Uma das principais jogadoras do Osasco, ponteira comemora boa fase e o papel de professora na equipe, que enfrenta o Rio de Janeiro, no sábado
Você chega correndo à entrevista, dez minutos atrasado por conta da
chuva, e pede desculpas. Ela, com um daqueles aparelhos de massagem
muscular preso às costas, abre o tradicional sorriso e tranquiliza: “Com
esse tempo, pensei que não chegasse nem no fim do treino”.
Jaqueline é assim. Na contramão do sotaque apressado, conversa com calma, mesmo com o horário apertado. E brinca. Brinca com o repórter, com as outras jogadoras e com as crianças que andam pelo ginásio do Osasco antes do último trabalho em casa para a final da Superliga, contra o Rio de Janeiro, no sábado. Se 2011 foi um ano de tensão, a ponteira do clube paulista vive uma fase inversa em 2012. E sem medo algum de expor sua felicidade. Depois de uma gravidez interrompida e uma fratura cervical na temporada passada, Jaqueline voltou a sorrir. Na manhã de sábado, vai em busca de mais uma conquista, às 10h, no Maracanãzinho, com transmissão ao vivo da TV Globo e cobertura em Tempo Real do GLOBOESPORTE.COM.
Do ano passado para cá, Jaqueline relaxou. Não se cobra tanto e,
principalmente, não se preocupa tanto. A explicação é simples: o que
antes era difícil, descomplicou. E, no embalo do bom momento, a
ponteira, que tem quatro títulos e três vices na Superliga, aproveita
cada instante, seja dentro de quadra ou fora dela.
- Estou superbem comigo mesma, no trabalho e na vida pessoal. Tudo conspira a favor. Consegui me recuperar de um ano ruim e voltei melhor ainda. Não só fisicamente, mas psicologicamente também. Estou mais madura, mais tranquila. Tudo é aprendizado. Foram momentos difíceis, mas agora estou desencanada. Não me preocupo com nada. Tenho que fazer o que eu gosto, jogar sem estresse. E tenho me divertido muito. Ainda mais com um grupo desses - garante.
O grupo, aliás, foi responsável por boa parte da recuperação de Jaqueline. Com a tradicional mescla de experiência e juventude, a ponteira diz que a equipe tem o melhor clima que já encontrou em um clube. Com a confiança do técnico Luizomar de Moura, assumiu pela primeira vez o papel de capitã. E, assim, se viu no também inédito cargo de professora.
- Desse jeito, eu me sinto nova. Quero passar para elas o que eu sei. E
elas me escutam, me respeitam. Gosto disso, é muito legal. Trocamos
informações, experiências. Elas me procuram para saber como eu passo em
pé, defendo em pé. O Zé Roberto (Guimarães, técnico da seleção
brasileira) que sempre fala para as jogadoras: “Não tentem imitar a
Jaqueline. A postura dela é toda errada” (risos). É porque eu passei por
três cirurgias no joelho, precisei me adaptar. E fiquei com esse dom.
Mas foi a chegada de uma nova companheira que fez Jaqueline relaxar. Até a temporada passada, a ponteira era onipresente. Na mesma medida que terminava quase todos os jogos do Osasco como a maior pontuadora, figurava também entre as primeiras nas outras estatísticas, como na recepção. Foi quando a diretoria anunciou a contratação de Destinee Hooker, MVP do Grand Prix de 2011. A americana entrou bem no time, e Jaqueline viu pressão e cobrança diminuírem.
- Nós não começamos o campeonato bem, até por não conseguirmos estar com a equipe inteira. No segundo turno, estivemos todas em quadra. E Hooker foi muito importante no ataque, deu mais volume ao time. Eu precisava que tivesse essa outra jogadora para dividir a responsabilidade comigo. A cobrança era muito forte em cima de mim. Eu ficava sobrecarregada. Eu terminava o jogo com 18 pontos e não sei quantos passes e recepções. E ter essa outra jogadora ajuda muito. Não podemos depender apenas de uma jogadora.
