Em seu último final de semana na categoria, alemão se mostra pouco solícito, corre pelo paddock e só relaxa após passar trono ao sucessor Vettel
Difícil saber o que Michael Schumacher
pensava enquanto estava ali, parado. O GP do Brasil havia terminado há
minutos, e Sebastian Vettel abria os braços para celebrar seu terceiro
título na Fórmula 1. Ao lado, ainda de capacete, o heptacampeão apenas
esperava. Abraçou o compatriota, 18 anos mais novo, deu o parabéns pelo
título e saiu apressado. Acenou para alguns engenheiros da RBR que o
cumprimentaram no meio do caminho, desviou de fiscais que pediam uma
foto e seguiu para o box da Mercedes.
Saiu de lá e foi ao banheiro. Cruzou o paddock mais uma vez apressado, ignorou novos pedidos no caminho e voltou ao box daquela que seria sua última equipe na Fórmula 1. A pressa foi o que ditou o ritmo de Michael Schumacher em São Paulo. Até chegar o domingo, levava no rosto a expressão de quem queria adiar sua cena final em um espetáculo do qual foi protagonista por quase 20 anos. Os pés, no entanto, não obedeciam. Schumacher corria de um lado para o outro, num contraste com o que a Mercedes o permitiu fazer durante a temporada.
Em seus últimos dias como piloto de Fórmula 1, Schumacher foi um homem
de poucos sorrisos. Parava apenas quando cruzava com algum conhecido dos
tempos de Ferrari, por exemplo. Tivessem feito uma contagem, deve ter
ignorado 100, 200 chamados de fãs em Interlagos. Mesmo no estreito
paddock do autódromo paulista, o heptacampeão mundial desviava com
desenvoltura de quem aparecesse no caminho. “O homem não está para
muitos amigos”, reclamou um segurança, com câmera à mão, também esnobado
pelo ídolo.
Schumacher parecia incomodado pela razão de seu protagonismo. Todos
queriam guardar alguma lembrança daquele que seria o último final de
semana de uma carreira de vitórias, mas de uma temporada de poucas
celebrações. Ao contrário de sua primeira despedida, o alemão não
brigava por título, nem ao menos por um lugar no pódio. O heptacampeão
mundial trazia no passo apressado o reconhecimento de que não era o
melhor dos finais.
- Esta saída da Fórmula 1 vai ser, provavelmente, menos emocional do que foi para mim em 2006, quando ainda estávamos lutando pelo campeonato e tudo foi muito mais intenso. Desta vez, serei capaz de dar mais atenção à minha despedida e espero saboreá-la, também - afirmou, na quinta-feira antes do GP.
Ainda assim, Schumacher atraiu legiões na passagem por São Paulo. Em sua última coletiva de imprensa, logo após o treino classificatório de sábado, encarou uma sala lotada de jornalistas afoitos para ouvir a despedida de um mito. Admitiu sua frustração com o fraco desempenho no ano e não pareceu se empolgar muito com o futuro.
- Não tenho planos concretos. Posso continuar trabalhando na Fórmula 1, mas agora vou ter mais tempo para dedicar à família. Quando tudo terminar, vamos ter ideias, buscar opções, veremos juntos o que fazer.
Na cidade, fugiu também dos tradicionais eventos de patrocinadores. Foi
a poucos, a maioria de acesso restrito. Abriu uma exceção para um
coquetel em um dos shoppings mais sofisticados de São Paulo. Lá, ficaria
meia hora e assinaria exemplares da revista italiana “L’Uomo Vogue”, da
qual foi capa neste mês. Chegou 15 minutos atrasado e se assustou com a
quantidade de gente que o esperava. Posou para algumas fotos com
convidados vips, tomou meia taça de champanhe e foi embora, carregado
por sua assessora, exatamente onze minutos depois de chegar. Sem nem
pegar numa caneta ou em um exemplar da publicação.
No domingo, como nos outros dias, chegou cedo ao autódromo,
estacionando a Mercedes de passeio em frente à entrada do paddock.
Atravessou a roleta e, mais uma vez apressado, nem se importou com o
batalhão de fotógrafos e jornalistas que tentavam arrancar alguma imagem
ou declaração. No box, recebeu uma homenagem da equipe pela
aposentadoria e abriu, talvez, o maior de seus sorrisos do final de
semana no paddock. Depois, esperou.
Concentrado no grid, nem viu que Rubens Barrichello, ex-companheiro de Ferrari e que comentava a corrida para a TV Globo, o cercava para uma entrevista antes da prova. E fez, na medida do possível, uma boa corrida. Saiu do 13º lugar e pulou para sétimo, após facilitar a ultrapassagem de Vettel, que terminou em sexto e conquistou o título.
