quinta-feira, 7 de julho de 2016

Brait e Léia acirram disputa por vaga, e Zé vai consultar grupo antes de decidir




Com duas líberos na briga por uma vaga na Olimpíada do Rio, treinador admite dúvida e lamenta: "É uma situação extremamente delicada e difícil de ser resolvida"




Por
Bangcoc, Tailândia




As dúvidas, aos poucos, vão diminuindo. Às vésperas da Olimpíada, há quem se arrisque até a dar algumas certezas na lista final da seleção feminina. Há, porém, um duelo que deve ser levado até o limite por um lugar no grupo. Camila Brait, que parecia garantida quando José Roberto Guimarães fez a primeira convocação, viu a sombra de Léia ganhar vida. Destaque na vitória contra a Rússia, a líbero reafirmou as boas atuações anteriores e inflamou ainda mais a disputa por uma vaga.

Zé admite que não será fácil escolher. Ao ser perguntado sobre a disputa, abaixa a cabeça, pensa e busca as palavras. Elogias as duas e tenta mostrar as vantagens de cada uma. Sabe que não terá como fugir da escolha e, por isso, faz uso da velha máxima: perde o sono diante da dúvida.

Léia Brasil Grand Prix (Foto: Divulgação/FIVB)
Léia comemora ponto do Brasil contra as 
russas (Foto: Divulgação/FIVB)


- Eu vou pedir a opinião não só da comissão técnica, mas também das jogadoras. É uma situação extremamente delicada e difícil de ser resolvida. Mas é em função do que está acontecendo no momento e de performance. E de como as jogadoras estão se sentindo dentro da quadra. É importante também a avaliação que elas estão fazendo. Para que possamos decidir, em conjunto, no momento, quem vai ser melhor. É uma decisão muito complicada e que está me tirando o sono - afirmou.




- Elas são muito parecidas na maneira de jogar e de ser. A Leia, acho, está um pouco mais constante no passe. A Camila, um pouco mais constante na defesa. Depende muito do que o time vai precisar mais. Se é constância de passe, de defesa. Nós temos opções também que podem entrar para ajudar no passe. Enfim. Isso vai depender muito de como o time vai se sentir. Eu não vou jogar. O feedback que as jogadoras derem, de como elas estão se sentindo lá dentro, vai ser importante – completou. 

Camila Brait Brasil Grand Prix (Foto: Divulgação/FIVB)
Camila Brait começou a disputa 
como favorita a um lugar na 
lista final (Foto: Divulgação/FIVB)


Léia, depois de boa temporada pelo Minas, foi a primeira a se apresentar à seleção. Com uma lesão muscular na coxa, fez a recuperação junto à equipe médica de Zé Roberto. Nos treinos, recebeu elogios e ganhou oportunidades durante os amistosos contra a República Dominicana e na fase de classificação do Grand Prix. Na reta final, tenta mostrar que tem condições de representar a seleção na Olimpíada. E, em meio à disputa, elogia a concorrente pela vaga.

- Temos de estar preparadas. Desde o primeiro dia que cheguei, não posso reclamar. O trabalho é dado para todo mundo. Eu estou aproveitando ao máximo. E agradeço por ter essa oportunidade. Conversamos (ela e Camila) muito, nos damos muito bem e nos gostamos. Quem estiver lá dentro, quer o melhor para o Brasil, para a equipe. Não temos essa rivalidade. Temos a rivalidade de fazer uma melhorar mais, uma estar melhor e puxar a outra. É gostoso e saudável – disse a líbero.

Camila, por outro lado, já viveu a dor de um corte. Em Londres, chegou a viajar com a seleção para a Olimpíada, mas deu lugar a Natália, que ainda se recuperava de lesão. Ela tenta, no entanto, mostrar força e condições para, enfim, ter sua primeira experiência em Jogos.

- Tem que ter a cabeça boa. Ter a cabeça no lugar e aproveitar a oportunidade. O técnico fica com uma pulga atrás da orelha, mas é normal. Ainda mais em ano olimpico. Quer dizer que várias atletas estão correspondendo. Agora, é esperar. Em alguns jogos, não gostei da minha atuação. Melhorei. Acho que joguei bem contra a Tailândia. A Léia fez uma boa partida hoje, ganhamos da Rússia por 3 a 0. Espero jogar mais alguns jogos até a final.

- Acho que vai ser tenso (para Zé Roberto), é normal. A pior hora é na hora dos cortes. Ele sempre disse isso. Na seleção, estão as melhores. Sei que está em dúvida. Espero que leve quem estiver melhor. Tenho que entrar sempre a milhão. Mostrar o meu vôlei. Ter a cabeça boa, puxar as meninas, alegrando. Como eu sempre fiz.

Brasil vôlei seleção Grand Prix (Foto: Divulgação/FIVB)
Zé conversa com jogadoras durante partida 
contra a Rússia (Foto: Divulgação/FIVB)


Zé sabe que o tempo é curto. O técnico, que precisa entregar a lista final até o dia 1º de agosto, evita cortar jogadoras muito antes do limite. Em caso de alguma lesão em cima dos Jogos, precisaria chamar de volta uma atleta já não tão empolgada assim. Mas o treinador reconhece que não poderá tomar a decisão tão perto da Olimpíada.

- Acho que a briga está muito parelha. É uma situação difícil. Vai ser muito complicada. Bem como as outras decisões de cortes. Olimpíada é momento. Pode vir muito bem e depois cair. É período, e isso acontece, como já aconteceu. Vamos ver as brigas pelas posições. Não dá para ter a definição exata daquilo. Vamos ver como o time vai se comportar. Ainda não coloquei uma data, mas não podemos ir muito longe. Vamos ver agora, na volta, o que fazer, já pensando nessas posições. Não dá para prorrogar até muito próximo. Mas tem o problema das contusões. O perigo é ter uma contusão agora e ter que chamar de volta. Já vai estar desacelerada, com a cabeça de que foi preterida. Principalmente em posições chaves, como líbero e levantadora.

Além de Camila e Léia, a briga está acirrada em outras duas posições. Entre as levantadoras, Fabíola treina em Saquarema, enquanto Roberta espera por uma posição sobre as condições da companheira. No meio de rede, Juciely e Adenízia disputam a última vaga da lista.

No Grand Prix, o Brasil não joga nesta sexta-feira. Apenas treina à tarde, no horário de Bangcoc. A seleção espera a definição de seu adversário na semifinal de sábado, às 5h (horário de Brasília).


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