quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Mano desolado, garotos assustados e clima de velório: a queda do Timão


Eliminação da Copa do Brasil divide corintianos em diferentes reações. Guerrero se irrita, Cássio reclama, e diretoria mantém Libertadores como meta


Por Belo Horizonte




O relógio já se aproximava de 1h30 da quinta-feira quando o ônibus do Corinthians deixou o estacionamento do Mineirão após a derrota por 4 a 1 para o Atlético-MG (assista no vídeo aos melhores momentos), resultado que eliminou o Timão da Copa do Brasil. Na primeira poltrona da fileira à direita, o técnico Mano Menezes tinha expressão vazia: encostado à janela, olhava para baixo, com a cabeça apoiada em uma das mãos, incrédulo. Antes de partir em direção ao hotel onde a delegação estava hospedada, o treinador balançou a cabeça negativamente repetidas vezes, como se ainda não acreditasse no que havia acabado de acontecer. Uma queda dolorosa, na competição que o clube tratava como maior aposta para o restante de temporada.
A voz embargada na entrevista coletiva e as pausas entre as frases já davam ideia da reação de Mano Menezes ao resultado da partida no Mineirão. O discurso de confiança adotado após a vitória por 2 a 0 no jogo de ida, há duas semanas, foi substituído pelo inconformismo. O técnico sabia que a força da torcida do Atlético-MG, aliada à formação desfalcada do Timão, poderiam complicar a situação da equipe. Mas realmente não acreditava, especialmente após Guerrero abrir o placar no Mineirão aos quatro minutos do primeiro tempo, que deixaria Belo Horizonte como o derrotado de uma virada histórica do Galo.

Mano Menezes (Foto: Rodrigo Faber)
Mano era o retrato da decepção após a eliminação 
na Copa do Brasil (Foto: Rodrigo Faber)


O clima no hotel onde a equipe estava hospedada era exatamente o oposto após a vitória por 1 a 0 sobre o Cruzeiro. Naquela oportunidade, há uma semana, no mesmo local, os jogadores ficaram um bom tempo conversando após o tradicional lanche pós-jogo. Na madrugada desta quinta, o processo foi rápido, e todos partiram para seus respectivos quartos. Sem rastros de protestos ou reclamações de torcedores pela derrota.

As reações no grupo corintiano foram variadas. Enquanto Mano tinha dificuldades para explicar o que havia acabado de acontecer, os jogadores mais jovens se mostravam assustados. Apesar da inexperiência, atletas como o atacante Malcom, de apenas 17 anos, sabiam o tamanho da repercussão de uma derrota de virada, que se transformou em goleada e fim da trajetória do Timão no mata-mata. Um vestiário com clima de velório por parte da maioria e de irritação de outros, como o atacante Paolo Guerrero, absolutamente revoltado com a eliminação.

Revolta semelhante à do goleiro Cássio, que disparou que havia “gente que não estava preparada para jogar no Corinthians” no curto contato com a imprensa ainda no gramado do Mineirão após a derrota. O jogador se retratou antes de deixar o estádio, dizendo que todos tinham sua parcela de culpa. Durante a partida, os diálogos com o zagueiro Felipe – que desviou a bola de sua rota e “matou” Cássio no segundo gol do Atlético-MG – deixavam claro que o goleiro não estava nada satisfeito com a atuação trágica de sua defesa.

No intervalo da derrota para o Botafogo, no último sábado, ele já havia apontado a desorganização da equipe após sofrer um gol, dizendo que os zagueiros não deveriam atacar, mas sim permanecer em suas funções originais. Sem Gil, que voltou da seleção brasileira, mas deu a entender que não tinha condições para começar a partida, o Corinthians sofreu com uma defesa que “bateu cabeça” o jogo inteiro. A falha de posicionamento de Felipe no quarto gol é notável.

Mário Gobbi, presidente do Corinthians (Foto: Rodrigo Faber)
Faltando pouco para o fim de seu mandato, 
Gobbi descarta mudanças no comando 
técnico do Timão (Foto: Rodrigo Faber)

Internamente, o clima era muito pouco propício ao diálogo após a eliminação. Um desequilíbrio psicológico por todos os lados. No fim do mês passado, após a derrota para o Atlético-PR, o lateral Fábio Santos, o volante Ralf e o meia Renato Augusto defenderam Mano Menezes, dizendo que todos eram culpados pela instabilidade da equipe, e que o treinador não deveria ser utilizado como bode expiatório. Mas alguns jogadores não entendem certas decisões do comandante. A principal é o fato de Jadson ter passado de titular a opção descartada no meio-campo – mesmo com Danilo vivendo fase limitada.

A pouco mais de três meses para o fim do seu mandato, o presidente Mário Gobbi descarta a saída de Mano do cargo. Ciente de que o seu sucessor também terá um nome de preferência para assumir a vaga, o mandatário sabe que qualquer movimentação neste momento seria precipitada. Nos bastidores, membros da oposição já se preocupam com a questão. A eleição está marcada para o início de fevereiro, e o processo de contratação de um novo técnico teria de acontecer com o Campeonato Paulista, por exemplo, já se iniciando.

Apesar do nervosismo após a derrota, a diretoria faz questão de deixar claro aos jogadores que a vaga na Taça Libertadores da América continua como obrigação, agora por meio de uma vaga no G-4 do Brasileiro. “Catástrofe”, “desastre”, “frustração”... Os substantivos para definir o que representaria não jogar o principal torneio do continente pelo segundo ano consecutivo se acumulam nas declarações de jogadores e diretores. O agora único caminho por esse direito recomeça no domingo, às 16h (horário de Brasília), contra o Internacional, no Beira-Rio.

Oônibus do Corinthians em BH (Foto: Rodrigo Faber)
Eliminada, a delegação do Corinthians deixa o 
Mineirão (Foto: Rodrigo Faber)


FONTE:
ttp://glo.bo/1ry9j4g

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