Já no fim, com os funcionários das equipes empacotando tudo o que viam pela frente, Schumacher recebia uma nova homenagem. Todos da Mercedes vestiam uma camisa com os feitos do alemão e um agradecimento. Schumi, dessa vez, bebeu toda a taça de champanhe que tinha em mãos. Aceitou, um a um, os inúmeros pedidos de fotos no box. E, novamente, abriu o sorriso com o carinho. Ali, Schumacher tentava retardar o que já era certo.
- Não foi perfeito, mas estou satisfeito.
O heptacampeão enfim relaxou. À noite, foi para uma boate na região dos Jardins. Dançou, bebeu e gargalhou. Com a mesma pressa que circulou pelo paddock no fim de semana, Schumacher não perdeu tempo para começar a aproveitar a vida de um piloto aposentado. O alemão se despediu da Fórmula 1 com sete títulos: 1994, 1995, 2000, 2001, 2002, 2003 e 2004. Aos 43 anos, deixa as pistas com 307 GPs, 91 vitórias, 155 pódios e 68 poles na carreira. Números definitivos. Ou, quem sabe, até a próxima volta.
Saiu de lá e foi ao banheiro. Cruzou o paddock mais uma vez apressado, ignorou novos pedidos no caminho e voltou ao box daquela que seria sua última equipe na Fórmula 1. A pressa foi o que ditou o ritmo de Michael Schumacher em São Paulo. Até chegar o domingo, levava no rosto a expressão de quem queria adiar sua cena final em um espetáculo do qual foi protagonista por quase 20 anos. Os pés, no entanto, não obedeciam. Schumacher corria de um lado para o outro, num contraste com o que a Mercedes o permitiu fazer durante a temporada.
Schumacher se despediu da Fórmula 1 no Brasil (Foto: Getty Images)
Schumi andou sempre correndo pelo paddock
(Foto: Piervi Fonseca/GP Brasil de F1)
(Foto: Piervi Fonseca/GP Brasil de F1)
- Esta saída da Fórmula 1 vai ser, provavelmente, menos emocional do que foi para mim em 2006, quando ainda estávamos lutando pelo campeonato e tudo foi muito mais intenso. Desta vez, serei capaz de dar mais atenção à minha despedida e espero saboreá-la, também - afirmou, na quinta-feira antes do GP.
Ainda assim, Schumacher atraiu legiões na passagem por São Paulo. Em sua última coletiva de imprensa, logo após o treino classificatório de sábado, encarou uma sala lotada de jornalistas afoitos para ouvir a despedida de um mito. Admitiu sua frustração com o fraco desempenho no ano e não pareceu se empolgar muito com o futuro.
- Não tenho planos concretos. Posso continuar trabalhando na Fórmula 1, mas agora vou ter mais tempo para dedicar à família. Quando tudo terminar, vamos ter ideias, buscar opções, veremos juntos o que fazer.
Piloto bebeu champanhe e ficou 11 minutos em coquetel (João Gabriel/ Globoesporte.com)
Schumacher encontrou amigos da Ferrari
(João Gabriel / GLOBOESPORTE.COM)
(João Gabriel / GLOBOESPORTE.COM)
Concentrado no grid, nem viu que Rubens Barrichello, ex-companheiro de Ferrari e que comentava a corrida para a TV Globo, o cercava para uma entrevista antes da prova. E fez, na medida do possível, uma boa corrida. Saiu do 13º lugar e pulou para sétimo, após facilitar a ultrapassagem de Vettel, que terminou em sexto e conquistou o título.
Já no fim, com os funcionários das equipes empacotando tudo o que viam pela frente, Schumacher recebia uma nova homenagem. Todos da Mercedes vestiam uma camisa com os feitos do alemão e um agradecimento. Schumi, dessa vez, bebeu toda a taça de champanhe que tinha em mãos. Aceitou, um a um, os inúmeros pedidos de fotos no box. E, novamente, abriu o sorriso com o carinho. Ali, Schumacher tentava retardar o que já era certo.
- Não foi perfeito, mas estou satisfeito.
O heptacampeão enfim relaxou. À noite, foi para uma boate na região dos Jardins. Dançou, bebeu e gargalhou. Com a mesma pressa que circulou pelo paddock no fim de semana, Schumacher não perdeu tempo para começar a aproveitar a vida de um piloto aposentado. O alemão se despediu da Fórmula 1 com sete títulos: 1994, 1995, 2000, 2001, 2002, 2003 e 2004. Aos 43 anos, deixa as pistas com 307 GPs, 91 vitórias, 155 pódios e 68 poles na carreira. Números definitivos. Ou, quem sabe, até a próxima volta.
Schumacher relaxou apenas ao acabar o GP (Foto: Agência Reuters)
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