Vencedor do Prêmio Puskás aproveita viagem com a esposa, admite expectativa de faturar com propagandas, revela elogio de Messi e foca no Vila Nova: "Pressão grande"
Na zona mista após a premiação, Wendell era um dos mais procurados. Com ajuda de uma tradutora da Fifa, concedeu entrevistas para veículos da imprensa de vários países. E sua conta no Instagram sofreu um "boom": passou de 10 mil para 80 mil seguidores em poucas horas após a vitória - o número continua crescendo de forma impressionante. Antes de ficar entre os 10 indicados, ele tinha apenas 600 seguidores. Isso fora o episódio com o celular, que teve problema e passou a desligar sozinho por conta do altíssimo número de mensagens que recebeu. Foram mais de 500 só no Whatsapp, a maioria de desconhecidos.
Wendell Lira e a esposa, Ludmyla, com o
Prêmio Puskás (Foto: Ivan Raupp)
Apesar da conquista, Wendell manteve os pés no chão. A simplicidade continua lá. Tanto é que a comemoração passou longe de ser extravagante. Foi a dois, com a esposa, no quarto. Os olhos vidrados no celular reviam sem parar o vídeo do anúncio e conferiam os recados nas redes sociais e as montagens com sua foto na internet. Ele parou, gentilmente, para receber o GloboEsporte.com. Veja nosso bate-papo com ele e a esposa, Ludmyla, a seguir.
GloboEsporte.com: Qual foi o momento mais marcante da festa? O que você viveu lá atrás, nos bastidores?
Wendell Lira: Viajar com minha esposa... Não tive lua de mel com minha esposa, de repente você vem para Zurique, uma cidade maravilhosa, no frio, num hotel como esse, e você passear com sua esposa. Ficou marcado nas nossas vidas.
Para Ludmyla: Como você vive esse momento, essa lua de mel?
Foi tudo incrível, desde a viagem, cada detalhe... Foi incrível. É para guardar para sempre.
Voltando a Wendell: Quer dizer que você quase deixou o troféu cair, de tão pesado que é?
Olha, nunca tinha visto um troféu pesado como esse não. Quando fui tirá-lo da mesa, me assustei, realmente era muito pesado. Quando fui descer, a mão fraquejou um pouco e quase que ele vai para o chão (risos). Mas graças a Deus segurei tranquilo.
O Prêmio Puskás tem alguma bonificação financeira?
Não, até agora não me foi passado nada. Acho que não deve ter. Mas, se tiver, eles devem entrar em contato comigo.
Como está sua situação financeira hoje?
Minha vida hoje é um pouco complicada financeiramente, porque fiquei quatro meses desempregado e comecei a trabalhar agora neste mês. Na verdade só vou receber mês que vem. Mas graças a Deus tem pessoas que têm me ajudado bastante, minha família. E o pessoal do Vila Nova já me adiantou um pouco do salário para eu poder ter uma tranquilidade financeira.
Você já assinou com o Vila Nova. Caso surja uma nova proposta, daria para pensar nela?
Não. O meu maior foco foi ir para o Vila Nova. Claro que a premiação foi muito importante. Ela ficou marcada, foi muito bom ter ganhado. Mas agora preciso dar uma sequência maior à minha carreira, me firmar como jogador, porque a pressão e a cobrança serão maiores, tanto para o lado bom quanto para o ruim. Agora é focar no Vila Nova, fazer uma pré-temporada boa para chegar bem no campeonato.
Dá para aproveitar bem o momento. Vai virar garoto-propaganda em Goiás. Vai ter muita gente te procurando nesse sentido, né?
Tem que aproveitar bastante. Já ganhei muitos presentes, com certeza vai aumentar agora. Mas vou olhar com carinho todos que aparecerem porque foram pessoas que me ajudaram e estão me ajudando neste momento complicado da minha vida. Só tenho a agradecer a todos.
Wendell orgulhoso do prêmio
(Foto: Ivan Raupp)
Na verdade tem muitas empresas que me procuram. Ainda não me ofereceram nem contrato, nem dinheiro, mas são roupas, tênis, sapatos para que eu use e, numa futura aparição de imagem, eles me dariam algum dinheiro. A partir de agora deve ter alguma coisa mais formal, mais concreta.
