segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Retrospectiva 2013: polêmicas vão de doping e lei antigay a críticas no Brasil

Mundo se agita com confissão de Lance Armstrong e flagras de Tyson Gay e Asafa Powell; país vê reclamações de atletas, dispensas no basquete e cortes no Flamengo

Por Rio de Janeiro

Grandes polêmicas cercaram modalidades olímpicas no mundo em 2013. Assuntos como doping e homossexualidade chamaram a atenção por causa de quatro grandes nomes do esporte internacional. O ciclista Lance Armstrong e os medalhistas olímpicos Tyson Gay e Asafa Powell trouxeram à tona a discussão sobre doping. No ciclismo, o então heptacampeão da Volta da França confessou ter se dopado durante a carreira, e, no atletismo, os velocistas americano e jamaicano foram flagrados em exames. Além deles, a russa Yelena Isinbayeva defendeu a lei antigay que o governo russo aprovou neste ano, proibindo a promoção de valores homossexuais entre menores de idade, mas que também tem ligações com o esporte, sobretudo com os Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi 2014.

No Brasil, o que mais se ouviu foram críticas. O Flamengo fechou as equipes profissionais de natação, judô e ginástica e, no início do ano, deixou sem clube ícones como Cesar Cielo, Jade Barbosa e os irmãos Diego e Daniele Hypolito. A seleção brasileira masculina de basquete foi para a Copa América, seletiva para o Mundial, e perdeu todas as partidas. O grupo não contava com os jogadores da NBA, que foram crucificados e até culpados pelo vexame na competição. E medalhistas olímpicos como Arthur Zanetti e Robert Scheidt expuseram más condições de treino e das águas da Baía de Guanabara, respectivamente.


01
Lance Armstrong revela doping
O ano de 2013 não poderia ter começado com uma notícia tão bombástica. Ícone do ciclismo mundial, Lance Armstrong era uma fraude. Após sucessivos anos negando ter se dopado durante a carreira, o atleta americano revelou que utilizou substâncias proibidas. A confissão foi feita em janeiro, em entrevista ao programa da apresentadora Oprah Winfrey.

Armstrong perdeu todas as conquistas no ciclismo, inclusive os sete títulos da Volta da França, a mais tradicional volta ciclística do mundo, patrocínios e até a medalha de bronze conquistada nos Jogos Olímpicos de Sydney 2000. Banido do esporte, o americano também foi impedido de participar até de uma competição de natação. O máximo que o atleta conseguiu foi prestigiar um evento em Iowa, nos EUA, onde se deparou com uma "onda de hostilidade".


Lance Armstrong e Oprah Winfrey (Foto: AP) 
No programa da Oprah, Armstrong revelou que 
havia se dopado durante a carreira (Foto: AP)


02
Flamengo faz corte em modalidades olímpicas

Na virada de 2012 para 2013, o Flamengo mudou. Saiu a então presidente Patrícia Amorim, entrou Eduardo Bandeira de Mello, e a diretoria que assumiu o comando do clube tentou cortar gastos. Os primeiros alvos foram esportes olímpicos de expressão do clube. A equipe profissional de natação foi desmanchada, e nomes como Cesar Cielo, tricampeão mundial e campeão olímpico dos 50m livre, além de Nicholas Santos, Tales Cerdeira e Joanna Maranhão tiveram que procurar uma nova casa. O mesmo aconteceu com atletas de elite da ginástica e do judô, em março. Jade Barbosa, os irmãos Hypolito, Érika Miranda e Nacif Elias não tiveram os contratos renovados.

Em outubro, porém, o Flamengo anunciou um projeto de captação de recursos via Imposto de Renda que visa financiar as modalidades olímpicas do clube. O foco maior é nas categorias de base, mas a diretoria rubro-negra também pretende, com a iniciativa, retomar as atividades na ginástica adulta.


Jade Barbosa, Diego Hypolito, Daniele Hypolito, coletiva Ginástica Flamengo (Foto: Wagner Meier/Agência Estado) 
Jade, Diego e Daniele foram três dos atletas 
dispensados pelo Flamengo (Foto: 
Wagner Meier/Agência Estado)


03
Zanetti reclama de equipamentos
Era quase inimaginável que Arthur Zanetti surpreenderia o mundo e conquistaria a medalha de ouro nas argolas nos Jogos Olímpicos de Londres 2012. Ninguém, nem mesmo o ginasta e o técnico Marcos Goto, pensaria que, meses depois do feito inédito para o esporte brasileiro, a estrutura de treino do campeão olímpico permaneceria aquém da sua glória. Em abril, em entrevista exclusiva ao Esporte Espetacular, Zanetti e Goto reclamaram abertamente de equipamentos ultrapassados que tinham no SERC Santa Maria, em São Caetano do Sul (SP).

