A CRÔNICA
por
Alexandre Lozetti
O dia da primeira final do Campeonato Paulista foi dia dos filhos
demonstrarem seu amor pelas mães. Elas foram homenageadas com fotos no
Instagram, Facebook, palavras bonitas, presentes... E dona Erica, além
de tudo, ganhou uma atuação daquelas para sair de casa com a camisa 8 do
filho, toda orgulhosa, cheia de si. O gol, os desarmes, os chutes, as
jogadas e o sorriso de Paulinho fizeram dela a mais feliz das mães
envolvidas na decisão. E fizeram dos corintianos os alvinegros mais
felizes do Pacaembu.
A vitória por 2 a 1 sobre o Santos deixa o Timão a um empate da conquista - e a equipe de Tite está prestes a acertar com mais um reforço. O Peixe precisa de um triunfo simples para levar a decisão aos pênaltis na Vila Belmiro. Vale lembrar que a equipe da Baixada bateu Palmeiras e Mogi Mirim dessa forma antes de chegar à final. Se ganhar por dois gols de diferença, o time de Muricy Ramalho será tetracampeão, feito até hoje alcançado somente pelo Paulistano, de 1916 a 19, e que coroaria a passagem de Neymar, cada vez mais perto de ser negociado com um clube espanhol.
Paulinho fez o primeiro gol da vitória. Brigou no segundo, marcado por
Paulo André. Fez de tudo um pouco. Se o Paulistão do jogador da seleção
brasileira até então não era dos melhores, ele apareceu na hora mais
importante. Fez valer o esforço de dona Erica, que o criou sem o pai, e
pedia dinheiro ao borracheiro para que o filho pudesse treinar, como mostrou reportagem do Esporte Espetacular neste domingo.
Com 2 a 0 no placar, o passo do Timão rumo ao troféu era enorme, mas houve tempo para que o predestinado Durval, em busca de seu 11º título estadual consecutivo, diminuísse de cabeça e colocasse ainda mais fogo na segunda partida.
Se o placar é favorável ao Corinthians, a semana dará ao Santos mais descanso. O Timão recebe o Boca Juniors na quarta-feira, e precisa vencer por dois gols de diferença para avançar às quartas de final da Libertadores. Já o Peixe, que só volta a campo pela Copa do Brasil no dia 22, contra o Joinville, na Vila, terá a semana inteira para pensar só no Corinthians.
Corinthians x Ninguém
Se o texto referente ao primeiro tempo não tivesse o nome de nenhum jogador do Santos, não seria absurdo algum. É preciso esforço para destacar uma linha ao time comandado por Muricy Ramalho, que escalou Marcos Assunção no meio sob o pretexto de liberar Arouca e Cícero para armarem o time, e respaldado na ideia de que todos sabem jogar. Podem até saber, mas não estavam muito a fim. Totalmente entregues à marcação corintiana, os santistas abusaram dos chutões, não conseguiram trocar três passes consecutivos, e fizeram com que até Neymar se integrasse à mediocridade da equipe. O craque reclamou demais de Miralles, em duas oportunidades, e Arouca na sequência.
Quem mereceu elogios por alguns minutos foi Léo, que cortava insistentes cruzamentos do lado esquerdo corintiano. Com Bruno Peres de volta ao time após longo período afastado por lesão, Fábio Santos, Danilo e Emerson armaram triangulações e deram trabalho. A distância entre as linhas de zaga e meio-campo do Santos era um abismo onde Danilo deitava e rolava. Em uma das chegadas em velocidade, Sheik ajeitou o corpo e parecia que soltaria um chute tão fulminante quanto aquele de um ano atrás, da semifinal da Libertadores, na Vila Belmiro. Mas a bola saiu rasteira e Rafael, desta vez, espalmou.
Apesar do domínio, poucas chances eram criadas. Foi aí que o filho da
dona Erica resolveu desequilibrar. Nome certo na convocação de Luiz
Felipe Scolari para a Copa das Confederações, nesta terça-feira,
Paulinho deitou e rolou. Considerado volante nas convenções do futebol,
foi meia e atacante. Mexeu-se pelos dois lados, ajudou o meio a subir a
marcação e quase fez três gols. Quase!
Primeiro, cabeceou livre para fora. No fim do primeiro tempo, acertou um chute sensacional no travessão, e ainda viu Guerrero, sozinho, chutar para fora no rebote. Entre um lance e outro, foi oportunista após cobrança de falta de Romarinho e desvio de Danilo. Bateu com firmeza, e fez justiça a 45 minutos de um time só.