Mas Jaqueline não estava descontente. Afirma que, em sua “fase atacante”, evoluiu como nunca. A ponteira admite, porém, que prefere jogar mais solta, ajudando também na defesa.
- Eu estou podendo ajudar em tudo, não estou só no ataque. Foi uma fase muito boa, aprendi muito, cresci muito. Foi importante para mim. Mas a Hooker chegou, e o time precisava disso. Sei que minha função não é só atacar. Claro, às vezes estou muito bem no ataque. Foi um dom que Deus me deu.
No sábado, Osasco fará sua sexta final seguida contra o Rio de Janeiro. Jaqueline, que também já passou pelo outro lado, brinca com a sequência: “Pensaram que iriam fazer alguma coisa diferente, mas lá estão Osasco e Rio na final de novo”. A ponteira, no entanto, não nega em momento algum que as duas equipes chegaram a mais uma decisão por méritos.
- Primeiro, sempre montam grandes equipes. Em todos esses anos,
montaram times fortes, equipes para chegar. Isso tudo é mérito. Pode ser
experiência também, não sei. É uma pressão maior, são equipes que têm
responsabilidade de sempre montar equipes fortes.
Em mais uma final, a ponteira não aponta favoritos. O título, segundo
Jaqueline, será decidido como em todas as outras: no detalhe. Mas, em
busca da vitória, diz que é fundamental que toda a equipe esteja
inspirada, ainda mais em uma decisão na casa das rivais.
- Você tem de estar em um daqueles dias. Às vezes, o atleta não está tão bem. Mas é importante que seja um grupo equilibrado. Não dá para vencer com apenas uma jogadora.
Do outro lado, o título é visto como fundamental para coroar o fim da carreira de Fernanda Venturini. A levantadora garante que fará sua última partida no sábado, após três aposentadorias interrompidas. Em 2006, Jaqueline esteve ao lado da rival em uma de suas despedidas, quando ainda jogava no Rio. Juntas, conquistaram o título da Superliga daquele ano. Desta vez, a ponteira do Osasco não quer saber de festa.
- A Venturini é uma grande jogadora. Eu já estive ao lado dela em uma das vezes em que ela se aposentou, pude jogar com ela. Mas vamos fazer de tudo para atrapalhar a festa.
No papel de professora, Jaqueline dá a última lição antes de buscar o título. Com o mesmo sorriso de sempre.
- Precisamos estar bem psicologicamente. A última lição que eu posso dar é: “Aproveitem”. Querendo ou não, o grupo precisa se divertir. Se as jogadoras entrarem em quadra preocupadas, prejudica muito. Não pode jogar pensando em pressão. Assim, tem tudo para dar certo - garante.
Jaqueline é assim. Na contramão do sotaque apressado, conversa com calma, mesmo com o horário apertado. E brinca. Brinca com o repórter, com as outras jogadoras e com as crianças que andam pelo ginásio do Osasco antes do último trabalho em casa para a final da Superliga, contra o Rio de Janeiro, no sábado. Se 2011 foi um ano de tensão, a ponteira do clube paulista vive uma fase inversa em 2012. E sem medo algum de expor sua felicidade. Depois de uma gravidez interrompida e uma fratura cervical na temporada passada, Jaqueline voltou a sorrir. Na manhã de sábado, vai em busca de mais uma conquista, às 10h, no Maracanãzinho, com transmissão ao vivo da TV Globo e cobertura em Tempo Real do GLOBOESPORTE.COM.
Jaqueline comemora boa fase: tudo conspira a favor (Foto: João Gabriel Rodrigues / GLOBOESPORTE.COM)
- Estou superbem comigo mesma, no trabalho e na vida pessoal. Tudo conspira a favor. Consegui me recuperar de um ano ruim e voltei melhor ainda. Não só fisicamente, mas psicologicamente também. Estou mais madura, mais tranquila. Tudo é aprendizado. Foram momentos difíceis, mas agora estou desencanada. Não me preocupo com nada. Tenho que fazer o que eu gosto, jogar sem estresse. E tenho me divertido muito. Ainda mais com um grupo desses - garante.
