Gols de
Ricardo Goulart e Everton Ribeiro, a dupla dinâmica da caminhada do
título, dão quarta taça do Brasileiro à Raposa - e a segunda consecutiva
A CRÔNICA
por
Alexandre Alliatti
Dirá a tabela, essa insensível, que o Cruzeiro foi campeão brasileiro
neste domingo, dia 23 de novembro de 2014, ao vencer o Goiás por 2 a 1.
Às favas a tal da lógica. Porque o Cruzeiro, de tão superior, não foi
campeão: o Cruzeiro vem sendo campeão. Até chegar ao gol de Ricardo
Goulart, aos 12 minutos do primeiro tempo em um Mineirão encharcado,
teve muita coisa: um elenco que vale por dois; uma comissão técnica
inventiva e interessada; um departamento de futebol alheio a caprichos
presidenciais. Até chegar ao gol de Everton Ribeiro, aos 17 minutos do
segundo tempo, teve um bocado mais: um centro de treinamento invejável;
salários em dia; harmonia; medalhões como complemento para jogadores em
crescimento (não o contrário); quase 70 mil sócios pagando mais de
metade da folha salarial do futebol.
O segundo título consecutivo, quarta conquista de Brasileiro da história do clube, consolida o Cruzeiro como referência, bota mais uma estrela em uma constelação que não cessa de crescer e enche de orgulho a torcida que pegou muita, muita, muita chuva para lotar o estádio. O jogo não foi dos melhores - o gramado impediu que fosse. Muito pesado, tomado por poças nas laterais, ele recebeu uma partida pouco fluente. Uma pena: o que esse time do Cruzeiro mais tem é justamente fluência.
Com a vitória, a Raposa foi a 76 pontos, inalcançável na ponta do campeonato. São sete de vantagem sobre o São Paulo, e restam apenas seis em disputa. O Goiás, com 44, é o 13° e volta a campo domingo, às 19h30, na Arena da Baixada, contra o Atlético-PR.
A equipe celeste jogará como campeã contra a Chapecoense, domingo, às 17h, na Arena Condá. Mas antes tem um dos jogos mais importantes de sua história: faz o clássico decisivo da final da Copa do Brasil no Mineirão depois de perder por 2 a 0 para o Atlético-MG no primeiro jogo.
Festa, mas nem tanto
O Cruzeiro parecia capaz de caminhar sobre as águas nos primeiros minutos de jogo. Esfomeado pela iminência do título, partiu para cima do Goiás – estivesse o campo como estivesse. Com quatro minutos, já botava pressão, com a bola sistematicamente sobrevoando a área goiana. Uma ajeitada de Moreno quase resultou em gol – a zaga cortou. Cabeceio dele mesmo, pouco depois, confundiu metade do estádio: a bola acarinhou a rede, mas por fora. Chute de Mayke ainda foi bem defendido por Renan.
Era evidente a soberania cruzeirense. Mas não havia como precisar quando sairia um gol, se sairia um gol, de que jeito sairia um gol. Era mais provável, claro, que fosse de bola aérea. Que Mayke, de repente, aparecesse pela direita e encaixasse o cruzamento. Que, vá saber, Ricardo Goulart aparecesse feito centroavante (como ele é bom nisso) e, de cabeça, mandasse para o gol. Para o gol do Cruzeiro.
Para gol de título.
O Mineirão se transformou em um bloco eufórico disfarçado de estádio. A torcida pulava, cantava, festejava o tetra. E aí teve que lembrar que o Goiás estava em campo. Samuel, aos 22, aproveitou cobrança de falta da direita, dominou na área e mandou no ângulo de Fábio: 1 a 1.
O gol amarrou o Cruzeiro. Os minutos seguintes foram até de algum predomínio esmeraldino – embora sem grande resultado prático. Aos poucos, a Raposa se soltou novamente. E quase retomou a vantagem em cabeceio muito perigoso de Léo.
Faltava o de Everton Ribeiro: campeão!!
O gol de Ricardo Goulart, brilhante ao longo do campeonato, já era uma justiça histórica em um jogo tão simbólico. E faltava o de Everton Ribeiro. Pois veio o segundo tempo, o Goiás seguiu incomodando, pediu pênalti de Henrique, e ainda havia aquela tensão: e se o time de branco vira o jogo? E se o São Paulo ganha do Santos e adia a festa? E se nem tudo está definido?
Que nada. Se houve o gol de Goulart, haveria o de Everton Ribeiro – a dupla dinâmica do campeão. Aos 17 minutos, Willian apareceu bem na esquerda e mandou na área. O meia, com a agilidade habitual, se antecipou à marcação e fez o segundo gol.
O Mineirão tremeu. Não é mero clichê, não: o Mineirão literalmente tremeu. Parece que a torcida, naquele momento, se reconheceu como a grande campeã brasileira de 2014. E entrou em surto.
- Tetracampeão! Tetracampeão! – passou a cantar.
