sábado, 26 de fevereiro de 2011

Emanuel inicia caminhada em busca de quinta participação olímpica

Medalhista de ouro e bronze nas duas últimas edições dos Jogos Olímpicos, atleta curitibano inicia luta por vaga em Londres-2012

Por Luciano Balarotti Curitiba

Emanuel vôlei de praia (Foto: Luciano Balarotti)Emanuel quer iniciar em casa arrancada rumo a
mais uma olimpíada (Foto: Luciano Balarotti)

Competir em casa tem um sabor especial para o curitibano Emanuel, que em dupla com o capixaba Alison segue na disputa da quarta etapa do Circuito Banco do Brasil de vôlei de praia. Jogando na arena montada no Parque Barigui, Emanuel é um dos dois únicos atletas paranaenses a participar da chave principal da competição, iniciada nesta sexta-feira – a outra é Ágatha, que forma dupla com a cearense Luiza Amélia.
Diante de sua torcida, Emanuel e seu parceiro Alison venceram as duas partidas que disputaram em seu grupo, garantindo um lugar na fase eliminatória, que acontece no sábado e definirá os classificados para a grande final de domingo.
Maior nome da história da modalidade no Paraná, bicampeão mundial, nove vezes vencedor do circuito mundial, medalhista de ouro nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, e bronze em Pequim, em 2008, Emanuel começou a carreira no vôlei de quadra, mas aos 19 anos migrou para a areia, onde se consagrou.
A vitoriosa carreira não mudou em nada seu jeito simples e tranqüilo. Levemente atrasado para encontro com a imprensa, Emanuel inicia a entrevista com um pedido de desculpas, esbanjando simpatia.
O primeiro ponto que o atleta destaca é a certa surpresa que desperta o fato de ter nascido em Curitiba e praticar um esporte associado com praia, sol e calor. Emanuel até concorda que o fato é inusitado, mas ressalta que mais do que a cidade de origem, o mais importante para a formação de um atleta da modalidade é o incentivo à prática esportiva.
- Todo mundo pergunta como, sendo de Curitiba, eu jogo melhor na praia do que na quadra. Eu respondo que é porque busquei ar novos caminhos. E toda vez que tem um evento em Curitiba eu tento dar meu máximo para que surjam outros exemplos, outros jogadores. Eu
sei que é difícil isto acontecer, mas eu gostaria. O Paraná sempre foi um celeiro de
grandes atletas do vôlei de quadra, mas não acontece o mesmo no vôlei de praia. Talvez no futuro, quando eu parar de jogar, eu tente ajudar um pouquinho nessa formação de atletas aqui no estado.
Mesmo a carreira dentro das quadras não tem sido promissora para os jovens talentos paranaenses, que quase sempre precisam deixar o estado para atuar profissionalmente.
- Temos muitos atletas que vão até o nível juvenil, mas daí por diante praticamente não tem mais nenhuma disputa aqui no Paraná que faça eles se motivarem para continuar. Agora tem o time de Londrina, que merece parabéns pela iniciativa de disputar a Superliga. Se o Paraná ficar sem uma equipe de excelência, aí não tem como o esporte evoluir.
Enquanto não chega a hora de se dedicar a revelar novos atletas, Emanuel se prepara com afinco para realizar o sonho de disputar sua quinta olimpíada – antes de chegar ao pódio nas duas últimas edições dos jogos, participou também das disputas em Atlanta, em 1996, e Atenas, em 2000.
- Estou muito motivado porque o ano passado foi um ano de renovação, de reciclagem
geral para mim. Mudei o sistema de treinamento e fui morar no Rio de Janeiro. Foram várias mudanças no lado pessoal que me motivaram muito. E este ano já é classificatório para os Jogos Olímpicos de Londres, no ano que vem.
Para chegar a mais uma olimpíada, Emanuel e Alison terão que se manter entre as duas melhores duplas brasileiras no ranking mundial até junho do ano que vem, quando se encerra a fase classificatória para os Jogos.
- Em abril acontece a primeira etapa do circuito mundial, em Brasília. Depois tem o Campeonato Mundial, que vai ser em Roma, de 13 a 19 de junho. Então, a ideia de nossa equipe é estar bem fisicamente de abril para frente. Por isso estamos usando o circuito brasileiro para acelerar nosso treinamento. Até porque duas duplas vão para a olimpíada e têm cinco duplas muito fortes que podem deslanchar este ano. Além do nosso time, o Márcio e Ricardo, o dois Pedros (Solberg e Cunha), o Harlei e o Tiago, que fizeram uma dupla nova, e o Benjamin que voltou a jogar com o Bruno são os times mais fortes na briga por estas vagas.
Que serão definidas pela pontuação somada do Campeonato Mundial de junho e das 24 etapas das duas próximas temporadas do circuito mundial.
- Nossa intenção é tentar fazer o máximo de pontos este ano, principalmente
porque a pontuação do mundial é três vezes maior do que a de uma etapa normal. Então, o vencedor do mundial já está, pelo menos, 20% na frente dos outros times.
Apesar de concentrar forças nas disputas mundiais, Emanuel não abre mão de fazer um bom papel no circuito nacional, em que ocupa a vice-liderança no ranking, atrás apenas da dupla formada por Márcio e por seu ex-parceiro Ricardo.
- Estamos 40 pontos atrás deles porque tivemos dois segundos e um terceiro lugar nas três etapas e eles fizeram dois primeiros e um terceiro. Enfrentar o Ricardo é motivante para mim e para ele. Como a gente se separou por questões pessoais e não profissionais a nossa relação é
super boa, mas dentro de quadra é competição, aí é cada um por si de verdade.
O encontro já tradicional entre os dois ex-companheiros pode acontecer na etapa curitibana, quem sabe na grande final. E é de confrontos como estes que Emanuel diz perceber que seu jogo evolui.
- Acho importante a repetição dos jogos com estas duplas mais fortes, porque todos os times que estão nesta disputa pela vaga olímpica estão sempre evoluindo. Quando você começa a jogar sempre com os mesmos times, você sempre tenta corrigir um defeitinho no seu time e assim você evolui. Esta evolução é algo que nos outros países não existe. Nem nos Estados Unidos, que tem um circuito forte, mas só duas duplas boas, enquanto aqui são pelo menos cinco.

FONTE:
http://globoesporte.globo.com/pr/noticia/2011/02/emanuel-inicia-caminhada-em-busca-de-quinta-participacao-olimpica.html

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