domingo, 20 de outubro de 2013

Chegou a hora? 'Melhor' Alemanha da história vai ao Brasil esperançosa

Apesar de problemas com defesa, especialistas confiam em equipe mais madura após decepções. Geração é apontada como a mais talentosa

Por Rio de Janeiro

Na Euro-2008, surgiu a primeira oportunidade. E a Espanha de Fernando Torres estava no caminho para estragar a festa. Dois anos depois, na África do Sul, goleadas sobre Inglaterra e Argentina fizeram a seleção alemã chegar à semifinal da Copa como a nova máquina do futebol. Novamente a Roja com o seu futebol dominante avançou. Em 2012, na Eurocopa da Polônia e Ucrânia, um time ainda mais confiante sucumbiu diante da Itália de Mario Balotelli. Há quem acredite que o sofrimento foi necessário para o amadurecimento. Chegou a hora de corresponder às expectativas com título no Brasil?

Özil treino Alemanha (Foto: AFP) 
Özil observa o horizonte e vê a Alemanha com chances
de conquistar o título no Brasil (Foto: AFP)
 
A classificação antecipada para o Mundial de 2014, no entanto, não escondeu as deficiências da equipe de Joachim Löw. Nas eliminatórias e últimos amistosos, o sistema defensivo conviveu com críticas pela quantidade de gols sofridos (como nos empates com Paraguai, por 3 a 3, e Suécia, por 4 a 4, além da derrota para os Estados Unidos, por 4 a 3). Até na vitória na despedida do torneio qualificatório, na última terça-feira, por 5 a 3 sobre os suecos, a zaga mostrou problemas.

A dupla da defesa segue numa encruzilhada, já que o então incontestável Mats Hummels perdeu a posição contra a Áustria, em setembro, por má fase técnica. Boateng, Mertesacker e Höwedes são outras opções frequentes para o setor, embora o único a mostrar uma qualidade extra-classe tenha sido o próprio jogador do Borussia Dortmund, especialmente durante a temporada 2012/2013.

- O problema é que nossa defesa muitas vezes se mostra descuidada. E Schmelzer não tem qualidade o suficiente para ser titular no lado esquerdo. Outro ponto é que os meio-campistas não conseguem dar o suporte necessário à defesa. E o Löw tem trabalhado bastante neste sentido. É uma crítica geral, não que Schweinsteiger ou Khedira abandonem seus pontos. É algo que deveria começar lá na frente com Özil, Reus, Götze e Kroos - contou Patrick Mayer, jornalista do canal "Sport 1".


Basicamente, os problemas dentro de campo estão reduzidos a este setor. No gol, a Alemanha conta com um dos melhores jogadores da posição da atualidade, Manuel Neuer. Na lateral direita está o capitão Philipp Lahm, tão elogiado por Pep Guardiola no Bayern, onde tem atuado até fora de sua função, ligando a defesa ao ataque.

Comemoração do Paraguai contra a alemanha (Foto: Agência EFE)Hummels no empate por 3 a 3 com o Paraguai: barrado na seleção (Foto: Agência EFE)
 
E a partir do meio-campo há uma enxurrada de jogadores talentosos e estabilizados em grandes equipes pela Europa - como o quarteto Schweinsteiger, Kroos, Götze e Müller, do Bayern; Bender, Gündogan e Reus, do Borussia Dortmund; Khedira, do Real Madrid; Podolski e Özil, do Arsenal; e Schürrle, do Chelsea. Especialistas atestam que esta é a grande geração alemã da história.

Esse é praticamente o melhor time que nós já tivemos. Nosso sistema ofensivo é o melhor do mundo. Guardiola disse que Mario Götze é o "pequeno Messi", Özil esbanja criatividade, Klose é uma máquina de fazer gols mesmo aos 35 anos. Do Thomas Müller, dizemos na Alemanha que, se há uma chance cara a cara, ele ainda é um Müller"
Patrick Mayer, jornalista do canal "Sport 1"
 
- Esse é praticamente o melhor time que nós já tivemos. Nosso sistema ofensivo é o melhor do mundo. Guardiola disse que Mario Götze é o "pequeno Messi", Özil esbanja criatividade e o Klose é uma máquina de fazer gols mesmo aos 35 anos. Do Thomas Müller, dizemos na Alemanha que, se há uma chance cara a cara, ele ainda é um Müller (em alusão a Gerd). Também temos Reus, Schürrle, Mario Gómez e Podolski. Aqui na Alemanha chamamos esse time de "altamente qualificado" - disse Patrick Mayer.

