Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco definem prioridades no futebol, estudam finanças, montam times sem grandes loucuras financeiras e respiram ares políticos
À exceção de Conca, repatriado pelo Tricolor, o futebol carioca vive uma realidade de contratações pontuais, sem loucuras e com contenção de despesas diante da asfixia financeira.
Para apimentar ainda mais a temporada, Vasco e Botafogo viverão um ano com eleições presidenciais. No Flamengo, a diretoria que assumiu no ano passado tem a chance de se consolidar. Já no Fluminense, a relação entre clube e patrocinadora mais uma vez está em foco.
O GloboEsporte.com fez uma análise dos seguintes pontos dos quatro clubes cariocas: futebol, finanças e investimentos, time, quadro político e patrocínios. Confira a seguir.
botafogo
Eduardo Hungaro com Seedorf em treino na
temporada passada (Foto: Satiro Sodré/SS Press)
temporada passada (Foto: Satiro Sodré/SS Press)
FINANÇAS E INVESTIMENTOS - O Botafogo priorizou a contratação de jogadores sem vínculo com clubes, evitando maiores gastos que pudessem prejudicar ainda mais a saúde financeira do Alvinegro. Por enquanto, o principal alvo é Forlán, que pode necessitar de maior investimento, além de ter alta remuneração. A dívida do clube é grande, as penhoras assustam e complicam a manutenção dos salários em dia durante a temporada.
- Existe a felicidade da classificação, mas também a preocupação de que temos que montar um elenco, e com todos os problemas que enfrentamos, como o fechamento do Engenhão. Apesar disso, conseguimos fechar o ano pagando funcionários e jogadores - declarou o presidente Maurício Assumpção, em dezembro.
TIME - A maior preocupação do Botafogo vem sendo com o ataque há algum tempo. O time não conseguiu manter Elias e ainda não contratou um grande nome. Por enquanto, apenas Henrique, Sassá e Yguinho são os especialistas na posição no elenco. Willian José deve ser anunciado nesta segunda-feira, Neilton pode seguir o mesmo caminho. Por enquanto, o grande reforço do time é Jorge Wagner, de 35 anos, que estava no Kashiwa Reysol, do Japão. Ele tem experiência em Libertadores e estava livre, o que pesou na contratação. O volante Aírton foi outro a chegar em troca com o Inter por Gilberto até o fim da temporada.
Maurício Assumpção deixará a presidência no fimdo ano (Foto: Marcos Tristão / Agência o Globo)
PATROCÍNIO - O Botafogo ainda tenta fazer a classificação para a Libertadores render frutos. Por enquanto, a Viton 44 é a sua única patrocinadora para a temporada, estampando as marcas Guaraviton e Guaravita por todo o uniforme, inclusive nos calções. O valor subiu de R$ 17 milhões para R$ 25 milhões. No entanto, o clube não conta mais com os patrocínios da Texaco, que estampava Havoline na camisa, e Herbalife. Os valores somavam cerca de R$ 6 milhões.
Flamengo
Jayme de Almeida terá um ano de provação em
2014 (Foto: Ivo Gonzalez / Agencia O Globo)
2014 (Foto: Ivo Gonzalez / Agencia O Globo)
FINANÇAS E INVESTIMENTOS
– Assim como aconteceu no
primeiro ano de mandato, o presidente Eduardo Bandeira de Mello tem
ressaltado as dificuldades financeiras que o clube encara. O mandatário
aposta na criatividade do departamento de futebol para montar um
elenco forte para disputa da Libertadores. Depois do título da Copa do
Brasil,
a promessa era de contratações mais ousadas do que na temporada passada.
Entretanto, a atuação no mercado é discreta. Apenas Everton,
ex-Atlético-PR, foi anunciado oficialmente, e o lateral Léo, que também
defendia o Furacão, é outro acertado.
O meia Diego, do Wofsburg, da Alemanha, pediu R$ 1 milhão por mês para
jogar no Flamengo e foi descartado.
- A torcida pode
confiar que a receita vai ser bem administrada e não vai ser feita nenhuma
loucura. Lógico que almejando título, que é o que a torcida espera. A previsão orçamentária para o futebol em 2014 é de
pelo menos R$ 9 milhões - disse Rodrigo Tostes, vice-presidente de finanças.
Bandeira de Mello e Paulo Pelaipe durante treinodo flamengo (Foto: Alexandre Vidal/Fla
Imagem)
PATROCÍNIO – A previsão de ganhos do Flamengo com patrocínios é de pelo menos R$ 73,1 milhões em 2014. A Caixa Econômica Federal paga R$ 25 milhões por ano para ser o anunciante principal - estampando sua marca no peito, no ombro direito e na parte frontal do calção. Já a Tim, que também está no número da camisa rubro-negra, paga R$ 2,5 milhões – o vínculo vai até março de 2015. Há ainda o contrato com a Peugeot, no valor de R$ 10 milhões. A maior fatia, no entanto, é da Adidas, parceira que aplica R$ 35,6 milhões anuais. O clube ainda tem mais uma propriedade para negociar: o espaço das mangas.