De um lado Paulinho. Do outro, a reação
Qualquer mãe festejada em seu dia, que estivesse assistindo ao jogo em sua casa, sabia que Marcos Assunção tinha de sair. Muricy também sabia. No primeiro tempo, ele bateu uma falta (de forma péssima) com menos de um minuto de jogo, e depois foi espectador de uma final que acontecia em sua volta. Felipe Anderson voltou do intervalo em seu lugar, e André no de Miralles. Mas Paulinho também voltou, para desespero santista.
O Peixe melhorou, até porque piorar era impossível, mas os lances de maior perigo ainda foram corintianos. Foram de Paulinho. Primeiro, ele desarmou Neymar e armou contra-ataque, que passou por Guerrero e chegou a Emerson. Rafael saiu corajosamente nos pés do atacante. Depois, arrancou do campo de defesa, passou por Durval como se o zagueiro fosse um cone, fez nova finta, mas bateu para fora. Ovacionado pela torcida.
Só que o segundo tempo tinha duas equipes. As substituições de Muricy surtiram efeito. Felipe Anderson e o recuo de Arouca aproximaram os setores do Santos, e o time conseguiu trocar mais passes. Quando André pegou rebote de Cássio e não teve equilíbrio para finalizar, o técnico ficou tão louco que ao jogar o boné no chão nem percebeu que o impedimento já havia sido marcado. Cícero ainda acertou a trave após arrancada de Neymar, que teve de segurar a bola até que o companheiro se aproximasse.
Mas o Timão tinha cartas na manga. Tinha Alexandre Pato e o grito da torcida, que resolveu voltar a jogar. E tinha Paulinho. Após cobrança de escanteio, ele, deitado, brigou pela bola com Durval e Renê Júnior, e fez com que ela sobrasse para um chutaço de Paulo André. Não foi lá uma pintura para sua galeria de quadros, mas um belo gol. E delírio de Tite, e da maioria dos 38.505 presentes no Pacaembu.
Delírio com uma vantagem de dois gols de diferença, que durou pouquíssimo. O gol do Santos foi um claro recado a Muricy. Felipe Anderson, que substituiu Marcos Assunção, cobrou falta na cabeça de Durval. Jogador que joga com bola rolando, e com bola parada.
Até o próximo domingo, mães e filhos podem sonhar com o título paulista.
Corinthians foi muito superior e poderia ter saído com vitória mais folgada (Foto: Marcos Ribolli)
A vitória por 2 a 1 sobre o Santos deixa o Timão a um empate da conquista - e a equipe de Tite está prestes a acertar com mais um reforço. O Peixe precisa de um triunfo simples para levar a decisão aos pênaltis na Vila Belmiro. Vale lembrar que a equipe da Baixada bateu Palmeiras e Mogi Mirim dessa forma antes de chegar à final. Se ganhar por dois gols de diferença, o time de Muricy Ramalho será tetracampeão, feito até hoje alcançado somente pelo Paulistano, de 1916 a 19, e que coroaria a passagem de Neymar, cada vez mais perto de ser negociado com um clube espanhol.
Paulinho se emociona com gol sobre o Santos (Foto: Rodrigo Coca/Agência Estado)
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Resultado justo numa decisão que, por muito tempo, teve apenas um time
em campo. A primeira jogada razoável de Neymar ocorreu aos cinco minutos
do segundo tempo. Vejam bem, razoável! O primeiro escanteio surgiu aos
18, quando o Corinthians já havia batido nove. A estratégia de escalar
Marcos Assunção fracassou e foi abandonada no intervalo. Já o Timão
esteve quase sempre num ritmo superior. Disputava uma final mesmo,
enquanto os visitantes demoraram para engrenar. Antes, pareciam estar
numa oitava rodada de Paulistão.Com 2 a 0 no placar, o passo do Timão rumo ao troféu era enorme, mas houve tempo para que o predestinado Durval, em busca de seu 11º título estadual consecutivo, diminuísse de cabeça e colocasse ainda mais fogo na segunda partida.
Se o placar é favorável ao Corinthians, a semana dará ao Santos mais descanso. O Timão recebe o Boca Juniors na quarta-feira, e precisa vencer por dois gols de diferença para avançar às quartas de final da Libertadores. Já o Peixe, que só volta a campo pela Copa do Brasil no dia 22, contra o Joinville, na Vila, terá a semana inteira para pensar só no Corinthians.
