quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Juniores: Botafogo 4x2 São José (SP)





O Botafogo venceu o São José de virada após estar perdendo por 2x0 aos 6 minutos de jogo. Épico? Heróico? De arrepiar?

Adjetivar a equipa desse modo e escrever-se que praticou um ótimo futebol [portal do BFR] é enfiar a cabeça na areia, ignorar a realidade e, consequentemente, ser incapaz de corrigir os erros e as deficiências.

Tenho escrito aqui que o Botafogo jogou dois desafios contra equipas fracas, ganhando por 2x0 com gols apenas no segundo tempo, e que não havia sido verdadeiramente testado. Que o seu ataque ainda não configurava consistência, que tecnicamente não mostrava grande capacidade e que os destaques eram a organização imposta por Eduardo Húngaro, o desempenho de Sassá e as movimentações de Wellington e Dedé.

Nos dois primeiros desafios as equipas entraram para não perder e pelo menos visavam empatar durante o primeiro tempo; no jogo de ontem o São João entrou para tentar resolver o desafio na base da surpresa e colocou 2x0 aos 6 minutos.

Se nos jogos anteriores o Botafogo dominara do princípio ao fim, mas com um futebol ‘mole’ que aguardava vencer o adversário pelo cansaço, ontem teve que ir à procura de virar um resultado muito desfavorável.


Desfavorável porque o Botafogo não previu o esquema arrasador dos primeiros minutos do São José, a garotada atrapalhou-se e a defesa botafoguense, finalmente testada, é uma autêntica peneira. Que só não deitou tudo a perder porque o resto da equipa reagiu e, diga-se a verdade, o São José vale tanto quanto os outros dois adversários que defrontámos, isto é, muito pouco.

Após o ‘foguetório’ inicial o São José parece que achou que estava terminada a sua missão de atacar e dedicou-se a defender o 2x0, que é um resultado que, como se sabe, em campeonatos de equipas inconsistentes, pode não valer nada. E estando Sassá inspirado, tal como esteve no primeiro jogo quando entrou para resolver a partida, 13 minutos depois diminuía para 2x1 e recolocava o Glorioso na partida, com um gol muito oportuno feito com a coxa à boca da baliza.

Porém, o São José continuou recuado, satisfeito com o resultado, e até os gandulas faziam cera por volta dos 25 a 30 minutos (!) na reposição de bola. Entretanto, o Botafogo foi enredando o adversário, porque é uma equipa muito superior no Grupo W, e aos 39 minutos Sassá marcou novamente, desta vez com um tiraço da intermediária que bateu inapelavelmente o goleiro adversário. Estava feito o empate e configurava-se a vitória alvinegra, porque nas oportunidades em que a defesa permitiu que o São José marcasse, Andrey estava lá para salvar quase milagrosamente. Seis minutos depois ocorreu o intervalo e o nível de motivação de ambas as equipas era muito diferente.

No segundo tempo, ao invés de um Botafogo altivo viu-se uma equipa a controlar a bola, a privilegiar a sua posse para quebrar o ritmo do adversário e a jogar no erro do São José. Por um lado mostra que o Botafogo não tem grande confiança no seu ataque e, por outro lado, evidencia uma cautela talvez não exagerada porque de cada vez que o São José pegava a bola em contra-ataque a defesa do Glorioso estremecia na sua enorme fragilidade.


No entanto, a tática deu resultado porque a vitória aconteceu. Mas deve-se realçar que o momento do jogo foi o minuto 58. O São José contra-atacou mais uma vez e Andrey foi absolutamente formidável: defendeu uma bola à queima-roupa, levantou-se, tornou a defender no alto o rebote de cabeça feito por um atleta paulista, e ainda escorou a bola para escanteio ao terceiro remate (em que o árbitro assinalou tiro de meta). E no ataque seguinte do Botafogo, Sassá endossou a bola a Wellington que, à boca da baliza, deu um toque precioso para o fundo das redes ao minuto 59. Estava consagrada a vitória saída das mãos de um goleiro.