Fluminense
Renato Gaúcho volta ao Fluminense para tentar reescrever sua história no clube (Foto: Agência
AP)
FUTEBOL
- Depois de três anos seguidos disputando a
Libertadores, o Fluminense volta à dura realidade de estar fora do
principal
torneio continental. Renato Gaúcho será o responsável por comandar a
equipe. O Tricolor, ao contrário dos últimos anos,
dará prioridade ao Carioca e deve iniciar, já no dia 18, contra o
Madureira,
com força máxima na competição. No primeiro semestre, o time dividirá o
tempo
com as fases iniciais da Copa do Brasil, se preparando para se redimir
no
Campeonato Brasileiro, que começará em maio. Rebaixado na última edição,
o Tricolor se manteve na elite do futebol por conta da punição aplicada
à Portuguesa pela escalação irregular de Héverton na última rodada. A
preparação da equipe, que manteve a base de 2013, mais uma vez será
feita no
castigado gramado das Laranjeiras. O Flu, embora tenha um terreno cedido
pela
prefeitura, ainda não iniciou as obras para a construção do seu CT, na
Zona
Oeste do Rio de Janeiro.FINANÇAS E INVESTIMENTOS - Ao que tudo indica, o Fluminense deve ter um ano melhor financeiramente. Com o fim das penhoras e a volta à Timemania, o Tricolor conseguiu colocar os salários em dia e terá condições de investir mais na equipe. No entanto, para trazer reforços de peso, o Flu ainda precisa do auxílio da Unimed, responsável pelas principais contratações e por bancar boa parte dos salários dos jogadores mais valiosos da equipe. A empresa, porém, vai reduzir os investimentos em 2014. A contratação de Conca deve ser a única de maior impacto no começo da atual temporada.
- Ainda vou me reunir com o presidente para tomar ciência das pendências. Essa questão financeira está a cargo do Peter e vamos tocá-la da melhor forma possível. Mas acredito que a perspectiva seja boa depois dos avanços no fim de 2013 - afirmou Ricardo Tenório, vice de futebol.
TIME - O Fluminense dispensou mais do que contratou. Até o momento, enxugou o elenco, negociando o zagueiro Digão por R$ 6,5 milhões e dispensando Rhayner, Edinho, Anderson, Felipe e Marcelinho, cujos contratos venceram no fim do ano. E trouxe apenas Conca, mas precisará de outros reforços. A zaga conta com apenas quatro jogadores e ao menos um deve ser contratado. A posição é tratada como prioridade. Além disso, a diretoria busca um lateral-esquerdo para a reserva de Carlinhos, mais um meia e um atacante. Um volante para suprir a saída de Edinho também pode ser procurado. Renato Gaúcho já deixou claro que espera ao menos quatro reforços.
Peter Siemsen e Celso Barros entre abraços e rusgas (Foto: Nelson Perez / Fluminense FC)
PATROCÍNIO - O Tricolor segue com patrocínio único em sua camisa: Unimed. O contrato com a empresa de plano de saúde impede que o clube negocie com outros parceiros para expor em sua camisa. Em troca, o clube recebe um valor mensal considerado baixo, e a patrocinadora investe pesado em contratações e no pagamento de boa parte dos salários das principais peças de elenco, como Fred, Conca e Carlinhos. A Unimed também pagará 80% dos vencimentos do técnico Renato Gaúcho. O Flu arcará com os 20% restantes.
Vasco
Adilson Batista terá a missão de levar o Vasco devolta à elite (Foto: Ivo Gonzalez / Agência O Globo)
FINANÇAS E INVESTIMENTOS - Com a queda para Série B, o Vasco se viu obrigado a fazer cortes em seu orçamento (previsão é de menos R$ 1,5 milhão na folha do futebol) e a estabelecer um teto salarial para os jogadores – cerca de R$ 150 mil. Isso deve significar a saída de alguns jogadores experientes, mesmo ainda tendo contrato com o clube em vigor. No entanto, o clube sabe que precisa investir nas contratações para montar um time capaz de retornar à Série A em 2015 e ao mesmo tempo motivar o torcedor.
- Há uma série de questões internas sendo discutidas. Entre elas, o reajuste de salários. Todo o clube vai passar por uma reestruturação financeira, e isso também me atinge - ressaltou o diretor geral, Cristiano Koehler.
TIME - Tão logo acabou uma temporada marcada pela instabilidade dos três goleiros que tiveram oportunidades, o Vasco voltou suas forças para contratar um camisa 1 de experiência e qualidade. Assim, trouxe o uruguaio Martín Silva, que chegou ao lado do volante paraguaio Aranda, ambos vice-campeões da última Libertadores pelo Olimpia, do Paraguai. O clube está perto de confirmar o lateral-direito André Rocha e já acertou com o zagueiro Rodrigo. Além disso, tenta achar no mercado um meia armador e um centroavante que possam servir como referências de um elenco reformulado e cheio de atletas formados na base.
Roberto Dinamite deixará o comando do clubes
neste ano (Foto: Cezar Loureiro / Agência O
neste ano (Foto: Cezar Loureiro / Agência O
Globo)
PATROCÍNIO - Com a rescisão da Nissan, por conta da briga entre torcidas organizadas na última rodada do Brasileiro, o Vasco inicia a temporada da Série B com um buraco na parte de trás da camisa. A montadora japonesa encerrou unilateralmente em menos de seis meses a parceria que seria de quatro anos, com R$ 7 milhões anuais. A Caixa Econômica Federal, anunciante da parte da frente do uniforme, tem contrato até agosto com o clube, com última cota de patrocínio sendo realizado até março - em total de R$ 15 milhões repassados ao Vasco. O clube ainda estima, porém, que pode preencher mais três espaços na camisa e, com isso, arrecadar mais de R$ 20 milhões - dentro das projeções mais otimistas. Com nova estrutura no marketing - e um novo vice-presidente no departamento -, o clube vai ter muito trabalho para recuperar sua imagem no mercado e atrair patrocinadores.
* Reportagens de Cauê Rademaker, Edgard Maciel de Sá, Gustavo Rotstein, Raphael Zarko, Richard Souza e Thales Soares.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/noticia/2014/01/futuro-em-jogo-veja-panorama-geral-dos-cariocas-para-temporada-de-2014.html
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