Marcos Assunção ganha no alto disputa com Danilo (Foto: Marcos Ribolli)
Se o texto referente ao primeiro tempo não tivesse o nome de nenhum jogador do Santos, não seria absurdo algum. É preciso esforço para destacar uma linha ao time comandado por Muricy Ramalho, que escalou Marcos Assunção no meio sob o pretexto de liberar Arouca e Cícero para armarem o time, e respaldado na ideia de que todos sabem jogar. Podem até saber, mas não estavam muito a fim. Totalmente entregues à marcação corintiana, os santistas abusaram dos chutões, não conseguiram trocar três passes consecutivos, e fizeram com que até Neymar se integrasse à mediocridade da equipe. O craque reclamou demais de Miralles, em duas oportunidades, e Arouca na sequência.
Quem mereceu elogios por alguns minutos foi Léo, que cortava insistentes cruzamentos do lado esquerdo corintiano. Com Bruno Peres de volta ao time após longo período afastado por lesão, Fábio Santos, Danilo e Emerson armaram triangulações e deram trabalho. A distância entre as linhas de zaga e meio-campo do Santos era um abismo onde Danilo deitava e rolava. Em uma das chegadas em velocidade, Sheik ajeitou o corpo e parecia que soltaria um chute tão fulminante quanto aquele de um ano atrás, da semifinal da Libertadores, na Vila Belmiro. Mas a bola saiu rasteira e Rafael, desta vez, espalmou.
Isolado, Neymar foi encurralado pela marcação do Corinthians (Foto: Marcos Ribolli)
Primeiro, cabeceou livre para fora. No fim do primeiro tempo, acertou um chute sensacional no travessão, e ainda viu Guerrero, sozinho, chutar para fora no rebote. Entre um lance e outro, foi oportunista após cobrança de falta de Romarinho e desvio de Danilo. Bateu com firmeza, e fez justiça a 45 minutos de um time só.
Paulo André comemora, enquanto Durval se lamenta, no chão (Foto: Marcos Ribolli)
Qualquer mãe festejada em seu dia, que estivesse assistindo ao jogo em sua casa, sabia que Marcos Assunção tinha de sair. Muricy também sabia. No primeiro tempo, ele bateu uma falta (de forma péssima) com menos de um minuto de jogo, e depois foi espectador de uma final que acontecia em sua volta. Felipe Anderson voltou do intervalo em seu lugar, e André no de Miralles. Mas Paulinho também voltou, para desespero santista.
O Peixe melhorou, até porque piorar era impossível, mas os lances de maior perigo ainda foram corintianos. Foram de Paulinho. Primeiro, ele desarmou Neymar e armou contra-ataque, que passou por Guerrero e chegou a Emerson. Rafael saiu corajosamente nos pés do atacante. Depois, arrancou do campo de defesa, passou por Durval como se o zagueiro fosse um cone, fez nova finta, mas bateu para fora. Ovacionado pela torcida.
Só que o segundo tempo tinha duas equipes. As substituições de Muricy surtiram efeito. Felipe Anderson e o recuo de Arouca aproximaram os setores do Santos, e o time conseguiu trocar mais passes. Quando André pegou rebote de Cássio e não teve equilíbrio para finalizar, o técnico ficou tão louco que ao jogar o boné no chão nem percebeu que o impedimento já havia sido marcado. Cícero ainda acertou a trave após arrancada de Neymar, que teve de segurar a bola até que o companheiro se aproximasse.
Mas o Timão tinha cartas na manga. Tinha Alexandre Pato e o grito da torcida, que resolveu voltar a jogar. E tinha Paulinho. Após cobrança de escanteio, ele, deitado, brigou pela bola com Durval e Renê Júnior, e fez com que ela sobrasse para um chutaço de Paulo André. Não foi lá uma pintura para sua galeria de quadros, mas um belo gol. E delírio de Tite, e da maioria dos 38.505 presentes no Pacaembu.
Delírio com uma vantagem de dois gols de diferença, que durou pouquíssimo. O gol do Santos foi um claro recado a Muricy. Felipe Anderson, que substituiu Marcos Assunção, cobrou falta na cabeça de Durval. Jogador que joga com bola rolando, e com bola parada.
Até o próximo domingo, mães e filhos podem sonhar com o título paulista.
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