar de Lipe, que sentia dores
nas costas. A seleção melhorou. A
virada veio em mais um ataque de Wallace, desta vez pelo meio. Lucão,
enfim, cresceu no jogo e passou a fazer a diferença. Mas tudo indicava
um fim dramático. No saque de Sole na rede, marcou 19/18 no placar. Na
sequência, Wallace voou mais uma vez e ampliou a diferença. Só que os
rivais conseguiram buscar e empataram o jogo em 20/20. Bernardinho pediu
tempo mais uma vez e tentou passar tranquilidade à seleção. Na volta, o
jogo seguiu tenso, mas o Brasil contou com mais um saque na rede dos
rivais para chegar ao match point. No ataque seguinte, Wallace explodiu
mais uma vez e definiu o jogo: 25/23.
Lucão, após jogo irregular, finalmente apareceu
no quarto set (Foto: REUTERS / Yves Herman)
Time do Brasil comemora muito a
classificação para as semifinais
(Foto: REUTERS / Yves Herman)
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