Corinthians recebeu o clube inglês no Palestra Itália em jogo marcado pela violência, em 1929. Museu do Chelsea faz referência à viagem
Viagem à América do Sul está representada no
Museu do Chelsea, em Londres (Foto: Cahê Mota)
Museu do Chelsea, em Londres (Foto: Cahê Mota)
O ano era 1929, e o Chelsea amargava sua quinta temporada consecutiva na Segunda Divisão no Campeonato Inglês. A bordo do navio “Astúrias” (usado depois como cenário para a primeira versão do filme Titanic), foram três semanas de viagem até o desembarque, em maio, no porto de Santos. A série de amistosos começou na Argentina, e vitórias convincentes deixaram jornalistas brasileiros ansiosos. Outro bom resultado contra o Peñarol, no Uruguai, só aumentou a expectativa para o encontro com o Corinthians, campeão Paulista daquele ano.
Fotos no museu do Chelsea, em Londres, lembram amistoso contra o Timão (Fotos: Cahê Mota)
Os gritos e vaias dos torcedores e a violência em campo fizeram a partida parecer uma luta de touros"
Relato do jornal "O Estado
de S. Paulo"
de S. Paulo"
Sócio número um do Corinthians, Antônio Risaliti, hoje aos 97 anos e vivendo em Campinas, estava na arquibancada do estádio palmeirense. Então com 14 anos, ele lembra com saudosismo e orgulho dos anos acompanhando o time do Parque São Jorge, mas ressalta que o Chelsea que veio ao Brasil há 83 anos era bem diferente do time atual. Os milhões de dólares do russo Roman Abramovich passavam longe da conta bancária, e o futebol da equipe também não encantava em nada.
Antônio Risaliti, sócio número um do Timão, ao
lado de Andrés Sanches (Foto: Divulgação)
lado de Andrés Sanches (Foto: Divulgação)
– No fim do ano, vou torcer para o Corinthians ganhar, vamos ver. Os dois têm jogos antes da final, tem que ver se chegam mesmo – emenda.
Chelsea se lembra do 'time da virada'
Em Londres, a lembrança mais marcante do duelo vem do poder de reação do Timão. Historiador oficial do Chelsea, responsável pela escolha do material exposto no museu construído por Roman Abramovich, no Stamford Bridge, Rick Glanvill destaca até mesmo um apelido do Corinthians na época, que foi justificado em campo.
– Foi um jogo magnífico. O Chelsea abriu 3 a 1 e na época o Corinthians era chamado de “O time da virada”. E eles saíram dessa desvantagem para conseguir um 4 a 4. Foi um jogo lembrado no retorno – conta Glanvill.
– Como historiador, sempre tento mostrar aos torcedores que esta viagem foi um capítulo histórico e importante para o clube. Fomos o primeiro clube profissional da Inglaterra a jogar no Brasil – emenda o inglês.
Tuffy; Grané (C) e Del Debbio; Nerino, Guimarães e Leone; Apparício, Peres, Gambinha, Rato e De Maria. | Sam Millington; George Smith e Tommy Law (C); William Russell, George Rodger e Sid Bishop; John Meredith, Jackie Crawford, Sidney Elliot, Andy Wilson e Willie Jackson. |
Técnico: Virgílio Montarini. | Técnico: David Calderhead. |
Gols: Willie Jackson (0-1, 1T), Andy Wilson (0-2, 1T), Sidney Elliot (0-3, 1T), Gambinha (1-3, 1T), Grané (2-3, 1T), Gambinha (3-3, 1T), De Maria (4-3, 2T) e Sidney Elliot (4-4, 2T). | |
Estádio: Palestra Itália. Data: 4 de julho de 1929. | |
Árbitro: Ângelo Benjamin Bevilacqua. |
– Essa excursão deveria ser mais lembrada. Não tenho dúvidas de que essa conexão com uma cultura diferente foi importante para mudar a realidade. Temos de ser orgulhosos disso. O Chelsea era um clube de Segunda Divisão, não muito bom, e teve essa ideia por conta da Copa do Mundo do ano seguinte (1930), que seria realizada no Uruguai. A intenção foi conhecer de perto como era o futebol sul-americano, e a equipe ficou três meses por lá. Foi uma aventura realmente épica para o clube – explica Glanvill.
Cristo Redentor impressiona ‘Los Numerados’
As lições nos gramados da América do Sul, no entanto, não foram só na bola. Rick Glanvill lembra que o famoso jogo duro e catimbado deixou traumas e influenciou até mesmo na não participação do English Team na Copa do Uruguai, em 1930. A passagem do Chelsea pela América do Sul começou no dia 25 de maio de 1929 e terminou em 7 de julho, com a derrota para a seleção paulista. Contando a viagem de ida e volta de navio, a delegação permaneceu por três meses distante de Londres.
Jogadores do Chelsea no navio Astúrias, a
caminho da América do Sul (Foto: Cahê Mota)
caminho da América do Sul (Foto: Cahê Mota)
Na passagem pelo Brasil, além de Corinthians, o Chelsea enfrentou também as seleções do Rio, duas vezes (um empate e uma derrota), e de São Paulo, revés por 3 a 1. Na chegada à Cidade Maravilhosa, por sinal, a delegação ficou impressionada com a construção do Cristo Redentor, inaugurado dois anos depois.
– Sem dúvidas, o país que mais gostaram foi o Brasil. Por conta da atmosfera, estádios lotados, por ter sido a primeira vez que o clube jogou em estádio com refletores. Os jogadores ficaram impressionados com a forma como os brasileiros jogavam. E o interessante é que depois de tanto tempo vocês seguem jogando com arte, drible, e nós com força – completa Glanvill.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/corinthians/noticia/2012/11/possiveis-rivais-no-mundial-chelsea-e-timao-ja-fizeram-amistoso-truncado.html
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