Para Ludmyla: E a esposa, já recebeu alguma proposta?
Ainda não. Mas, dos presentes que ele ganha, sempre sobra alguma coisinha para mim (risos).
Voltando a Wendell: Como foram as conversas com Neymar, Messi e Cristiano Ronaldo nos bastidores?
O Neymar foi muito educado, super gentil. O Messi foi mais simples, mais rápido. E o Cristiano foi um presente. Eu conheci o Marcelo antes, um cara de quem sou fã demais, adoro o futebol dele, e ele foi muito educado, chamou o Cristiano Ronaldo para tirar foto comigo. Realizou esse sonho que seria quase impossível.
O que o Messi te falou?
Ele me deu os parabéns, disse para que eu continuasse, pois tinha futuro.
Qual foi a mensagem mais marcante que recebeu nos bastidores?
Foram tantas... Mas a que mais me chamou atenção foi a do Daniel Alves. Eu me segurei ao máximo para não chorar durante meu discurso, mas não aguentei quando cheguei na minha cadeira. Chorei muito. Ele, muito educado, levantou e foi até mim, me cumprimentou e depois voltou a conversar comigo. É um cara muito bacana, e queria mandar um grande abraço a ele.
Você citou a passagem bíblica de Davi e Golias no seu discurso. O que ela tem a ver com a sua vida?
Tem tudo a ver com a minha vida. Não me comparando a Davi nunca, mas desde pequeno sempre batalhei e sonhei em ser jogador. Mas eu era muito magro (pesava 52kg), tive muitos problemas de saúde. Minha mãe às vezes até me batia por jogar bola. Consegui vencer todos esses obstáculos, e foram mais e mais obstáculos. A história de Davi serve como exemplo não só para mim, mas para todos que conhecem a palavra de Deus.
Já dá para imaginar como vai ser a recepção em Goiás?
Não dá para imaginar. Eu e minha esposa pensávamos que seria uma viagem tranquila para cá, de repente no aeroporto havia cinco ou seis emissoras. O pessoal em volta torcendo, dando os parabéns, palavras de aconchego. Tinha duas senhorinhas que gritavam, pulavam, estavam mais felizes do que eu (risos). Imagina a volta. Ali mesmo, vendo as pessoas que não me conhecem gritando por mim, já comecei a chorar. Não tenho palavras. Isso tudo é um sonho.
Descansar nem pensar por enquanto?
Não, não. Agora é curtir o momento. A vontade é de correr, gritar, pular. Por dentro aqui estou que não me aguento. Mas tudo é válido agora neste momento.
O que o Vila Nova pode esperar do Wendell Lira? Outros golaços virão?
Espero que sim. A torcida do Vila Nova já me conhece bem, sou de lá (Goiás), joguei bastante. A torcida pode esperar um Wendell mais preparado, mais maduro e aguerrido naquilo que quer, porque agora sei que preciso me preparar mais. Tenho que dar mais de mim, porque a pressão vai ser grande. Com certeza isso só vai me engrandecer.
O assédio vai ser grande. O Vila Nova já conversou com você sobre isso? Vai chegar lá e ter um foco especial nisso?
Vai sim. O pessoal do Vila Nova está muito atento comigo. Pediram para que eu focasse mais na volta, ganhando ou perdendo (o prêmio), porque futebol é minha vida, meu trabalho, antes de mais nada. Então preciso estar bem preparado. Também preciso porque é dentro de campo que tenho de mostrar, ali é meu ganha-pão.
O que vai ser da sua vida agora? Mudanças imediatas?
É até difícil falar, porque está tudo tão novo e inesperado. Espero que não mude muita coisa não. Somos um casal simples, mas que batalha e tenta realizar os sonhos. Espero que possamos conseguir mais e mais, comprar nossa casa, ter nossa vida e melhorar mais e mais.
Ludmyla completa: Com certeza nossa casa agora é o foco
Wendell Lira beija a esposa,
Ludmyla (Foto: Ivan Raupp)
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