- Fui tetracampeão juvenil, seleção olímpica... Depois fui bicampeão com o Botafogo na década de 60, naquele time bom que tinha Manga, Joel, Nilton Santos, Zagallo, Gérson, Jairzinho, Garrincha... O Zagallo, além de jogar comigo, foi meu treinador no Botafogo - lembrou Dimas, mostrando as fotos e os recortes de jornais da época espalhados na mesa da sua casa, em Fortaleza.
As cartas do Mané...
O convívio com o craque das pernas tortas fez de Dimas mais que um companheiro de time. O ex-lateral-esquerdo tinha a missão de escrever as cartas que Garrincha mandava para as fãs. Mané era uma espécie de Neymar da época, mas sem a badalação das mídias sociais e de tanta imprensa.
– Como eu era uma pessoa que vivia junto com o Garrincha, escrevia as cartas dele nas viagens e tínhamos uma amizade muito grande. Naquela época, o Mané tinha um reduto de fãs e várias mulheres, e era preciso responder às cartas. Aí, era eu quem respondia, né. Ele pedia para mim porque tinha uma certa dificuldade de escrever, e eu tinha essa facilidade. Depois disso, não havia uma excursão que eu não estava dentro - contou dando risadas.
Dimas Filgueiras recebe faixa de campeão pelo Botafogo (Foto: Raphael Andriolo/Globoesporte.com)
- Os torcedores do Ceará tem que agradecer muito ao Fortaleza. Se hoje estou aqui e tenho uma história no Ceará foi por causa deles. E estou no clube há 40 anos - brincou.
Uma vida no Ceará
Dimas revive o passado com recortes de jornais e
fotos (Foto: Raphael Andriolo/Globoesporte.com
fotos (Foto: Raphael Andriolo/Globoesporte.com
- Quando tem crise, chama o Dimas - disse um torcedor.
- Não existe Ceará sem Dimas, nem Dimas sem Ceará - completou outro alvinegro.
Já são 485 jogos no comando da equipe, segundo informações do clube. E Dimas não esconde de ninguém que o Ceará, para ele, é como se fosse um filho mais velho. O segredo dessa bela história? Gentileza.
– Eu não mando, eu peço. Quarenta anos não são 40 dias. O Ceará é uma coisa que mora dentro do meu coração.
O apelido "Soldado Alvinegro" veio de um repórter, que o comparou com um militar no quartel e, quando chamado, está sempre à disposição. E com a frequente dança dos técnicos no futebol brasileiro, uma pergunta ficou no ar: ainda existe amor à camisa? E se você recebesse uma bela proposta de outro time?
Dimas comanda primeiro coletivo em seu retorno ao
Ceará (Foto: Divulgação / Ceará)
– Existe, pelo menos da minha parte. E nunca! Eu sou treinador do Ceará
e de mais ninguém. Não tem proposta que me tire de dentro do Ceará. Nem
dinheiro, o dinheiro não é tudo na vida - declarou.Ceará (Foto: Divulgação / Ceará)
Missão: xô, rebaixamento
Dimas reconhece que não esperava o 40º chamado do Ceará, mas aceitou prontamente a missão de livrar o time do rebaixamento no Campeonato Brasileiro. No primeiro desafio, derrota para o Fluminense (1 a 2). Agora o treinador tem apenas seis jogos para tirar o grupo do 17º lugar na tabela de classificação, com 32 pontos. E confiança não falta ao Soldado.
– Sempre digo que sentar naquela cadeira ali é como sentar-se numa cadeira elétrica. Acho que o Ceará tem total condições de reverter esse quadro e chegar à Sul-Americana. A fase ruim passou, agora é a fase boa. Vamos para o tudo ou nada - finalizou Dimas.
Em confronto direto para escapar da zona de perigo, o Ceará enfrenta o Avaí neste domingo, às 17h (horário de Brasília), na Ressacada. Você confere a partida em Tempo Real no
GLOBOESPORTE.COM.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/programas/esporte-espetacular/noticia/2011/11/idolo-no-ceara-dimas-filgueiras-jogou-com-garrincha-e-escrevia-suas-cartas.html
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