A CRÔNICA
por
Alexandre Alliatti
Futebol protocolar, empate por 0 a 0, atuação insípida, inodora e
incolor. Observar a França desta quarta-feira, no Maracanã, foi um
convite à tentação de não ver nos Bleus a menor condição de ir longe na
Copa. Será? Mesmo sem seis titulares do último jogo, a seleção europeia
dominou boa parte do jogo, eliminou o Equador do Mundial e garantiu o
primeiro lugar do Grupo E. Solidificou sua boa campanha da primeira
fase, alicerçada em vitórias expressivas sobre Honduras (3 a 0) e Suíça
(5 a 2). Foi a sete pontos e pega a Nigéria nas oitavas de final.
O Equador, prejudicado pela expulsão de Antonio Valencia no começo do segundo tempo, é o único sul-americano eliminado da Copa do Mundo - apesar da pressão colocada nos minutos finais. Deixou a segunda colocação com a Suíça, que foi a seis pontos ao bater Honduras por 3 a 0. Ela pega a Argentina nas oitavas de final.
Benzema foi um dos raros protagonistas da França em campo. E viveu seu primeiro jogo sem gols no Mundial. Foi bem marcado por Erazo, zagueiro do Flamengo, que chegou a ter o nome gritado no Maracanã – que, por outro lado, chegou a vaiar o desempenho das duas equipes.
França, pela metade, é melhor que o Equador
A França foi a campo sem seis titulares. Entre eles, boa parte de sua base defensiva: Debuchy, Evra e Varane - que se somaram aos meias Valbuena e Cabaye e ao atacante Giroud.
Aconchegada por bom saldo de gols (seis, contra zero do Equador e dois negativos da Suíça), a equipe europeia sabia que só uma hecatombe poderia tirar sua vaga ou mesmo a primeira colocação. Teve conforto, e fez dele tranquilidade para controlar a bola, jogar com calma, fazer o relógio do jogo bater em seu ritmo.
Ao fim da primeira metade do jogo, a posse de bola era de 56% para os franceses, mas chegou a ultrapassar 60% no começo do período. A queda justifica-se: conforme passava o tempo, com a vitória parcial da Suíça sobre Honduras, mais e mais as ações ofensivas se faziam necessárias para os sul-americanos. Mas eles demoraram a acordar para a realidade – alheios aos avisos da torcida de que “sí, se puede”. Cederam a partida para a França nos primeiros movimentos e só se tornaram ativos no jogo quando viram a eliminação ganhar forma.
Apesar de montar um time misto, a França conseguiu concatenar bem suas jogadas. Sissoko saracoteou pelo meio, geralmente buscando Benzema, bem marcado por Erazo. Chutes de Griezmann e do próprio Sissoko assustaram a meta equatoriana. Benzema também mostrou a cara – quase fez de cabeça, em cruzamento de Sagna, e arriscou em chute de fora da área. Mas a melhor oportunidade francesa foi em cabeceio de Pogba. Dominguez espalmou a escanteio.
O Equador, embora dominado, não escondeu armas. E a principal foi a
velocidade. Duas arrancadas, uma de Enner Valencia e outra de Arroyo,
alertaram a França de que havia adversário do outro lado. E um
adversário que quase foi para o vestiário com a vitória. Valencia, de
cabeça, forçou o goleiro Lloris a salvar os Bleus.
Segundo tempo
As vaias que as duas equipes levaram ao fim do primeiro tempo parecem ter beliscado os impulsos dos jogadores. O comecinho da etapa final já foi bem mais movimentada. Em menos de dez minutos, bola na trave para a França (Sagna cruza, Griezmann cabeceia, Domínguez desvia, e bola acerta a trave), cartão vermelho para o outro Valencia do Equador, Antonio (por solada em Digne), e gol claro jogado no ralo pelos sul-americanos, mesmo com um a menos em campo – quando Enner Valencia puxou contra-ataque a acionou Noboa, que perdeu o compasso na corrida, não recebeu a bola no ponto certo e, assim, desperdiçou a oportunidade.
A vantagem numérica foi a senha para a França controlar ainda mais a partida. O Equador ficou no velho dilema do cobertor curto: precisar atacar com uma peça a menos e evitar reações ofensivas do rival. Muito difícil. Não por acaso, os franceses ameaçaram com Matuidi, após receber de Benzema. E com Pogba - de cabeça, perdeu gol feito.