Os goleiros são, inúmeras vezes, os responsáveis por resultados positivos, superando as falhas flagrantes dos atacantes que perdem gols cara a cara com esses mesmos goleiros. Se os goleiros deixassem entrar metade das bolas que os atacantes perdem, não haveria goleiros vivos e as regras do futebol até talvez mudassem para permitir balizas sem guarda. O bode expiatório das torcidas é, não raras vezes, o último reduto da equipa para a ineficiência atacante. Eis uma boa razão para que o meu ídolo máximo tenha sido sempre o Manga.

Feita a virada, o São José estava aniquilado (mas não os comentadores do PFC, que mesmo quando foi feito o 4x2 ainda não consideravam o Botafogo classificado, coisa que só reconheceram aos 87 minutos de jogo!). Três minutos após o 3x2 o Botafogo marcava facilmente o 4x2, por Octávio, que se limitou a empurrar a bola para o fundo das redes em bola espalmada para a frente pelo goleiro adversário.

De modo geral o Botafogo dominou a maior parte do jogo, mas mostrou inúmeras fraquezas na defesa (exceto o ‘guarda-meta’, o ‘guarda-redes’, o ‘guardião’, o ‘arqueiro’, o ‘goleiro’ Andrey, mais uma revelação nas balizas botafoguenses, tendo no final do jogo ensaiado um futuro à Rogério Ceni: foi à entrada da área, cobrou uma falta quase perfeita e fez a bola embater estrondosamente no travessão).

Veja a cobrança de Andrey, filmada pelo nosso leitor e amigo Aurelio Moraes: http://www.youtube.com/watch?v=yv-pUDvEwb4

Em suma, um jogo em que o Botafogo soube reagir (como se esperava), mas contando muito com a inspiração de Sassá e as defesas de Andrey, quer na 1ª quer na 2ª parte. Um Botafogo com esquema de jogo, mas sem a plasticidade que ao fim de três jogos deveria possuir; que pode ser surpreendido devido à lentidão e ao mau posicionamento da defesa.


Os destaques do Botafogo foram Andrey e Sassá; o realce negativo vai para o comportamento generalizado de meias e atacantes do Botafogo que vencendo por 4x2 uma equipa destroçada, faziam cera na cobrança de bolas laterais e de faltas (o que valeu um cartão amarelo) e, sobretudo, atiravam-se para o chão por qualquer coisa, cavando grandes penalidades inexistentes e faltas que atrasassem o andamento de um jogo ganho. É aqui, nas bases, que esses comportamentos devem ser veementemente condenados, sob pena dos futebolistas brasileiros sofrerem o que sofrem quando vão para o estrangeiro e estes comportamentos paupérrimos não se adequam a equipas mais competitivas e são penalizados fortemente pelas arbitragens.

Se o Botafogo não arrumar a sua defesa não será campeão da Copinha. Se arrumar, pode ser candidato ao título com dois ou três destaques individuais numa equipa que devia valer sobretudo pela entreajuda de conjunto.

FICHA TÉCNICA
Botafogo 4x2 São José
» Gols: Sassá 19’ e 39’, Wellington 59’ e Octávio 62’ (Botafogo); São Bento 3’ e Alan 6’ (São José)
» Competição: Copa São Paulo de Futebol Júnior
» Botafogo: Andrey; Gilberto, Kazu, Dória e Allano; Jadson, Dedé, Octávio (Rômulo) e Gegê; Wellington (Sidnei) e Sassá. Técnico: Eduardo Húngaro.

Vídeo e imagens gentilmente cedidas pelo nosso leitor e amigo Aurélio Moraes [http://aureliojornalismo.blogspot.com/2012/01/sao-jose-perde-de-virada-para-o.html].

FONTE:

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