sexta-feira, 27 de junho de 2014

Não é só "Lepo-Lepo": Schweinsteiger dá cara de Bayern e faz meio encaixar

Titular pela primeira vez no Brasil, volante é elogiado por atuação ao lado de Kroos e Lahm. E supera marca de Beckenbauer ao se tornar 7º que mais jogou pela seleção


Por Recife

Dançar “Lepo-Lepo” ou ensaiar passos de samba definitivamente não são as prioridades de Bastian Schweinster no Brasil. O “bon vivant” de Santa Cruz Cabrália foi até esta quinta-feira manchete pelo show de simpatia (o torcedor do Bahia que o diga) e suas limitações físicas, mas mostrou no Recife o que o povo também esperava dele: futebol. A entrada do camisa 7 no time titular pela primeira vez na Copa do Mundo deu o salto de qualidade que faltava à Alemanha. E mais: uma cara de Bayern de Munique ao meio-campo, o que nos últimos tempos só pode ser sinônimo de sucesso.

Schweinsteiger atuou 76 minutos na vitória sobre os Estados Unidos, por 1 a 0, que classificou sua equipe em primeiro no Grupo G - os alemães enfrentarão a Argélia nas oitavas de final, segunda-feira, em Porto Alegre. Superou a lenda Franz Beckenbauer em número de partidas pela seleção: são 104, 46 a menos do que o líder Lothar Matthäus. Ele é o sétimo da lista. 




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Foi ainda peça fundamental no combate e, principalmente, na construção de jogadas enquanto esteve em campo, como já havia acontecido nos 20 minutos em que jogou contra Gana. Sua presença no lugar de Sami Khedira rendeu diversos elogios da imprensa alemã - parte dela o escolheu como melhor na Arena Pernambuco - e também do técnico Joachim Löw.

- Schweinsteiger deixou ótima impressão. Foi um bom momento para dar um descanso para Khedira – disse o treinador, agora com uma boa dor de cabeça para escolher o time que enfrentará os africanos no Beira-Rio.



Schweinsteiger Alemanha (Foto: AP)
Schweinsteiger comemora a classificação em 
primeiro com a Alemanha (Foto: AP)

Se quiser optar pelo entrosamento, Löw não deverá sequer pensar duas vezes. Com liberdade para apoiar, Schweinsteiger conseguiu 16 corridas com a bola no campo ofensivo - 15 delas apenas no primeiro tempo. Lahm (10) e Kroos (16) foram quem mais receberam passes do moderno volante, que terminou a partida nos braços da namorada Sarah, presente nas arquibancadas do estádio (veja acima). A cena do beijo diante de milhares de torcedores casou com o discurso elaborado antes de vir ao Brasil.

- Embora nós alemães tenhamos nos tornado jogadores tecnicamente perfeitos ao longo dos anos, sem paixão e vontade não vamos ganhar nada no Brasil. A Copa é um torneio de força de vontade – afirmou em entrevista ao jornal “Bild”.



Palpiteiro e influente
Converso com ele sobre tática, análise de jogos, ele gosta de fazer suas observações e é um excelente interlocutor quando quero discutir algo com o time. Sempre teve essa influência 
Joachim Löw

 Raça tampouco é um problema para Schweinsteiger. Mesmo voltando de lesão, ele percorreu quase dez quilômetros e foi visto frequentemente ajudando seus companheiros a roubarem a bola dos americanos. Com a bola nos pés sobrou a habitual qualidade: acertou 76 dos 84 passes (90%, média acima dos 88,9% registrados na Bundesliga da última temporada). Contra Gana, ele acertou 16 de 18 toques.

- Schweinsteiger é muito precioso para nosso time. Converso com ele sobre tática, análise de jogos, ele gosta de fazer suas observações e é um excelente interlocutor quando quero discutir algo com o time. Sempre teve essa influência. Nunca poderemos prescindir dele – contou Löw na véspera do jogo diante de Gana.



Schweinsteiger e Sara Alemanha (Foto: AP)
Schweinsteiger e a namorada Sarah: beijos após 
o apito final na Arena Pernambuco (Foto: AP)

O papel relevante dentro e fora dos gramados fez de Schweinsteiger o vice-capitão do time. Quem usa a braçadeira é Philipp Lahm, com quem o volante divide espaço no meio-campo na seleção - exatamente como aconteceu durante a temporada no Bayern. Löw voltou a ponderar sobre a opção de não colocá-lo na lateral, o que foi pedido pelos críticos durante a semana.




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- Acho que essas discussões não começaram hoje ou há uma semana. Isso já vem desde a Alemanha. Será que ele deve jogar do lado esquerdo ou direito? Agora é se ele tem que jogar no meio. Nós tomamos uma decisão para o jogo de Portugal e ele se saiu muito bem. Todo mundo ficou em silêncio. Contra Gana, a discussão surgiu de novo. Hoje (quinta), Schweinsteiger e Lahm jogaram muito bem e dominaram o meio-campo. Lahm estava sempre na frente da defesa. Estamos muito forte no meio e não vejo motivo para mudar.

O auxiliar-técnico Hans Flick pensa como seu chefe e considera fundamental a influência do Bayern na seleção.

- Não há dúvidas de que nós realmente temos uma grande vantagem pelo trabalho que é feito no Bayern. São jogadores bastante maduros, também próximos da filosofia que queremos aplicar aqui. Temos uma mistura muito boa, hoje existe uma diferença bem pequena entre nós e o Bayern. Nós conversamos muito sobre isso e é uma das chaves para o nosso sucesso.



Low, Kroos e Schweinsteiger Alemanha (Foto: AP)
Rendimento do meio-campo melhorou com o trio 
do Bayern: Khedira foi poupado do jogo (Foto: AP)

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