Para cumprir o que prega a religião Adventista, atletas deixam de treinar e jogar entre a noite de sexta-feira e o sábado e chegam até a recusar propostas milionárias
A
decisão do goleiro Vitor, do Londrina, de cumprir o que a
religião Adventista prega e deixar de treinar e jogar entre a noite de
sexta-feira e o sábado, não é única no mundo do futebol. Por conta da
opção, alguns jogadores chegam a recusar propostas milionárias e a
oportunidade de jogar fora do país. O esporte fica em segundo plano. Há
também casos de atletas que buscam conciliar a fé e o futebol, e ainda
quem prefere deixar o preceito religioso de lado e seguir jogando
normalmente.
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Goleiro Vitor é o último exemplo: não vai mais
treinar entre a noite de sexta e sábado
(Foto: Reprodução/RPC)
O
zagueiro Vicente abriu mão do dinheiro e da possibilidade de jogar fora
do Brasil por causa da religião. Decidido em seguir o que orienta a
religião Adventista, ele dispensou uma proposta do Al-Tadhamo, do
Kuwait. Depois disso, conseguiu continuar atuando em Roraima, mas logo
teve que deixar o futebol.
- Eu me identifico com a decisão do Vitor e fiquei feliz pela
decisão dele, por compartilhar da mesma fé. Nossos casos são parecidos, a gente
já estava no meio do futebol, com objetivos traçados, com propostas. Quando eu parei,
também estava no auge. Tive muitas propostas para voltar ao Oriente Médio e
ganhar muito dinheiro. É preciso ter muita fé e muita coragem para tomar essa
decisão - disse Vicente.
Tive muitas propostas para voltar ao Oriente Médio e
ganhar muito dinheiro. É preciso ter muita fé e muita coragem para tomar essa decisão"
Vicente, zagueiro brasileiro que jogou no Catar
Outro goleiro que teve decisão
parecida foi o argentino Carlos Roa. Titular da Argentina na Copa do
Mundo de 1998, ele recusou uma proposta milionária do Manchester United
por decidir reservar um ano para se dedicar à religião. Voltou ao
futebol, mas continuou seguindo o preceito de guardar o sábado.
Por
outro lado, há quem prefira seguir no futebol, apesar das barreiras
impostas pela religião. Aos 20 anos, o zagueiro Vinicius Matos, do
Vitória, vive o dilema entre seguir o que a Igreja Adventista prega e o
caminho do futebol. Embora saiba das determinações religiosas, o jogador
optou por continuar o sonho e seguir os passos no futebol, sem abrir
mão da fé.
Confira outras histórias de
jogadores que optaram pela religião adventista:
NOVO COMANDO
Sem opções no profissional, Vicente atua agora
no futebol amador (Foto: Arquivo Pessoal)
Atuando
como zagueiro, Vicente esteve no Bonsucesso e no Boavista, ambos do Rio
de Janeiro, chegou a jogar uma temporada no Catar, em 2010, e passou
por cinco clubes de Roraima. Em 2013, ele recebeu uma proposta do
Al-Tadhamo, do Kuwait, mas foi dispensado após somente duas semanas no clube, justamente por causa da opção pelo preceito de guardar o sábado.
Mesmo
assim, Vicente conseguiu continuar no futebol por três temporadas.
Ainda em 2013, disputou a Série D pelo Náutico-RR, mas ficou fora em
dois jogos. No ano seguinte, mais uma vez pelo time roraimense, disputou
a Copa Verde, a Copa do Brasil e o estadual. Como os jogos geralmente
foram aos sábados, ele conta que desfalcou o time em praticamente metade
da competição. Em 2015, ele disputou o estadual pelo Baré, último clube
profissional.
Vicente conta que teve que abrir mão
de propostas de clubes de São Paulo e até para retornar ao Catar e ao
Kwait, tudo por causa da opção religiosa. Agora, aos 25 anos, ele atua
como personal trainer após se formar em Educação Física, pelo Instituto
Federal de Ciência e Tecnologia de Roraima (IFRR).
-
Eu sempre tive o sonho de criança de ser jogador de futebol. Porém, eu
decidi colocar Deus acima de tudo. Quando eu parei também estava no
auge. Tive muitas propostas para voltar ao Oriente Médio e ganhar muito
dinheiro. Mas foi quando eu tive o conhecimento da Bíblia e decidi tomar
a decisão. Sempre busquei continuar jogando, mas compreendo a
dificuldade dos clubes se adequarem a isso.
O SONHO ALÉM DA FÉ
Vinicius Matos enfrenta dilema ao jogar aos
sábados pelo Vitória (Foto: Francisco
Galvão/EC Vitória)
Aos
20 anos, o zagueiro Vinicius Matos também é adventista, mas ainda tenta
conciliar o futebol com a religião. Participando da Igreja há pouco
mais de um ano, o jogador do Vitória admite que muitas vezes vive um
conflito por causa dos preceitos bíblicos, mas segue firme no propósito
de continuar a carreira. Apesar da crença, ele segue realizando os
treinos e participando dos jogos normalmente, mesmo durante a noite de
sexta-feira e o sábado.
- Sei que preciso guardar o
sábado, mas o pai da minha namorada, que é pastor, sempre tenta me
acalmar, me dá conselhos. O futebol é o meu grande sonho, eu pretendo
continuar nesse caminho. Já mudei vários hábitos, tirei o palavrão,
parei de sair para festas, estou buscando ser uma pessoa melhor a cada
dia. Hoje eu não pretendo parar e continuo focado no futebol.
Vinicius
conta ainda que ficou um período no Sevilla, da Espanha, em observação.
Quando informou a opção religiosa, os dirigentes trataram o assunto de
forma tranquila, já que a maioria dos jogos ocorre na noite de sábado e
no domingo. Porém, o negócio não foi concretizado devido ao fim da
janela de transferência.
NÃO AO MANCHESTER ONITED
Carlos Roa pega pênalti na Copa do Mundo
de 1998: proposta recusada no melhor
momento da carreira (Foto: Getty Images)
Titular da seleção argentina
na Copa do Mundo de 1998, na França, o goleiro Carlos Roa ganhou destaque com a camisa do
Mallorca, da Espanha, no ano seguinte. As boas atuações despertaram o interesse
do Manchester United, que ofereceu US$ 10 milhões pelo jogador. Participante da Igreja
Adventista, Roa recusou a proposta e chegou a anunciar a
aposentadoria para se dedicar à religião.
Após nove meses, retornou ao Mallorca para cumprir o
restante do contrato, com a condição de não treinar ou jogar entre a noite de
sexta-feira e o sábado. Depois, o goleiro seguiu para o Albacete, onde
descobriu um câncer, em 2004. Ficou fora dos gramados por mais 10 meses,
conseguiu se recuperar da doença e voltou para a Argentina, onde encerrou a
carreira no Olimpo, em 2006.
geração kaká
Formado
nas categorias de base do São Paulo, Erik fez parte da geração do meia
Kaká, atualmente no Orlando City. Por ser adventista, o jogador desistiu
da carreira profissional, principalmente pelo problema de ter que atuar
aos sábados. Disputou partidas amadoras e se tornou professor de
matemática.
FONTE:
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