O grupo, aliás, foi responsável por boa parte da recuperação de Jaqueline. Com a tradicional mescla de experiência e juventude, a ponteira diz que a equipe tem o melhor clima que já encontrou em um clube. Com a confiança do técnico Luizomar de Moura, assumiu pela primeira vez o papel de capitã. E, assim, se viu no também inédito cargo de professora.
Jaqueline e Hooker: chegada da americana ajudou
Jaqueline (Foto: Reprodução / Flick Sollys Nestlé)
Jaqueline (Foto: Reprodução / Flick Sollys Nestlé)
Mas foi a chegada de uma nova companheira que fez Jaqueline relaxar. Até a temporada passada, a ponteira era onipresente. Na mesma medida que terminava quase todos os jogos do Osasco como a maior pontuadora, figurava também entre as primeiras nas outras estatísticas, como na recepção. Foi quando a diretoria anunciou a contratação de Destinee Hooker, MVP do Grand Prix de 2011. A americana entrou bem no time, e Jaqueline viu pressão e cobrança diminuírem.
- Nós não começamos o campeonato bem, até por não conseguirmos estar com a equipe inteira. No segundo turno, estivemos todas em quadra. E Hooker foi muito importante no ataque, deu mais volume ao time. Eu precisava que tivesse essa outra jogadora para dividir a responsabilidade comigo. A cobrança era muito forte em cima de mim. Eu ficava sobrecarregada. Eu terminava o jogo com 18 pontos e não sei quantos passes e recepções. E ter essa outra jogadora ajuda muito. Não podemos depender apenas de uma jogadora.
Mas Jaqueline não estava descontente. Afirma que, em sua “fase atacante”, evoluiu como nunca. A ponteira admite, porém, que prefere jogar mais solta, ajudando também na defesa.
- Eu estou podendo ajudar em tudo, não estou só no ataque. Foi uma fase muito boa, aprendi muito, cresci muito. Foi importante para mim. Mas a Hooker chegou, e o time precisava disso. Sei que minha função não é só atacar. Claro, às vezes estou muito bem no ataque. Foi um dom que Deus me deu.
No sábado, Osasco fará sua sexta final seguida contra o Rio de Janeiro. Jaqueline, que também já passou pelo outro lado, brinca com a sequência: “Pensaram que iriam fazer alguma coisa diferente, mas lá estão Osasco e Rio na final de novo”. A ponteira, no entanto, não nega em momento algum que as duas equipes chegaram a mais uma decisão por méritos.
Jaqueline vibra após ponto de Osasco (Foto: Reprodução / Flick Sollys Nestlé)
A última lição que eu posso dar é: “Aproveitem”. Querendo ou não, o grupo precisa se divertir."
Jaqueline
- Você tem de estar em um daqueles dias. Às vezes, o atleta não está tão bem. Mas é importante que seja um grupo equilibrado. Não dá para vencer com apenas uma jogadora.
Do outro lado, o título é visto como fundamental para coroar o fim da carreira de Fernanda Venturini. A levantadora garante que fará sua última partida no sábado, após três aposentadorias interrompidas. Em 2006, Jaqueline esteve ao lado da rival em uma de suas despedidas, quando ainda jogava no Rio. Juntas, conquistaram o título da Superliga daquele ano. Desta vez, a ponteira do Osasco não quer saber de festa.
- A Venturini é uma grande jogadora. Eu já estive ao lado dela em uma das vezes em que ela se aposentou, pude jogar com ela. Mas vamos fazer de tudo para atrapalhar a festa.
No papel de professora, Jaqueline dá a última lição antes de buscar o título. Com o mesmo sorriso de sempre.
- Precisamos estar bem psicologicamente. A última lição que eu posso dar é: “Aproveitem”. Querendo ou não, o grupo precisa se divertir. Se as jogadoras entrarem em quadra preocupadas, prejudica muito. Não pode jogar pensando em pressão. Assim, tem tudo para dar certo - garante.
Jaqueline tentará levar Osasco a mais um título (Foto: Reprodução / Flick Sollys Nestlé)
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