Família Bolina segue em peso a Marrakesh na segunda-feira para apoiar o Galo, que os ajudou a conviver com a perda de Felipe, vítima de acidente de carro em março
É dessa forma que Eugênio Paceli lembra um dos últimos momentos ao lado do filho, Felipe, de 25 anos. Junto à família, eles assistiram à estreia do Atlético-MG na Libertadores. Mas a parceria foi interrompida por uma tragédia: o jovem foi vítima de um acidente de carro no dia 24 de março, numa estrada entre as cidades de Pedra do Indaiá e Santo Antônio do Monte. Sem cinto de segurança, foi arremessado para fora do automóvel após perder o controle do carro e morreu a poucos quilômetros de casa.
Família Bolina: Luciana, Eugênio, Simone e Thiago:
amor ao Galo ajuda a superar perda do jovem Felipe
(Foto: Luciana Bolina/Arquivo Pessoal)
(Foto: Luciana Bolina/Arquivo Pessoal)
DE MG PARA MARROCOS
Felipe e o pequeno João Pedro
(Foto: Luciana Bolina/Arquivo pessoal)
(Foto: Luciana Bolina/Arquivo pessoal)
– Vale a pena. É tudo pelo Galo e eu acredito que vamos voltar com mais essa vitória de presente – afirmou a caçula da família, Luciana Bolina.
Se hoje a expectativa pelo embarque é acompanhada por um sorriso no rosto, muita força foi necessária para superar os momentos difíceis em 2013. A mistura de sentimentos uniu ainda mais a família durante a campanha do Atlético-MG e também em busca de uma lição de vida. O sonho da consagração continental do clube ao lado do filho não se realizou, mas todos torceram pela realização do desejo de Felipe.
– Contra o São Paulo, nas oitavas de final, foi minha primeira partida sem ele, e a única coisa que me lembro é que eu gritava "Ipe!" - que era como eu o chamava desde criança - após cada gol – disse, emocionado, Eugênio.
AMOR AO FUTEBOL, AMOR À VIDA
Eugênio e o neto: extensão do companheiro que se foi (Foto: Família Bolina/Arquivo pessoal)
– Os dias após a perda do meu filho tiveram algumas horas envolvidas pelo Atlético-MG. O Galo passou a ser o nosso amor, fuga, desculpa para viajar, o alvo da família no fim de semana. Achava que seria impossível, mas percebi uma força para seguir em frente e sonhar que algo maravilhoso ainda estaria por vir – afirmou o pai.
A nova oportunidade de viver um pouco mais perto de Felipe foi encontrada no filho deixado por ele, João Pedro, de 4 anos. O primeiro neto de Eugênio e Simone, se tornou a extensão do filho perdido.
– Esse foi o ano mais triste da minha vida, mas também foi o ano que Deus permitiu ao Galo alcançar a maior vitória em seus 105 anos de existência. Se 2013 for comparado a um jogo, eu perdi por 100 a 1, mas o Atlético-MG fez um gol para o meu coração de pai. Na data do título da Libertadores, fazia quatro meses que Felipe havia morrido, mas tive a graça de ver essa vitória ao lado do meu neto, um pedacinho do meu filho e de Deus – contou o pai.
ajudinha que veio do céu
– O tempo passava e o Galo não se encontrava no jogo. Quando o juiz marcou, sentei e pensei: "Senhor, nunca imaginei que existia algum sofrimento novo que o atleticano ainda não tinha experimentado". Pedi então ao "Ipe" que, se possível, defendesse o pênalti, e ele foi defendido – lembrou Eugênio Paceli.
Lembrança de Felipe será levada pela família para Marrakesh
(Foto: Família Bolina/Arquivo pessoal)
(Foto: Família Bolina/Arquivo pessoal)
Um jogo sofrido, que pode ser comparado ao ano da família Bolina. Mas a “libertação” da família veio com o título inédito do Atlético-MG.
– Ser atleticano é algo divino. A paixão do torcedor é algo que não se explica. A fogueira se mantém aquecida pelo amor branco e preto. Acima de tudo, a conquista da Libertadores devolveu ao nosso coração a alegria de ser atleticano – contou o pai.
Ser atleticano é algo divino
Eugênio Paceli
– O Felipe sempre foi um torcedor apaixonado pelo time, atleticano de coração. Estar na final foi uma forma de homenagear a memória dele. Era como se ele estivesse ali com a gente. Essa vitória foi um presente para todos nós – disse a mãe de Felipe.
GALO FORTE E VINGADOR
Kalil durante festa em Santo Antônio recebe camisa em homenagem a Felipe
(Foto: Ademar Oliveira/Arquivo pessoal)
(Foto: Ademar Oliveira/Arquivo pessoal)
– Serão dois jogos, quer dizer 180 minutos de fortes emoções. Se o dia for do Galo forte e vingador, nossas chances de conquistar esse título serão maiores. Não costumo misturar futebol e religião, mas que Deus, Jesus, Nossa Senhora e meu querido irmão, que está junto deles, vão vibrar pelo Galo, isso eu sei – falou Thiago.
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