quarta-feira, 16 de abril de 2014

Cruzeiro reencontra ex-lateral Arce, carrasco em duas oportunidades

Ex-jogador paraguaio travou grandes duelos com time celeste na década de 1990 e hoje comanda o Cerro Porteño


Por Belo Horizonte

O técnico do Cerro Porteño é um velho conhecido da torcida cruzeirense. Arce jogou no Grêmio e no Palmeiras na década de 1990 e travou grandes duelos com o Cruzeiro. Em um deles, o lateral-direito paraguaio ficou marcado como carrasco celeste. Foi na Copa Mercosul de 1998, vencida pelo alviverde paulista. No entanto, depois de 15 anos, o Cruzeiro espera dar o troco no ex-lateral no confronto pelas oitavas de final da Taça Libertadores 2014, que começa nesta quarta-feira, no Mineirão. Arce também foi determinante na eliminação do Cruzeiro da Libertadores de 2001.  


Muito simpático, o hoje treinador relembrou a rivalidade que Cruzeiro e Palmeiras travaram na década de 1990. Arce preferiu não se ater a apenas uma partida, já que as equipes tiveram duelos memoráveis que decidiram várias competições.  

- É difícil de lembrar só de um jogo. Houve várias finais e eram jogos difíceis. É um time de muita tradição, de força, com a torcida que não fica calada nunca. Sempre tinham os jogos decisivos de mata-mata com o grande time que tinha o Cruzeiro naquela época. É a primeira vez que vou entrar no Mineirão novo. Mas o campo está menor. Vai ser bom, vai ser uma festa e a gente está preparado para conseguir um bom resultado.  

Chiqui Arce Cerro Porteño (Foto: Marco Astoni)
Depois de encarar o Cruzeiro como 
lateral, Arce retorna ao Mineirão 
como técnico do Cerro (Foto: 
Marco Astoni)

Três embates
Em 1998, Cruzeiro e Palmeiras se encontraram três vezes na fase de mata-mata em diferentes competições. No balanço, o time paulista levou a melhor. Na Copa do Brasil, fizeram a final, e o Palmeiras sagrou-se campeão. No Brasileiro, o Cruzeiro eliminou o Verdão, nas quartas de final, mas acabou como vice. Isso além do confronto na decisão da Mercosul.

Cruzeiro e Palmeiras chegaram à final da competição sul-americana depois de derrotarem San Lorenzo-ARG e Olimpia-PAR, respectivamente, nas semifinais. Debaixo de muita chuva, o primeiro confronto aconteceu no Mineirão, do dia 16 de dezembro de 1998, e deu Cruzeiro. Marcelo Ramos abriu o placar. Roque Júnior empatou para o Palmeiras. No fim do jogo, Alex Alves sofreu pênalti de Veloso. Fábio Júnior bateu e deu números finais ao jogo: 2 a 1. 
  
O Palmeiras precisava vencer o segundo jogo para provocar um terceiro confronto. O regulamento do torneio previa que decisão poderia ser feita em três jogos, caso cada equipe vencesse cada um dos dois primeiros jogos. Foi o que aconteceu no segundo jogo da decisão no Palesta Itália.  
  
O Cruzeiro até saiu na frente com um gol de pênalti de Fábio Júnior. Mas a reação do Palmeiras começou nos pés do carrasco Arce. O paraguaio cobrou uma falta na cabeça do zagueiro Cléber, que empatou a partida. Oséas virou o jogo depois de uma bobeira do zagueiro João Carlos. Após escanteio cobrado por Arce, Paulo Nunes desviou e finalizou o marcador em 3 a 1. 
O último e decisivo aconteceu também no Palestra Itália, no dia 29 de dezembro de 1998. O jogo estava 0 a 0 até os 17 minutos do segundo tempo, quando o juiz assinalou um falta para o Palmeiras na intermediária. Chance para Arce, certo? Errado. Quem foi para a cobrança foi Júnior Baiano que chutou uma bomba, espalmada pelo goleiro Dida. No entanto, o lateral paraguaio estava predestinado a ser protagonista. Pegou o rebote e fez o gol que deu o título da Mercosul ao Palmeiras, em 1998.

Arce palmeiras (Foto: Agência Getty Images)
Arce foi o autor do gol do título do 
Palmeiras na Copa Mercosul de 1998 
diante do Cruzeiro (Foto: 
Getty Images)

Libertadores   
Na Libertadores de 2001, o fantasma Arce voltou a assombrar os cruzeirenses. Foi nas quartas de final que o lateral paraguaio calou um Mineirão lotado. O primeiro jogo, em São Paulo, havia terminado 3 a 3. Em solo mineiro, o Cruzeiro saiu na frente com gol de Alessandro. Arce, em cobrança de falta, empatou a partida. O time celeste desempatou novamente com gol de Cris de cabeça. No entanto, foi em outra bola parada, que saiu dos pés de Arce, que o zagueiro Alexandre marcou e levou a disputa para os pênaltis. O lateral paraguaio não desperdiçou sua cobrança, e a Raposa acabou eliminada. 
  
