segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Após perda do pai e da vaga olímpica, Juliana se reinventa ao lado de Taiana


Apesar de ser reserva nos Jogos, atleta prefere encerrar assunto Rio 2016 e focar no futuro após fim da parceria com Maria Elisa: "Olimpíadas são uma coisa morta agora".




Por
Niterói, RJ



Taiana e Juliana juntas na etapa de Niterói (Foto: Paulo Frank / CBV)Juliana ao lado de Taiana na etapa de Niterói do Circuito Brasileiro (Foto: Paulo Frank / CBV)


Juliana Felisberta da Silva é uma das principais jogadoras do vôlei de praia brasileiro. Dona de oito títulos no Circuito Mundial, três vezes melhor do mundo na mesma competição, campeã do mundo em 2011, detentora de cinco taças do Circuito Brasileiro, medalhista olímpica de bronze em Londres 2012, fora outros inúmeros prêmios e conquistas... Mas de todos os desafios da vida e da carreira, talvez o mais complicado de superar tenha acontecido no ano passado. E fora da quadra. A morte do pai em julho de 2015 foi como um soco no peito, daqueles de fazer perder o equilíbrio e ir ao chão. A jogadora era colada em seu José, que lutava contra o Mal de Alzheimer.

Mais tarde, Juliana ainda viu a vaga olímpica escorrer pelas suas mãos como areia. Não foi por falta de esforço. Ela manteve o profissionalismo a todo momento, tanto é que, no dia da morte do pai, ainda tomada pela tristeza da notícia, precisou viajar ao Rio de Janeiro, de onde pegou um voo para o Japão para disputar o Grand Slam de Yokohama, importante na briga pela classificação para os Jogos Olímpicos.
Mas a experiência, a força e a explosão dentro de quadra da dupla formada por ela e Maria Elisa não foram suficientes para passar pelos obstáculos do Circuito Mundial, nem para superar a excelente fase e a vivacidade de Ágatha e Bárbara Seixas e a sintonia e a técnica de Larissa e Talita, que acabaram classificadas para as Olimpíadas. À atleta, restou ficar com a vaga de suplente. Segundo a jogadora, caso Ágatha ou Talita, atletas de bloqueio, se lesionem, ela se classifica para o Rio 2016 automaticamente. Se Larissa ou Bárbara se lesionarem, Maria Elisa herda o espaço. Juliana, contudo, não se ilude:

- Para mim, as Olimpíadas são uma coisa morta agora. Estou vivendo outra coisa com a Taiana, mas vou estar jogando, me preparando. Sou um soldado indo para a guerra. Dependendo do esquadrão que precisar de mim, estou dentro - falou a veterana de 32 anos.

Taiana e Juliana no Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia (Foto: Paulo Frank / CBV)
Taiana e Juliana se juntaram após fim de 
parceria da veterana com Maria Elisa 
(Foto: Paulo Frank / CBV)



Taiana é a nova (velha) parceira de Juliana. As duas disputaram em 2002 um Mundial sub-21 e foram campeãs. A dupla com Maria Elisa, explica ela, tinha um objetivo definido, que eram os Jogos Olímpicos. Como a classificação não chegou, elas anunciaram o fim do time, que se juntou em 2013, teve a técnica Letícia Pessoa no comando a partir de maio de 2014 e foi campeão nesse mesmo ano no Circuito Mundial. A ex-companheira agora vai atuar ao lado de Liliane Maestrini França, a Lili.
- Foi um balde de água fria, não desmerecendo as duas grandes equipes que vão representar o Brasil.

 O país está muito bem representado, mas deu uma desanimada, uma esfriada, então resolvemos seguir caminhos diferentes. Mas nunca pensei em parar (com o vôlei de praia). Escolhi a Taiana pelas características dela e por tudo que ela fez pelo vôlei de praia. Ela foi campeã mundial com a Talita em 2013. Fomos campeãs juntas há 15 anos. A escolha foi sobretudo pela qualidade dela e a vontade que ela tem. Nós suspeitamos que poderíamos dar certo juntas - comentou.

Juliana e Maria Elisa pódio Major Series de Stavanger vôlei de praia (Foto: Denis Ferreira Netto/CBV)
Parceria com Maria Elisa (à esquerda) teve 
bons momentos, como o título no Major 
 Series de Stavanger e o título do 
Circuito Mundial, mas acabou se 
encerrando após a perda da vaga 
olímpica (Foto: Denis Ferreira Netto/CBV)


A nova dupla com Taiana, o novo ano e, principalmente, o período de férias que passou ao lado da família foram como um sopro na vida de Juliana, que já até começa a traçar novos objetivos, como montar uma boa base no Circuito Brasileiro para pavimentar o caminho até o Circuito Mundial e, quem sabe, voltar a representar o Brasil no futuro.

- Foi um ano complicado para mim, bem complicado (pausa)... Mas ainda bem que ele já passou, graças a Deus. Tentei ficar as férias quase que integralmente com minha família, principalmente com minha mãe. Todos esses dias eu estive do lado dela até a minha vinda para cá (Rio de Janeiro). Nós precisávamos desse tempo, como filhas, como amigas. E coincidiu de, graças a Deus, boa parte da minha família estar junta no Natal e no Ano Novo. Para mim, a família é muito importante. E ela está comigo na alegria e na tristeza, na saúde e na doença. Passei alguns momentos com eles, dei uma zerada e estou começando um novo ano com disposição, alegria e vontade de fazer bonito de novo.
Acho que o atleta precisa de desafios e defender a bandeira do Brasil vem em primeiro lugar. Estou treinando muito forte para que isso possa voltar a acontecer.

A primeira competição da dupla recém-formada com Taiana foi a etapa de Niterói do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia. Elas ainda vão disputar mais duas no torneio nacional, em Natal e Fortaleza. Depois, João Pessoa, na Paraíba, recebe o SuperPraia.


FONTE:
http://globoesporte.globo.com/volei-de-praia/noticia/2016/02/apos-perda-do-pai-e-da-vaga-olimpica-juliana-se-reinventa-ao-lado-de-taiana.html

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