sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Do forró ao "eat a lot": "carrasco" de Medina, Ítalo reforça Brazilian Storm

Campeão brasileiro e vice mundial Júnior, Ferreira admite ter se surpreendido com chegada tão rápida à elite. Potiguar pega duas pedreiras na estreia na Gold Coast


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Gold Coast, Austrália

Ítalo Ferreira, treinando em Gold Coast nesta quinta-feira (Foto: Felipe Siqueira)Ítalo Ferreira, treinando na Gold Coast nesta quinta-feira (Foto: Felipe Siqueira)


Antes de entrar no mundo do surfe, Ítalo Ferreira - mais novo representante do “Brazilian Storm” na elite ao lado de Wiggolly Dantas - curtia uma outra praia: tocar forró. Ou melhor, brincar de tocar forró. Ele tinha sete anos e, na verdade, tudo não passava de diversão entre primos, lá na cidade de Baía Formosa, no Rio Grande do Norte, onde nasceu. Mas foi só o potiguar, anos depois, entrar no mar para descobrir uma outra brincadeira, que anos depois viria se tornar sua profissão.

- Quando eu era pirralho, tinha uma banda de forró lá em Formosa. Eu e meus primos. Não tinha nada de instrumento novo, era tudo velho, alguns eram de lata. Eu e minha prima cantávamos e meus primos tocavam. A gente fazia show, era 50 centavos para ver. Foi bem engraçada a minha infância. Eu tinha uns sete anos. Foi um pouco antes de eu começar no surfe. Mas quando o surfe entrou na minha vida, esqueci de tudo - relembra o jovem surfista em um misto de nostalgia e alegria.


E a brincadeira se tornou profissão rapidamente. E com apenas 20 anos, Ítalo chegou à elite do surfe mundial. Tão rápido que nem mesmo ele acreditou.

- Não imaginava. Foi muito rápido. Ano passado eu estava competindo em eventos 4 estrelas e 5 estrelas. E aí surgiu a oportunidade de fazer um 6 estrelas, onde eu fiz um bom resultado. E consegui entrar nos Primes. E quanto fiz um bom resultado em Açores, vi que dava para entrar. Continuei mantendo o foco, meus resultados foram aparecendo e deu tudo certo, graças a Deus.


pedreiras na estreia

Ítalo Ferreira em ação no WQS em 2014 (Foto: Divulgação)
Potiguar em ação na divisão de acesso 
em 2014 (Foto: Divulgação)


E a partir de sábado, na praia de Snapper Rocks, na Gold Coast, Ítalo verá seu sonho virar realidade: vai estrear na elite do surfe mundial. E de cara, pega logo duas pedreiras na primeira fase, os badalados Julian Wilson (AUS) e Kolohe Andino (EUA). O jovem brasileiro não esconde o friozinho na barriga, mas garante estar se sentindo muito à vontade nas ondas de Snapper.

- Estou um pouco ansioso para estrear aqui em Snapper. Era um sonho estar competindo em um mundial. E daqui a pouquinho vou estar realizando esse sonho, vestindo essa lycra e entrando na água junto com os melhores. Quero dar o meu melhor e poder representar meu país. Tô bem encaixado com as ondas, gosto de surfar de backside. Me sinto bem à vontade assim. Não tenho medo de arriscar.


vitória dupla na casa de medina

Italo Ferreira em 2014 (Foto: Basilo Ruy)Italo Ferreira em 2014 (Foto: Basilo Ruy)


A vaga na elite em 2015 veio após um 2014 quase perfeito, onde terminou em sétimo na divisão de acesso, ficando entre os 12 que sobem para a elite. Com poucas, mas precisas participações no QS (antigo WQS), o potiguar conseguiu bons resultados em etapas de nível seis estrelas e Prime, uma delas em Maresias, vencendo ninguém menos que Gabriel Medina - e por duas vezes (rounds 1 e 3) - na praia onde o compatriota foi criado. Mas no lugar da soberba por desbancar o atual campeão mundial, a admiração.

- Gabriel é um surfista excelente, atual campeão mundial, surfa muito em qualquer condição do mar, em qualquer onda, é um cara inteligente. Acabei vencendo ele na casa dele em Maresias.  Pena que a primeira foi com poucas ondas. Mas na segunda tinha um metro de onda, consegui pegar as ondas boas e venci a bateria. Mas o Gabriel é uma inspiração para mim quando entro na água. Ele e o Mick Fanning são exemplos.


Ítalo Ferreira em ação no WQS em 2014 (Foto: Basilo Ruy)
Ítalo Ferreira em ação no WQS em 2014 
(Foto: Basilo Ruy)


"eat a lot"
De quebra, mostrou no mesmo ano que tem fome de título, ao ser campeão brasileiro e vice-campeão mundial Júnior. E por falar em “fome”, Ítalo é chamado entre os brasileiros de “Italot”, uma brincadeira com a expressão em inglês “Eat a lot” (come muito). Do alto de seus 1,68m e 67kg, o potiguar não mostra má forma, mas admite fazer jus ao apelido.

- São os brasileiros que me chamam de “Eat a lot”, mas agora no Tour, a galera vai começar me chamar também. Faço jus. Como muito. Mas nunca foi problema. Estou me controlando. Tem que estar bem, tem que se alimentar bem para poder se dar bem na parte física. Um médico me disse que estou um pouquinho acima do peso, mas estou me sentindo bem. E quando a gente se sente bem, não tem muito o que mudar. Mas vou seguir o que o médico falou.


Ítalo Ferreira tem apelido de "Eat a Lot" (Foto: Basilo Ruy)
Ítalo Ferreira tem apelido de "Eat a Lot" 
(Foto: Basilo Ruy)


01
confira as baterias da 1ª fase

1: Joel Parkinson (AUS), Miguel Pupo (BRA), Brett Simpson (USA)
2: Michel Bourez (PYF), Sebastian Zietz (HAW), Ricardo Christie (NZL)
3: Kelly Slater (USA), Fredrick Patacchia (HAW), CJ Hobgood (USA)
4: John John Florence (HAW), Jadson Andre (BRA), Glenn Hall (IRL)
5: Mick Fanning (AUS), Matt Banting (AUS), TBD
6: Gabriel Medina (BRA), Wiggolly Dantas (BRA), TBD
7: Jordy Smith (ZAF), Kai Otton (AUS), Jeremy Flores (FRA)
8: Adriano De Souza (BRA), Filipe Toledo (BRA), Dusty Payne (HAW)
9: Josh Kerr (AUS), Bede Durbidge (AUS), Keanu Asing (HAW)
10: Taj Burrow (AUS), Adrian Buchan (AUS), Matt Wilkinson (AUS)
11: Kolohe Andino (USA), Julian Wilson (AUS), Italo Ferreira (BRA)
12: Owen Wright (AUS), Nat Young (USA), Adam Melling (AUS)


FONTE:
http://glo.bo/1DZdK29

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