No entanto, apesar de Arce ter sido carrasco do Cruzeiro, os números são favoráveis à equipe mineira contra o ex-lateral paraguaio. Foram 23 partidas do jogador contra o time celeste; cinco com a camisa do Grêmio e 18 com a camisa do Palmeiras. No total, Arce venceu oito partidas, empatou cinco e perdeu dez. Ele marcou três gols, deu várias assistências e foi expulso em uma oportunidade.  
  
Amigos, amigos, futebol à parte  
O elenco do Cruzeiro tem um jogador que conhece bem o treinador paraguaio. Também lateral, só que pela esquerda, Samudio já foi comandado por Arce nas categorias de base do Libertad-PAR e na seleção paraguaia, durante as eliminatórias para a Copa do Mundo de 2014. O jogador cruzeirense, que vai encarar o ex-técnico nesta quarta-feira, não poupou elogios.  

Samudio do Cruzeiro (Foto: Reprodução / Premiere FC)Samudio chegou ao Cruzeiro com o aval de Arce (Foto: Reprodução / Premiere FC)

- Como jogador, Arce foi um dos melhores laterais-direitos que vi. Aqui no Brasil, se reconhece muito o seu trabalho. Eu tive a sorte de conviver com ele porque foi treinador da base do Libertad-PAR, minha equipe. Também dirigiu a seleção paraguaia. Como profissional é muito bom e como pessoa é excelente. 
  
E quis o destino que Samudio chegasse ao Cruzeiro. O jogador declarou o desejo de defender o Cerro, mas fechou com time celeste para a disputa da Libertadores. A transferência do lateral para Minas Gerais contou com o aval de Arce, quem diria.   

- Ele foi um que dos ajudaram na minha vinda para o Cruzeiro. Foi muito importante. Alguns jornalistas perguntaram de mim e ele falou maravilhas sobre mim. Então eu só tenho a agradecer o professor Arce, que é uma pessoa maravilhosa.  

Mas o feitiço pode virar contra o feiticeiro. A bola rola nesta quarta-feira, no Mineirão, às 22h (de Brasília) para o primeiro jogo das oitavas de final da Libertadores entre Cruzeiro e Cerro Porteño. Amigos fora das quatro linhas, os paraguaios viram adversários dentro de campo, onde apenas um vai sobreviver na competição sul-americana.  
  
Números de Arce x Cruzeiro:

23 jogos, 8 vitórias, 5 empates,10 derrotas, 3 gols e uma expulsão  

Pelo Grêmio (1995 – 1997):
5 jogos: 2 vitórias, 1 empate e duas derrotas - Não marcou nenhum gol  
1997 – Libertadores – Cruzeiro 1 x 2 Grêmio
1997 – Libertadores – Grêmio 0 x 1 Cruzeiro
1997 – Libertadores – Cruzeiro 2 x 0 Grêmio
1997 – Libertadores – Grêmio 2 x 1 Cruzeiro
1997 – Brasileiro – Grêmio 0 x 0 Cruzeiro  

Pelo Palmeiras (1998 – 2002):
18 jogos, 6 vitórias, 4 empates,8 derrotas, 3 gols e uma expulsão  
1998 – Copa do Brasil – Final – Cruzeiro 1 x 0 Palmeiras
1998 – Brasileiro – Cruzeiro 3 x 1 Palmeiras
1998 – Brasileiro – Cruzeiro 2 x 1 Palmeiras
1998 – Brasileiro – Palmeiras 2 x 1 Cruzeiro
1998 – Brasileiro – Palmeiras 2 x 3 Cruzeiro – cartão vermelho
1998 – Mercosul – Final – Cruzeiro 2 x 1 Palmeiras
1998 – Mercosul – Final – Palmeiras 3 x 1 Cruzeiro
1998 – Mercosul – Final – Palmeiras 1 x 0 Cruzeiro – um gol
1999 – Mercosul – Cruzeiro 3 x 0 Palmeiras
2000 – Mercosul – Palmeiras 0 x 2 Cruzeiro
2000 – Brasileiro – Palmeiras 0 x 1 Cruzeiro
2000 – Mercosul – Cruzeiro 0 x 0 Palmeiras
2000 – Mercosul – Palmeiras 3 x 2 Cruzeiro
2000 – Mercosul – Cruzeiro 1 x 2 Palmeiras – um gol
2001 – Libertadores – Palmeiras 3 x 3 Cruzeiro
2001 – Libertadores – Cruzeiro 2 x 2 Palmeiras (3 x 4) – um gol e pênalti convertido
2001 – Brasileiro – Palmeiras 2 x 1 Cruzeiro
2002 – Brasileiro – Cruzeiro 1 x 1 Palmeiras


* Arce não jogou o segundo jogo da final da Copa do Brasil de 1998


FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/cruzeiro/noticia/2014/04/cruzeiro-reencontra-ex-lateral-arce-carrasco-em-duas-oportunidades.html

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