Larrionda explica recomendações sobre mão na bola e bola na mão em reunião da CBF com árbitros e capitães. E diz que Meira Ricci errou em Fla x Corinthians
Sergio
Corrêa, presidente da comissão de arbitragem da CBF, quer esclarecer
interpretação sobre pênaltis polêmicos (Foto: Vicente Seda)
De acordo com Larrionda, que usou vídeos de partidas da Copa do Mundo no Brasil para dar explicações - México x Camarões, Uruguai x Inglaterra, Alemanha x Nigéria e Honduras x Equador -, falhas por parte da arbitragem merecem cuidado maior.
- A regra não mudou, é claro, mas não mudou o fato de que os árbitros seguem tendo problemas. Por isso tentamos dar a eles parâmetros objetivos para resolver estas situações.
O jogador pode fazer a ação defensiva sem usar o braço de forma irresponsável."
Jorge Larrionda, instrutor da Fifa
- O que sabemos agora é que os jogadores cada vez mais vão tentar bloquear essas situações utilizando todo o corpo. O que podemos fazer é observar o risco que assume. O jogador pode fazer a ação defensiva sem usar o braço de forma irresponsável.
A regra considera infração quando o atleta “tocar na bola com as mãos intencionalmente (exceto goleiro dentro da sua própria área penal)” Mas há algumas diretrizes. E nelas o árbitro precisa considerar o movimento da mão em direção à bola; a distância entre o adversário e a bola; se a posição da mão pressupõe necessariamente uma infração.
As instruções específicas disseminadas nos últimos anos, porém, causaram dúvidas. A intenção de Larrionda foi exatamente reduzi-las durante a reunião.
- O jogador não pode ganhar vantagem com seus braços quando tem uma posição não natural e ação deliberada. O que temos que focar é a ação defensiva, o ganho com os braços.
E ele tentou em 26 vídeos, entre eles jogos da Copa do Mundo, Copa das Confederações, Mundial de Clubes, Libertadores e o próprio Campeonato Brasileiro. No lance marcado a favor do Flamengo, contra o Corinthians, por exemplo, pela 21ª rodada do Brasileirão (assista ao vídeo acima), houve erro de Sandro Meira Ricci ao marcar a penalidade a favor dos rubro-negros, segundo Larrionda.
- Não é só de acertos (que vivem os árbitros). O mesmo árbitro que dirigiu a final do Mundial de Clubes e acertou, que dirigiu jogos na Copa do Mundo, aqui em seu país falhou. Qual é o problema? Queremos minimizar os erros, claro, mas pode passar alguma coisa. Que ação de bloqueio que vimos nesse lance? Ele fecha o braço e não aumenta o volume do corpo, não assume o erro. Então, não devemos marcar.
Marin: confiança na arbitragem
Nem todos os capitães estiveram presentes, mas compareceram jogadores como Fábio Santos, do Corinthians, Tinga, do Cruzeiro, e Índio, do Internacional. O evento também foi acompanhado pelo procurador-geral do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Paulo Schmitt, e aberto pessoalmente pelo presidente da CBF, José Maria Marin.
- Quero renovar a nossa confiança na nossa arbitragem, tivemos árbitro brasileiro apitando final de Copa do Mundo. Então, com relação ao material humano, reconheço, endosso e respondo por ela. É da melhor qualidade - afirmou Marin.
A
regra não mudou, é claro, mas não mudou o fato de que os árbitros seguem tendo
problemas."
O presidente da comissão de arbitragem da CBF, Sérgio
Corrêa, explicou que espera, com a reunião, esclarecer definitivamente
qual é a recomendação da Fifa para esse tipo de lance. Justamente por
isso, convidou Larrionda, o instrutor da Fifa responsável por passar essa
orientação aos árbitros brasileiros.
Jorge Larrionda, instrutor da Fifa
- Exatamente depois dessa polêmica, convidamos o Massimo Bussacca (presidente da comissão de arbitragem da Fifa), pedimos que representássemos as diretrizes, e nada melhor do que aquele instrutor que passou isso para os árbitros fazer a apresentação dos vídeos. A gente espera com isso esclarecer de vez essa questão criada, não pela arbitragem, mas pela interpretação, que é diferente para cada um.
Corrêa explicou que um encontro semelhante já ocorreu somente com os capitães de cada equipe para que ficassem mais claras as orientações recebidas pelos árbitros. Agora, diante das recentes polêmicas, a entidade decidiu convocar também o instrutor da Fifa, árbitros e jornalistas.
Jorge
Larrionda, ex-árbitro, hoje
instrutor da Fifa, usa vídeos de
partidas
da Copa do Mundo no
Brasil para dar explicações
sobre lances polêmicos
de
bola na mão ou mão na bola
(Foto: Vicente Seda)
- Na rodada passada, convidamos os capitães, já apresentamos uma série de vídeos para eles entenderem quais movimentos poderiam gerar essa interpretação. Hoje preferimos trazer todo mundo para que as pessoas possam entender quais são as orientações que a Fifa passou. Aqui no Brasil isso tomou uma dimensão muito elevada, e queremos mostrar como foi passado.
Ficou claro que, quando der carrinho, a chance de a falta ser
marcada é grande. O lance do carrinho... pegou na mão é falta.
Fábio Santos, do Corinthians
O dirigente também pediu paciência com novos árbitros. Comparou o amadurecimento deles na função ao desenvolvimento de um jogador de futebol.
- É uma transição, estamos com 12 a 15 árbitros jovens, vindo para a Série A. É como um jogador novo, as pessoas nem sempre têm paciência, criticam muito e isso acaba prejudicando um pouco. Mas a arbitragem evoluiu sim e tenho dados que comprovam isso.
Capitão e árbitro
Fábio Santos, lateral-esquerdo do Corinthians, considera essencial a participação dos jogadores na discussão:
- Tem muita coisa para ser ajustada. Por isso é boa a iniciativa. Às vezes a gente reclama demais e faz pouca coisa para ajudar. É importante procurar ajudar a arbitragem, entender a regra do motivo de dar falta ou não. É complicado em campo, e a iniciativa é importante para melhorar o futebol. Por isso, nós, do Corinthians, estamos aqui. Isso (mão na bola ou bola na mão) confundiu até nós, jogadores. Tem jogos que ficamos confusos porque o juiz marca um lance e não o outro. Hoje ficou claro e deu para perceber. Isso vai facilitar. Ficou claro que, quando der carrinho, a chance de a falta ser marcada é grande. O lance do carrinho... pegou na mão é falta.
Segundo Igor Junio Benevenutto, árbitro da CBF - foi ele quem expulsou Emerson Sheik e Julio Cesar no episódio no qual o atacante afirmou diante da câmera de TV que a CBF é uma vergonha -, a reunião é importante para esclarecer dúvidas. E reconheceu falhas de interpretação também do quadro de arbitragem.
- A explicação deles tem sido clara, didática, passada com perfeição. Mas, às vezes, a imprensa e os jogadores não têm o conhecimento do que tem acontecido e isso gera dúvida mais para os jogadores do que para a arbitragem. Às vezes, marcamos de forma equivocada. Não é porque não entendemos, mas o ser humano falha também. Vem numa hora boa essa reunião.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/noticia/2014/10/cbf-reune-arbitros-capitaes-e-instrutor-fifa-sobre-polemicas-do-apito.html
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