terça-feira, 24 de abril de 2012

Por ouro, principal árbitra do país abre mão da despedida em final olímpica

Juíza na decisão feminina nos Jogos de Pequim, Maria Amélia Villas-Bôas encerra carreira no vôlei em 2012 e sonha ver o Brasil campeão em Londres

Por Helena Rebello Direto de Brasília

Se na bola o Brasil ficou sem o ouro na etapa de Brasília, no apito o país assistiu à despedida de uma profissional de currículo de peso. Pela última vez na carreira, Maria Amélia Villas-Bôas foi árbitra em um torneio internacional em casa. Presente em alguns dos principais momentos da história do vôlei de praia - da primeira vez que o esporte fez parte do programa das Olimpíadas à final dos Jogos de Pequim -, a carioca vai encerrar seu ciclo à beira da quadra em 2012. A torcida dela é para que, em Londres, ela não apite nenhuma decisão e possa ver as medalhas de ouro serem pintadas de verde e amarelo, no masculino e no feminino.
Maria Amélia jogou vôlei na juventude mas, por conta da estatura, viu que seria difícil seguir no esporte como atleta. Ainda no Ensino Médio, já apitava e fazia a súmula de alguns jogos universitários. Em 1986, formada em Educação Física, decidiu fazer um curso de arbitragem e, um ano depois, foi juíza de linha na primeira edição do Circuito Mundial. Por um período, ainda se dividiu entre a praia e o indoor, mas o bom desempenho nas areias a fez ganhar o mundo e colecionar momentos emocionantes no currículo. No mais especial deles, porém, a carioca estava nas arquibancadas.

vôlei de praia árbitra Maria Amélia (Foto: Helena Rebello / Globoesporte.com) Maria Amélia apita jogo entre americanos e espanhois na semi (Foto: Helena Rebello / Globoesporte.com)
 
- Eu, duas americanas e uma espanhola fomos as primeiras árbitras de esportes coletivos nos Jogos de Atlanta (1996). Era algo especial demais. Mas me emocionei mais assistindo à final olímpica, com Brasil e Brasil, do que apitando. Eu tenho esse jogo filmado na minha câmera e gosto de ver ainda. As primeiras brasileiras a serem campeãs olímpicas, e nós ainda fomos campeãs e vice (com Jackie Silva/Sandra Pires e Adriana Samuel/Mônica, respectivamente). Aquilo mostrou a hegemonia que conseguimos em tão pouco tempo. Foi arrepiante – lembrou.

Maria Amélia árbitra vôlei de praia (Foto: Helena Rebello / Globoesporte.com)Maria Amélia prefere ver o Brasil campeão a apitaruma final(Foto: Helena Rebello / Globoesporte.com)
 
Atualmente, os juízes não podem apitar jogos em que atletas da mesma nacionalidade que ele estejam em quadra para atender melhor ao princípio da neutralidade de julgamento. No início, porém, a escassez de mão de obra qualificada fazia os brasileiros apitarem jogos dos compatriotas com frequência. O conhecimento mundial na função ainda é referência, tanto que o país sempre tem representantes nos principais torneios sob chancela da Federação Internacional de Vôlei (FIVB).

- Naquela época só havia brasileiros trabalhando. Em 1993 foi a primeira vez que veio um árbitro de fora para cá, e mesmo assim continuamos apitando. Já trabalhei em três finais femininas entre Brasil e EUA, e isso aconteceu com outros colegas. Ainda hoje somos referência de qualidade no exterior.

O trabalho como juíza levou a carioca, que também é personal trainer, a cerca de 30 países nos cinco continentes. Mas, na Inglaterra, sede da próxima Olimpíada, Maria Amélia só esteve como turista. Como completa 55 anos em julho, idade limite para o exercício da atividade de árbitra no vôlei, ela irá pela terceira e últhttp://sportv.globo.com/site/eventos/circuito-mundial-de-volei-de-praia/noticia/2012/04/por-ouro-principal-arbitra-do-pais-abre-mao-da-despedida-em-final-olimpica.htmlima vez aos Jogos. E na torcida para estar na decisão apenas como torcedora.

- Já estou feliz de ir e não faço questão nenhuma de apitar a final. O prêmio para o árbitro é estar ali, entre os que são considerados os 14 melhores do mundo. Sou muito passional e apaixonada pelo meu país no esporte e quero vê-lo ser campeão tanto no masculino quanto no feminino.

FONTE:
http://sportv.globo.com/site/eventos/circuito-mundial-de-volei-de-praia/noticia/2012/04/por-ouro-principal-arbitra-do-pais-abre-mao-da-despedida-em-final-olimpica.html

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