Técnico afirma que teve boa estrutura no Vitória, mas admite: "Fiz um trabalho abaixo do esperado por todos, inclusive por mim". Presidente avisa que fará mudanças
Com o Vitória já rebaixado para a Segunda Divisão do
Campeonato Brasileiro, o técnico Ney Franco se despediu da equipe. Durante a
entrevista coletiva após a derrota por 1 a 0 para o Santos, o treinador
defendeu a diretoria, disse ter recebido todo o apoio enquanto esteve em Salvador
e confirmou que não ficará no Leão para a disputa da próxima temporada.
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Falei
com meus jogadores e com toda a diretoria. A única coisa que não
posso é sair do clube falando da falta de apoio. São jogadores de
qualidade, que se entregaram. Infelizmente não teve química. A coisa não
se encaixou. Não
tivemos problemas disciplinares no período em que trabalhei. Em relação à
direção,
me deu todas as condições de trabalho. Não posso sair do clube sem falar
isso.
O clube deu todas as opções. É um clube que fechou temporada sem atrasos
salariais, com todas as premiações em dia, mesmo que tenham sido poucas.
O presidente Carlos Falcão avisou que o elenco e a comissão técnica passarão por mudanças, mas não quis especificar quais:
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Temos que fazer mudanças sérias no nosso time. Vamos avaliar, acabamos
de sair de um jogo importante. A partir de amanhã (segunda-feira)
teremos um planejamento definido para a semana. Iremos informar as ações
que vamos implantar. O grupo vai sofrer uma reformulação grande, com
mudança da comissão técnica. Muitas coisas serão mudadas.
Veja os principais trechos da entrevista de Ney Franco.
Pedido de desculpas
- Em relação ao torcedor, só posso pedir desculpas pelo
fato ocorrido. Ao mesmo tempo, em cima das desculpas, logicamente gostaria de
estar falando de uma equipe que conseguiu escapar. Mas não tivemos competência. Passamos
quatro rodadas precisando pontuar e não conseguimos. O jogo de hoje foi um
reflexo do que fizemos dentro da temporada. Eu comecei a temporada, saí e
voltei. Não foi uma boa temporada em termos de desempenho. Peço desculpas.
Apoio da diretoria
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Tivemos no clube tudo que
se prega para desenvolver um bom trabalho. Nesse momento,
a direção do clube está sendo cobrada. A cobrança é mais forte no
presidente. Gostaria
de dividir com todo mundo, houve um suporte muito bom. Cheguei
com minha comissão técnica, um auxiliar e um preparador físico, e fomos
bem
aceitos pelo suporte do clube. Em cima dessas condições de trabalho, a
comissão
técnica e os jogadores não tiveram a competência para fazer bem o
trabalho. O
Epifânio, vice-presidente, esteve sempre ao nosso lado, nos momentos
mais difíceis. E os conselheiros que acompanharam nossos treinos. Queria
finalizar dizendo que
fiz um trabalho abaixo do esperado por todos, inclusive por mim, aliado à
incompetência
de jogo.
Dificuldades e um consolo
- Acho que dois detalhes. Queria falar no aspecto negativo
e depois nas virtudes. O aspecto negativo no Nordeste, não só em Salvador, é que os
clubes têm dificuldade no primeiro semestre, na montagem de elenco, pelas
competições que têm. Quando começa o Brasileiro, o elenco precisa ser mexido. Tem a força
econômica dos clubes, é um detalhe para fazermos uma reflexão. O lado positivo é que
fechamos a temporada com jogadores em condições de recomeçar um trabalho na
segunda divisão. Já tem uma base para iniciar o próximo ano. O Vitória, embora
nessa reta final não tenha aproveitado muito, é uma equipe com muitos jogadores
jovens, um trabalho bem realizado nas categorias de base. Não é para passar por um momento como esse e querer fazer tudo ao
contrário. Honrar os compromissos é importante.
Erros em toda a Série A
- Não caímos hoje. A incompetência
nossa não foi no jogo de hoje. A primeira equipe que está acima da gente vem de
seis resultados negativos. Em determinado momento estávamos à frente. Nessa
reta final deixamos os pontos para trás jogando da forma como jogamos hoje. Não
faltou compromisso ou entrega do atletas. Não jogamos o suficiente para vencer os
jogos. Começamos o segundo turno bem. Tivemos um primeiro turno ruim, com 15
pontos. A equipe oscilou muito. Perdemos oportunidades em alguns jogos, como a
maioria das equipes. A realidade é essa. Nos encontramos nessa situação por não
termos competência. Os números estão aí.
Motivos da queda
- Difícil chegar e elencar quais motivos. Primeiramente, não
posso transferir responsabilidade. Eu, como treinador, tenho muita
responsabilidade na queda do Vitória. Não tem fator específico. São fatores que
culminaram com essa queda. Vou terminar da mesma forma que comecei. Peço desculpas
ao torcedor e a quem gosta do Vitória. Não tivemos a competência para ficar em
situação melhor no brasileiro.
Em entrevista coletiva, Ney Franco diz que não
continua no Vitória para a próxima temporada
(Foto: Thiago Pereira)
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