Bávaros deixam de lado a frieza, extasiados com a vitória histórica sobre o Barcelona na Allianz Arena
"Danke bitte". Em português: "Obrigado e sejam bem-vindos". Ou, para bom entendedor: "Toma, Barcelona!". A frase em alemão foi a que mais se ouviu na Allianz Arena durante a vitória arrasadora por 4 a 0 (veja os gols no vídeo) do Bayern de Munique sobre o time catalão, no jogo de ida das semifinais da Liga dos Campeões. A expressão se repetia a cada vez que o time germânico balançava a rede. O locutor gritava o nome da equipe da casa, e os torcedores respondiam bem alto com o número de gols, depois gritavam o que deve ter doído fundo na alma de Messi & Cia. pela madrugada adentro: "Null" (zero). E completavam com a frase: "Obrigado e sejam bem-vindos".
Uma faixa colocada atrás da baliza defendida pelo goleiro Neuer no primeiro tempo dava o tom da euforia vivida em Munique para o jogo: "Schöne Heile Welt", frase que remete à expressão em inglês "What a wonderful world", música famosa na voz de Louis Armstrong, de exaltação às coisas belas do mundo.
O
Bayern foi recebida por sua entusiasmada torcida, que retribuiu com
muito carinho e uma faixa exaltando a equipe alemã (Foto: Reuters)
Os jogadores bávaros contaram com um apoio incansável da torcida desde os primeiros minutos do aquecimento. Animados, os fãs afinavam as gargantas com a música que ficou célebre graças ao atacante francês Ribéry: "Super Bayern, Super Bayern, Super Bayern".
Quando chegou a hora de o locutor anunciar a escalação do time da casa, a Allianz Arena lotada com 68 mil pessoas viveu o seu primeiro momento de êxtase. Cada jogador teve direito e um grito de guerra, mas o ídolo do time, Schweinsteiger, foi o mais aclamado.
torcida Bayern Munique x barcelona (Foto: AFP)
Um clima intimidante para os catalães, que, porém, souberam reagir nos primeiros minutos de jogo. O Barcelona dominou no início, como é habitual, mas nem por isso as arquibancadas da Allianz Arena deixaram de fazer barulho.
As cartolinas usadas para coreografia serviam para bater palmas de incentivo aos jogadores. E o resultado de 68 mil cartolinas batendo nas mãos em uníssono era ensurdecedor. Os cânticos eram constantes, não havia momentos de pausa. Aos poucos, o time da casa ganhava territótio. O estádio observava de pé a cada uma das jogadas de ataque do Bayern. Até que, de tanto se levantar, pulou, recebendo um merecido prémio aos 25 minutos, quando Muller abriu o placar para os bávaros.
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A partir de então, os quase silenciosos torcedores do Barcelona, que
ocupavam uma pequena parte do terceiro anel na zona norte do estádio,
deixaram de se ouvir. O jogo ainda estava no início, mas, pela festa das
arquibancadas, ninguém parecia duvidar da vitória. Os alemães
transmitiam confiança ao time, que ia ganhando tranquilidade.Torcida ganha jogo?
Aos quatro minutos do segundo tempo, o Bayern chegou ao segundo gol. Mário Gomez marcou e ouviu o seu nome ser gritado durante quatro minutos. O Barcelona, pouco atrevido, caiu de vez depois do 2 a 0. "Danke Bitte", repetiam os torcedores.
- O ambiente aqui é realmente fantástico, mas jogadores desse nível estão habituados a lidar com este tipo de clima adverso. Não acredito que os torcedores influenciem diretamente no resultado - disse ao Globoesporte.com o treinador do Juventus, Antonio Conte, que estava na Allianz Arena para assistir ao jogo do time que duas semanas antes eliminara os italianos.
Ex-craque e hoje presidente do Bayern, Uli Hoeness exibe a cartolina usada pela torcida do time alemão
(Foto: AFP)
(Foto: AFP)
- Nós perdemos aqui e em Turim porque o Bayern é realmente muito forte. Eles são muito superiores ao Juventus. Pelo que estamos vendo, também são, neste momento, superiores ao Barcelona - afirmou o italiano.
Fãs exigentes
No segundo tempo, o time respondeu com vários gols ao entusiasmo da torcida. Robben marcou o terceiro e festejou junto aos fãs. Muller fez seu segundo, o quarto do Bayern, aos 38, mas a torcida não parecia satisfeita. Nos últimos sete minutos, "deitou e rolou" na Allianz Arena: fez ola pelo estádio, cantou o hino do clube, gritou olé na troca de passes diante do Barcelona, gritou insultos para o árbitro Viktor Kassai em uma falta de Jordi Alba sobre Robben, lamentou com sorrisos nas últimas chances perdidas e ainda pediu o quinto.
Com 'inimigos infiltrados', torcedores do Bayern fazem a festa antes do duelo no Allianz Arena (Foto: Claudia Garcia)
Os fãs são mais animados na Champions do que na Bundesliga. Mas hoje superaram todos os limites"
Sebastian Walter, da 'Die Spiegel'
- Normalmente, os fãs são mais animados na Liga dos Campeões do que na Bundesliga. Mas hoje superaram todos os limites. O ambiente foi realmente incrível, e a Allianz Arena nem costuma ser dos estádios mais ensurdecedores da Alemanha. Os torcedores do Dortmund, Frankfurt e mesmo do Schalke, normalmente, são mais emotivos. Mas Munique hoje superou até mesmo esses estádios - contou.
No final do confronto, os jogadores do Barcelona abandonaram rapidamente o gramado, mas os do Bayern ficaram bem mais do que é normal. O time fez questão de agradecer o apoio incondicional da Allianz Arena com uma volta pelo campo, proporcionando um momento único, com torcedores erguendo cachecóis e bandeiras ao som do hino do clube.
Em várias partes do estádio, os fãs exibiam mensagens de incentivo ao quadro germânico (Foto: Reuters)
Pouco emotivos, nariz empinado, ricos da Baviera, assim são conhecidos os torcedores do Bayern de Munique no resto do país. Porém, na noite desta terça-feira, os bávaros rebateram todas essas críticas e mostraram ser emotivos, relaxados, e afáveis.
Os juízos dos alemães sobre Munique e sobre o principal estádio da cidade não afetam os torcedores que cantam "Mia san Mia; Mia san mia" antes de saírem o estádio. A expressão pertence ao dialeto da Baviera e é desde sempre utilizada pelos torcedores e habitantes de Munique: "Nós somos nós".
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/liga-dos-campeoes/noticia/2013/04/obrigado-e-sejam-bem-vindos-torcida-do-bayern-deita-e-rola-na-goleada.html
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