A parte final do jogo não combinou com o restante dele. As equipes se tornaram mais ofensivas - em grande parte, graças à sanha do Equador, desesperado por um gol. Ibarra quase conseguiu. Lloris fez grande defesa. Benzema, Giroud e Pogba responderam pela França, mas sempre faltou algum detalhe para a bola entrar. E assim foi mantido o 0 a 0, esse bom disfarce para um time que pode incomodar muito favorito nas fases eliminatórias.
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O Equador, prejudicado pela expulsão de Antonio Valencia no começo do segundo tempo, é o único sul-americano eliminado da Copa do Mundo - apesar da pressão colocada nos minutos finais. Deixou a segunda colocação com a Suíça, que foi a seis pontos ao bater Honduras por 3 a 0. Ela pega a Argentina nas oitavas de final.
Benzema foi um dos raros protagonistas da França em campo. E viveu seu primeiro jogo sem gols no Mundial. Foi bem marcado por Erazo, zagueiro do Flamengo, que chegou a ter o nome gritado no Maracanã – que, por outro lado, chegou a vaiar o desempenho das duas equipes.
Griezmann acerta a trave do Equador no
melhor momento da França no jogo
(Foto: Reuters)
A França foi a campo sem seis titulares. Entre eles, boa parte de sua base defensiva: Debuchy, Evra e Varane - que se somaram aos meias Valbuena e Cabaye e ao atacante Giroud.
Aconchegada por bom saldo de gols (seis, contra zero do Equador e dois negativos da Suíça), a equipe europeia sabia que só uma hecatombe poderia tirar sua vaga ou mesmo a primeira colocação. Teve conforto, e fez dele tranquilidade para controlar a bola, jogar com calma, fazer o relógio do jogo bater em seu ritmo.
Ao fim da primeira metade do jogo, a posse de bola era de 56% para os franceses, mas chegou a ultrapassar 60% no começo do período. A queda justifica-se: conforme passava o tempo, com a vitória parcial da Suíça sobre Honduras, mais e mais as ações ofensivas se faziam necessárias para os sul-americanos. Mas eles demoraram a acordar para a realidade – alheios aos avisos da torcida de que “sí, se puede”. Cederam a partida para a França nos primeiros movimentos e só se tornaram ativos no jogo quando viram a eliminação ganhar forma.
Apesar de montar um time misto, a França conseguiu concatenar bem suas jogadas. Sissoko saracoteou pelo meio, geralmente buscando Benzema, bem marcado por Erazo. Chutes de Griezmann e do próprio Sissoko assustaram a meta equatoriana. Benzema também mostrou a cara – quase fez de cabeça, em cruzamento de Sagna, e arriscou em chute de fora da área. Mas a melhor oportunidade francesa foi em cabeceio de Pogba. Dominguez espalmou a escanteio.
Erazo fez bom trabalho na marcação de
Benzema (Foto: André Durão / Globoesporte)
Segundo tempo
As vaias que as duas equipes levaram ao fim do primeiro tempo parecem ter beliscado os impulsos dos jogadores. O comecinho da etapa final já foi bem mais movimentada. Em menos de dez minutos, bola na trave para a França (Sagna cruza, Griezmann cabeceia, Domínguez desvia, e bola acerta a trave), cartão vermelho para o outro Valencia do Equador, Antonio (por solada em Digne), e gol claro jogado no ralo pelos sul-americanos, mesmo com um a menos em campo – quando Enner Valencia puxou contra-ataque a acionou Noboa, que perdeu o compasso na corrida, não recebeu a bola no ponto certo e, assim, desperdiçou a oportunidade.
A vantagem numérica foi a senha para a França controlar ainda mais a partida. O Equador ficou no velho dilema do cobertor curto: precisar atacar com uma peça a menos e evitar reações ofensivas do rival. Muito difícil. Não por acaso, os franceses ameaçaram com Matuidi, após receber de Benzema. E com Pogba - de cabeça, perdeu gol feito.
A parte final do jogo não combinou com o restante dele. As equipes se tornaram mais ofensivas - em grande parte, graças à sanha do Equador, desesperado por um gol. Ibarra quase conseguiu. Lloris fez grande defesa. Benzema, Giroud e Pogba responderam pela França, mas sempre faltou algum detalhe para a bola entrar. E assim foi mantido o 0 a 0, esse bom disfarce para um time que pode incomodar muito favorito nas fases eliminatórias.
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