O jogo seguiu seu curso. O Goiás, brioso na partida, foi sempre uma ameaça latente. E o Cruzeiro manteve-se atuando como se fosse apenas mais uma partida, como se o título não estivesse logo ali, a 20 minutos, 15 minutos, 10 minutos, 5 minutos, como se Fábio não fosse defender todos os chutes restantes, como se não fosse o curso natural da história esse time ser novamente campeão, como se isso não fosse quase uma determinação matemática, quase uma lei da natureza – como se alguém pudesse merecer mais do que o Cruzeiro ser outra vez o dono do Brasil.
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O segundo título consecutivo, quarta conquista de Brasileiro da história do clube, consolida o Cruzeiro como referência, bota mais uma estrela em uma constelação que não cessa de crescer e enche de orgulho a torcida que pegou muita, muita, muita chuva para lotar o estádio. O jogo não foi dos melhores - o gramado impediu que fosse. Muito pesado, tomado por poças nas laterais, ele recebeu uma partida pouco fluente. Uma pena: o que esse time do Cruzeiro mais tem é justamente fluência.
Com a vitória, a Raposa foi a 76 pontos, inalcançável na ponta do campeonato. São sete de vantagem sobre o São Paulo, e restam apenas seis em disputa. O Goiás, com 44, é o 13° e volta a campo domingo, às 19h30, na Arena da Baixada, contra o Atlético-PR.
A equipe celeste jogará como campeã contra a Chapecoense, domingo, às 17h, na Arena Condá. Mas antes tem um dos jogos mais importantes de sua história: faz o clássico decisivo da final da Copa do Brasil no Mineirão depois de perder por 2 a 0 para o Atlético-MG no primeiro jogo.
Ricardo Goulart cabeceia para fazer 1 a 0 para
o Cruzeiro no Mineirão (Foto: EFE)
O Cruzeiro parecia capaz de caminhar sobre as águas nos primeiros minutos de jogo. Esfomeado pela iminência do título, partiu para cima do Goiás – estivesse o campo como estivesse. Com quatro minutos, já botava pressão, com a bola sistematicamente sobrevoando a área goiana. Uma ajeitada de Moreno quase resultou em gol – a zaga cortou. Cabeceio dele mesmo, pouco depois, confundiu metade do estádio: a bola acarinhou a rede, mas por fora. Chute de Mayke ainda foi bem defendido por Renan.
Era evidente a soberania cruzeirense. Mas não havia como precisar quando sairia um gol, se sairia um gol, de que jeito sairia um gol. Era mais provável, claro, que fosse de bola aérea. Que Mayke, de repente, aparecesse pela direita e encaixasse o cruzamento. Que, vá saber, Ricardo Goulart aparecesse feito centroavante (como ele é bom nisso) e, de cabeça, mandasse para o gol. Para o gol do Cruzeiro.
Para gol de título.
O Mineirão se transformou em um bloco eufórico disfarçado de estádio. A torcida pulava, cantava, festejava o tetra. E aí teve que lembrar que o Goiás estava em campo. Samuel, aos 22, aproveitou cobrança de falta da direita, dominou na área e mandou no ângulo de Fábio: 1 a 1.
O gol amarrou o Cruzeiro. Os minutos seguintes foram até de algum predomínio esmeraldino – embora sem grande resultado prático. Aos poucos, a Raposa se soltou novamente. E quase retomou a vantagem em cabeceio muito perigoso de Léo.
Atletas festejam o primeiro gol do Cruzeiro
no Mineirão (Foto: Reuters)
O gol de Ricardo Goulart, brilhante ao longo do campeonato, já era uma justiça histórica em um jogo tão simbólico. E faltava o de Everton Ribeiro. Pois veio o segundo tempo, o Goiás seguiu incomodando, pediu pênalti de Henrique, e ainda havia aquela tensão: e se o time de branco vira o jogo? E se o São Paulo ganha do Santos e adia a festa? E se nem tudo está definido?
Que nada. Se houve o gol de Goulart, haveria o de Everton Ribeiro – a dupla dinâmica do campeão. Aos 17 minutos, Willian apareceu bem na esquerda e mandou na área. O meia, com a agilidade habitual, se antecipou à marcação e fez o segundo gol.
O Mineirão tremeu. Não é mero clichê, não: o Mineirão literalmente tremeu. Parece que a torcida, naquele momento, se reconheceu como a grande campeã brasileira de 2014. E entrou em surto.
- Tetracampeão! Tetracampeão! – passou a cantar.
O jogo seguiu seu curso. O Goiás, brioso na partida, foi sempre uma ameaça latente. E o Cruzeiro manteve-se atuando como se fosse apenas mais uma partida, como se o título não estivesse logo ali, a 20 minutos, 15 minutos, 10 minutos, 5 minutos, como se Fábio não fosse defender todos os chutes restantes, como se não fosse o curso natural da história esse time ser novamente campeão, como se isso não fosse quase uma determinação matemática, quase uma lei da natureza – como se alguém pudesse merecer mais do que o Cruzeiro ser outra vez o dono do Brasil.
"Tetracampeão"! Torcida do Cruzeiro festeja
conquista no Mineirão (Foto: Douglas Magno)
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