Com duas líberos na briga por uma vaga na Olimpíada do Rio, treinador admite dúvida e lamenta: "É uma situação extremamente delicada e difícil de ser resolvida"
As dúvidas, aos poucos, vão diminuindo. Às vésperas da
Olimpíada, há quem se arrisque até a dar algumas certezas na lista final da
seleção feminina. Há, porém, um duelo que deve ser levado até o limite por um
lugar no grupo. Camila Brait, que parecia garantida quando José Roberto
Guimarães fez a primeira convocação, viu a sombra de Léia ganhar vida. Destaque
na vitória contra a Rússia, a líbero reafirmou as boas atuações anteriores e
inflamou ainda mais a disputa por uma vaga.
Zé admite que não será fácil escolher. Ao ser perguntado
sobre a disputa, abaixa a cabeça, pensa e busca as palavras. Elogias as duas e
tenta mostrar as vantagens de cada uma. Sabe que não terá como fugir da
escolha e, por isso, faz uso da velha máxima: perde o sono diante da dúvida.
Léia comemora ponto do Brasil contra as
russas (Foto: Divulgação/FIVB)
- Eu vou pedir a opinião não só da comissão técnica, mas
também das jogadoras. É uma situação extremamente delicada e difícil de ser
resolvida. Mas é em função do que está acontecendo no momento e de performance.
E de como as jogadoras estão se sentindo dentro da quadra. É importante também
a avaliação que elas estão fazendo. Para que possamos decidir, em conjunto, no
momento, quem vai ser melhor. É uma decisão muito complicada e que está me
tirando o sono - afirmou.
+
Vitória anima, postura agrada, mas Zé Roberto quer mais:
"É daí para cima"
+ Perfeito, Brasil se agiganta, embolsa a Rússia e vai à semifinal do Grand Prix
+ Perfeito, Brasil se agiganta, embolsa a Rússia e vai à semifinal do Grand Prix
- Elas são muito parecidas na maneira de jogar e de ser. A
Leia, acho, está um pouco mais constante no passe. A Camila, um pouco mais constante
na defesa. Depende muito do que o time vai precisar mais. Se é constância de
passe, de defesa. Nós temos opções também que podem entrar para ajudar no
passe. Enfim. Isso vai depender muito de como o time vai se sentir. Eu não vou
jogar. O feedback que as jogadoras derem, de como elas estão se sentindo lá
dentro, vai ser importante – completou.
Camila Brait começou a disputa
como favorita a um lugar na
lista final (Foto: Divulgação/FIVB)
Léia, depois de boa temporada pelo Minas, foi a primeira a
se apresentar à seleção. Com uma lesão muscular na coxa, fez a recuperação
junto à equipe médica de Zé Roberto. Nos treinos, recebeu elogios e ganhou
oportunidades durante os amistosos contra a República Dominicana e na fase de
classificação do Grand Prix. Na reta final, tenta mostrar que tem condições de
representar a seleção na Olimpíada. E, em meio à disputa, elogia a concorrente
pela vaga.
- Temos de estar preparadas. Desde o primeiro dia que
cheguei, não posso reclamar. O trabalho é dado para todo mundo. Eu estou
aproveitando ao máximo. E agradeço por ter essa oportunidade. Conversamos (ela
e Camila) muito, nos damos muito bem e nos gostamos. Quem estiver lá dentro,
quer o melhor para o Brasil, para a equipe. Não temos essa rivalidade. Temos a
rivalidade de fazer uma melhorar mais, uma estar melhor e puxar a outra. É
gostoso e saudável – disse a líbero.
Camila, por outro lado, já viveu a dor de um corte. Em
Londres, chegou a viajar com a seleção para a Olimpíada, mas deu lugar a
Natália, que ainda se recuperava de lesão. Ela tenta, no entanto, mostrar força
e condições para, enfim, ter sua primeira experiência em Jogos.
- Tem que ter a cabeça boa. Ter a cabeça no lugar e
aproveitar a oportunidade. O técnico fica com uma pulga atrás da orelha, mas é
normal. Ainda mais em ano olimpico. Quer dizer que várias atletas estão
correspondendo. Agora, é esperar. Em alguns jogos, não gostei da minha atuação.
Melhorei. Acho que joguei bem contra a Tailândia. A Léia fez uma boa partida
hoje, ganhamos da Rússia por 3 a 0. Espero jogar mais alguns jogos até a final.
- Acho que vai ser tenso (para Zé Roberto), é normal. A pior
hora é na hora dos cortes. Ele sempre disse isso. Na seleção, estão as
melhores. Sei que está em dúvida. Espero que leve quem estiver melhor. Tenho
que entrar sempre a milhão. Mostrar o meu vôlei. Ter a cabeça boa, puxar as
meninas, alegrando. Como eu sempre fiz.
Zé conversa com jogadoras durante partida
contra a Rússia (Foto: Divulgação/FIVB)
Zé sabe que o tempo é curto. O técnico, que precisa entregar
a lista final até o dia 1º de agosto, evita cortar jogadoras muito antes do
limite. Em caso de alguma lesão em cima dos Jogos, precisaria chamar de volta uma
atleta já não tão empolgada assim. Mas o treinador reconhece que não poderá
tomar a decisão tão perto da Olimpíada.
- Acho que a briga está muito parelha. É uma situação
difícil. Vai ser muito complicada. Bem como as outras decisões de cortes.
Olimpíada é momento. Pode vir muito bem e depois cair. É período, e isso
acontece, como já aconteceu. Vamos ver as brigas pelas posições. Não dá para
ter a definição exata daquilo. Vamos ver como o time vai se comportar. Ainda
não coloquei uma data, mas não podemos ir muito longe. Vamos ver agora, na
volta, o que fazer, já pensando nessas posições. Não dá para prorrogar até
muito próximo. Mas tem o problema das contusões. O perigo é ter uma contusão
agora e ter que chamar de volta. Já vai estar desacelerada, com a cabeça de que
foi preterida. Principalmente em posições chaves, como líbero e levantadora.
Além de Camila e Léia, a briga está acirrada em outras duas
posições. Entre as levantadoras, Fabíola treina em Saquarema, enquanto Roberta
espera por uma posição sobre as condições da companheira. No meio de rede,
Juciely e Adenízia disputam a última vaga da lista.
No Grand Prix, o Brasil não joga nesta sexta-feira. Apenas
treina à tarde, no horário de Bangcoc. A seleção espera a definição de seu
adversário na semifinal de sábado, às 5h (horário de Brasília).
FONTE:
Nenhum comentário:
Postar um comentário