Recordista mundial levanta torcida russa
e conquista tricampeonato mundial em seu último ato antes de
interromper a carreira para ser mãe
Por Marcos Guerra
Direto de Moscou
As mãos cerradas erguidas ao ar são a marca de uma Yelena Isinbayeva
em euforia. A russa corre ao encontro de seu técnico e de uma multidão
que saúda sua rainha no estádio Luzhniki Moscou. Ela está de volta ao
trono do salto com vara do Mundial, justamente em seu último ato antes
de interromper a carreira para tentar engravidar. Seu futuro filho
poderá dizer que a mãe é recordista mundial e três vezes campeã mundial.
A brasileira Fabiana Murer, que defendia o título, acabou na quinta
posição e também prestou homenagem à rainha de sua modalidade. A noite
era da anfitriã e ninguém estragaria a festa em Moscou, que teve até
tentativa de quebra de recorde mundial.
Os russos sentirão saudades dos voos de sua campeã. O mundo sentirá a
falta da Yelena Isinbayeva, ainda que ela não demore muito para voltar. O
salto com vara precisa de sua rainha.
Yelena Isinbayeva faz sua melhor marca do ano e leva tricampeonato mundial (Foto: Agência Reuters)
Tanto Fabiana Murer quanto suas principais rivais abdicaram dos saltos
nas alturas menores. A brasileira, Yarisley e Jennifer só começaram a
saltar na marca de 4,55m, a mesma que classificou todas as finalistas.
Isinbayeva queria descansar ainda mais e optou por entrar na competição
já em 4,65m.
A americana foi a primeira das favoritas a saltar e sequer conseguiu
voar no patamar do sarrafo, mas reclamou de uma interferência externa e
conseguiu voltar a tentativa, quando foi perfeita. Yarisley também não
teve problemas para avançar de primeira. Era a vez de Fabiana encarar o
sarrafo na mesma altura que teve trabalho na classificatória. Mas agora
ela já estava ambientada com a velocidade da pista, com o clima e o
vento do Luzhniki. A campeã mundial de Daegu passou com tranquilidade
pelos 4,55m.
A musa russa se prepara para mais um salto em busca do título mundial (Foto: Reuters)
A briga começou a pegar fogo a 4,65m. O estádio Luzhniki foi ao
delírio. Isinbayeva estava começando sua última competição antes da
pausa para ser mãe. Talvez até a última grande apresentação da
recordista mundial, já que ela não tem certeza se vai retornar em alto
rendimento. Mesmo com uma multidão a impulsionando, a russa atacou
errado o sarrafo e o derrubou antes de chegar ao ápice de seu voo. Só
que o filme do Mundial de 2009, quando ela nem conseguiu marca não se
repetiu. Não em casa. Yelena foi para a segunda chance e voou.
Yarisley Silva teve dificuldade ainda maior nos 4,65m. A líder do
ranking mundial só passou pelo sarrafo na terceira chance. Jennifer
Suhr, por sua vez, decidiu não saltar nessa altura e voltar no sarrafo
de 4,75m. Foi quando Fabiana assumiu a ponta. A brasileira ainda desviou
um pouco para a direita, mas sobrou novamente e continuou sem erros.
Iguais a ela, somente a alemã Silke Spiegelberg e a russa Anastasia
Savchenko.
Campeã mundial de 2011, Fabiana Murer terminou em quinto lugar (Foto: Getty Images)
Fabiana brigou para defender seu título mundial. A cara fechada
mostrava a concentração da brasileira para tentar fazer sua melhor marca
do ano e continuar na luta pelo pódio. Ela voou alto, mas o ouro de
Daegu não se repetiu. Nas suas três tentativas, a paulista tocou o
sarrafo na queda. Quase não ficou deitada no colchão, lamentando a
quinta colocação. Ela se levantou, despediu-se da torcida no Luzhniki de
cabeça erguida.
Isinbaeyva, Suhr e até mesmo Yarisley Silva passaram pelos 4,75m. Às
favoritas, juntou-se a surpresa alemã Silke Spiegelberg, mas não entrou
no pódio. Foi a única que não passou dos 4,82m. A cubana precisou de
três chances novamente para garantir uma medalha. Jennifer Suhr se
manteve na liderança passando na segunda chance, assim como a anfitriã.
Yelena fez seu voo mais alto de 2013 para fazer o Luzhniki vibrar.
Ela ergueu os dois braços ao ar, com as mãos cerradas em uma
comemoração emocionada, com brilhos nos olhos. Não diria até logo aos
seus fãs sem um grande ato. E que ato. Ela se encheu de confiança e
passou de primeira a barreira de 5,89m para só assistir as rivais
tentarem em vão superá-la. A campeã olímpica, Jennifer Suhr, ficou com a
prata. A cubana Yarisley levou o bronze. O caroa dourada, por sua vez,
ficou em casa.
Yelena ainda tentou bater seu recorde mundial de 5,06m e voou alto, mas não conseguiu. (confira no vídeo acima).
Nada que tirasse o brilho dos olhos da campeã, que deu volta olímpica e
até deu um forte abraça no mascote da competição. Ela pode tudo. É a
rainha de Moscou.
FONTE
http://globoesporte.globo.com/atletismo/noticia/2013/08/yelena-isinbayeva-da-show-em-casa-e-retoma-trono-do-salto-com-vara.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário