Desde adolescência, craque uruguaio flerta com grandes feitos e explosões raivosas em campo, o que pode lhe custar sequência na Copa após agressão a italiano
Suárez não mordeapenas com a boca. Também já assombrou o planeta numa Copa com outro golpe. Um tapa na bola, sobre a linha do gol, que salvou um gol de Gana nos acréscimos. Ao contrário desta vez, Suárez foi expulso. Acabou recompensado com o erro do chute rival e a posterior vitória nos pênaltis. Embora não tenha sido uma agressão, o atacante foi alçado ao posto de vilão do Mundial por sua efusiva comemoração após o polêmico gesto. Todos se perguntavam: onde estava a ética do jogador?
Suarez sente dor nos dentes após mordida que
ele nega ter dado (Foto: Getty Images)
O seu código de conduta pode estar em algum lugar de Salto ou Montevidéu, cidades em que cresceu, com dinheiro tão curto que o forçava a perder horas e horas catando moedas na rua, após correr pelos campinhos da base do Nacional, do Uruguai. O que, logicamente, não o exime da falha da agressão. Mas, ao menos, ajuda a compor um complicado cenário, de tentar explicar o quase inexplicável. Por que morde, Suárez?
- O futebol, para ele, sempre foi uma questão de sobrevivência. Foi o meio que arranjou de salvar a vida dele. É inconsciente. Num momento de grande pressão, de luta, ele acaba repetindo, há o gatilho que estoura - analisa, em contato com o GloboEsporte.com.
Cabeçada aos 15 e prova de amor aos 16
Tudo que puder, por ventura, ameaçar essa relação se torna obstáculo. O primeiro exemplo desse temperamento explosivo se deu quando tinha 15 anos, no Nacional. Descontente com uma decisão do árbitro, tascou-lhe uma cabeçada. O juiz saiu com o nariz quebrado. Dessa época, dá para se extrair um exemplo positivo do quanto o futebol é questão de vida ou morte para Suárez.
O pai havia abandonado sua casa, a vida desmoronava. O futebol ficava mais distante. Até que conheceu Sofia Balbi, de boas condições econômicas. Suárez ganhou um amor e uma nova família, tudo ao mesmo tempo, e renasceu. Mas, aos 16 anos, novamente se abalou. Os pais de Sofia a levariam para Barcelona, para fugir da crise econômica uruguaia. Eis que o futebol surge como motivador para o jogador, que prometeu à amada brilhar nos gramados para jogar na Europa e revê-la. O final todos sabem: são casados e têm dois filhos.
- Sua timidez e calma em entrevistas em contraponto ao clima de grande pressão dos três episódios de mordidas reforça a hipótese de quanto é uma reação instintiva, possivelmente, inconsciente, que é facilitada pelo cansaço físico que favorece ações mais impensadas. Todas ocorreram no segundo tempo de jogos importantes: a primeira em um clássico holandês, durante uma briga, a segunda num Liverpool x Chelsea, enquanto estava sendo derrotado em casa, e essa há minutos de uma eliminação em Copa - pondera o psicólogo Maurício Pinto Marques.
Jornal quer banir Suárez da Copa (Foto: Reprodução)
- Ele é uma grande pessoa e é muito importante para o grupo. Ele é sempre atacado, como vocês estão fazendo nesta coletiva. Temos que defendê-lo também, porque este é um campeonato de futebol, e não de moralismo barato.
O agredido Chiellini não entra no mérito de moralismo. Quer apenas a punição ao jogador que ele chamou de "covarde" na saída do campo.
- O Suárez me mordeu, como já tinha feito antes. Vamos ver se a Fifa terá coragem de fazer alguma coisa, ao contrário do árbitro na hora.
Cabe agora à Fifa colocar Suárez na linha. A história mostra que será uma tarefa é difícil. Digna de meticulosos enredos de filmes e livros. Por enquanto, Luisito ainda é dois, médico e monstro.
Luis Suárez bem mais inofensivo, com a família
que só nasceu por causa do futebol
(Foto: Reprodução/Twitter)
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