Kit Holden, jornalista do "Tagesspiegel", compartilha da mesma opinião.


- A Alemanha provou nos últimos cinco anos que é, na teoria, um dos poucos times que representam uma grande ameaça a Espanha. O futebol jogado é o mais empolgante em toda a história da seleção, e há uma enorme força de elenco. Quando jogadores como Schürrle, Götze, Kroos e Hummels estão entre os que lutam por uma vaga, você percebe o quão bom é o time. O fato de não terem sido capazes de atingir o "último nível" é em parte por conta da inexperiência. Mas a distância já não é tão grande quanto em 2008 ou 2010, quando a Alemanha perdeu apenas por 1 a 0.

Klose, Müller e Reus Alemanha (Foto: Reuters) 
Klose, Müller e Reus: seleção alemã tem equilíbrio entre experiência e juventude (Foto: Reuters)
 
Entra em cena, então, outro fator: o mental. Há uma corrente no país que acredita numa espécie de bloqueio nos jogos maiores e decisivos. Parte disso poderia ser atribuído à falta de experiência, mas não será o caso dos alemães no Brasil. Apesar da média de idade baixa - além de Klose, apenas Lahm e Schweinsteiger estarão na casa dos 30 anos em 2014 -, quase todos já experimentaram o sucesso com seus clubes em competições nacionais ou continentais. Ou seja: estão rodados o suficientemente para encararem jogos grandiosos na Copa do Mundo.
- Há dois fatores que na minha opinião serão responsáveis para acreditarmos num título em 2014: o time está muito confiante. Não arrogante, mas extremamente confiante, seguro de que podem ser os melhores. Basta olhar Khedira ou Schweinsteiger, a atitude de ambos, a força de vontade... - argumentou Patrick Mayer.

Se eles não ganharem agora, não será o fim. Mas é claro que é um time que está ganhando corpo para chegar ao ápice, já que há um equilíbrio perfeito entre juventude e experiência - algo que até este ponto não existiu. Vai ajudá-los o fato de o Bayern ter sido campeão de praticamente tudo"
 
Kit Holden, jornalista do "Tagesspiegel"
 
A dupla de volantes é do tipo que sustenta qualquer pressão. Mas precisará ser testada quando mais de 80 milhões estiverem empurrando esta seleção em busca de uma primeira conquista desde 1996. O jejum de troféus acompanhado de vastas decepções, porém, não fazem da Copa no Brasil uma última chance.

- Não é "agora ou nunca" para essa geração porque ela ainda é nova. Lahm e Schweinsteiger podem jogar mais uma Copa, e Klose certamente vai se aposentar, mas a média em geral é baixa. Se eles não ganharem agora não será o fim. Mas é claro que é um time que está ganhando corpo para chegar ao ápice, já que há um equilíbrio perfeito entre juventude e experiência - algo que até este ponto não existiu. Vai ajudá-los o fato de o Bayern ter sido campeão de praticamente tudo. O povo com certeza espera por boas atuações - avaliou Kit Holden.

Há cobranças também sobre Joachim Löw. Técnico da seleção desde 2006, quando deixou de ser assistente de Jürgen Klinsmann, "Jogi" ainda é muito admirado pela crítica, mas sabe que precisa de um título. Se ele não vier em 2014, sua última oportunidade será na Eurocopa de 2016, na França, já que teve o contrato renovado recentemente pela DFB (sigla da Federação Alemã).
- Ele certamente está sendo mais pressionado do que em qualquer outro período dentro da seleção. Ele sabe que, se o time for mal com ele sob um novo contrato, o seu reino como treinador da Alemanha poderá terminar em lágrimas. O que seria uma pena depois de tudo o que alcançou. É, talvez, um "agora ou nunca" para ele - encerrou Kit Holden.

Joachim Low Alemanha  (Foto: EFE) 
Joachim Löw está pressionado depois de passar em branco
em duas Eurocopas e uma Copa (Foto: EFE)

FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/copa-do-mundo/noticia/2013/10/chegou-hora-melhor-alemanha-da-historia-vai-ao-brasil-esperancosa.html

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