O Comitê Olímpico Brasileiro respondeu no dia seguinte à exibição da reportagem e garantiu já ter negociado o envio da aparelhagem não só para o clube paulista como para outras cinco agremiações. Em menos de uma semana após o desabafo, Zanetti recebeu os equipamentos modernos prometidos e deixou para trás a ideia de defender outro país. Em outubro, com as cores do Brasil, se tornou campeão mundial nas argolas.


 
desabafo 
Após ouro em Londres 2012, Zanetti sofre com 
falta de estrutura
 
resposta 
Comitê Olímpico Brasileiro garante 
apoio a Arthur Zanetti

 
alívio
Equipamentos chegam, e Zanetti e continua 
competindo pelo Brasil


04
doping ataca astros do atletismo

Atletismo Tyson Gay e Asafa Powell (Foto: Getty Images)Asafa Powell e Tyson Gay: astros dos 100m foram pegos no doping em 2013 (Foto: Getty Images)
Um mês antes de o Mundial de atletismo começar em Moscou, em agosto, o americano Tyson Gay e os jamaicanos Asafa Powell, Sherone Simpson e outros três atletas do país caribenho caíram em desgraça. Todos foram pegos no doping, e os medalhistas olímpicos não puderam competir na competição mais importante do ano. Tyson Gay foi flagrado em exame fora de competições. Asafa Powell e os compatriotas tiveram detectada a substância proibida oxilofrina em teste realizado na seletiva jamaicana para o Mundial, em junho.

Por causa do episódio, a Associação Internacional das Federações de Atletismo (Iaaf) fechou o cerco contra a delegação jamaicana em Moscou. Como parte do sistema de passaporte-biológico, a entidade e a Agência Mundial Antidoping (Wada) realizaram exames pré-competição com todos os atletas do país, inclusive com Usain Bolt - tricampeão mundial e olímpico dos 100m.


05
LEI ANTIGAY NA RÚSSIA

Isinbayeva medalha de ouro Mundial Moscou (Foto: Agência Reuters)Isinbayeva defendeu lei antigay (Foto: Reuters)
Em junho, o governo russo aprovou o que ficou conhecido na imprensa como lei antigay, que proíbe a promoção de valores homossexuais entre menores de idade. A ordem teve ligação direta com a esfera esportiva, já que Sochi organiza, em fevereiro de 2014, os Jogos Olímpicos de Inverno. Qualquer atleta ou torcedor, gay ou defensor dos direitos (incluindo atletas e treinadores) pode ser preso por até 14 dias e, em seguida, expulso do país caso tenha atitude de divulgação de “propaganda homossexual”.

A repercussão foi internacional e Yelena Isinbayeva, bicampeã olímpica e tricampeã mundial do salto com vara, entrou na polêmica. Durante a participação no Mundial de Moscou, em agosto, ela defendeu a lei antigay.

- Eu dou apoio ao nosso governo e ao ministro do esporte. É claro que se promoverem o relacionamento deles (gays) nas ruas ou em outros lugares, eu sou contra. Somos russos e somos totalmente diferentes dos europeus e de povos de outros países. Não gostamos disso, realmente. Mas ninguém precisa boicotar as Olimpíadas de Inverno - disse a atleta russa, defendendo dias depois que houve um mal-entendido sobre suas declarações.


06
Dispensas na copa américa de basquete
Pela primeira vez na história o Brasil corre risco de ficar fora do Mundial de basquete masculino. A seleção não obteve vaga através da Copa América, em Caracas, na Venezuela, e depende de um convite da Federação Internacional de Basquete (Fiba) para disputar a próxima edição da competição, de agosto a setembro de 2014, na Espanha. Porém, foi o modo como a equipe comandada pelo técnico Rubén Magnano começou e terminou a "seletiva" que gerou intensa crítica. Os grandes nomes brasileiros que atuam na NBA pediram dispensa e desfalcaram o grupo que viria a ser derrotado nos únicos quatro jogos que faria em Caracas.


Algumas dispensas foram motivadas por lesões: Nenê, do Washington Wizards, ainda tratava problemas no pé esquerdo e no joelho direito; Anderson Varejão, do Cleveland Cavaliers, alegou que continuava cuidando de uma embolia pulmonar; e Leandrinho, ex-Boston Celtics e hoje no Pinheiros, foi à concentração brasileira em Caracas para avisar a Magnano que ainda não havia se recuperado de uma cirurgia no joelho esquerdo. Outras dispensas foram explicadas por questões contratuais: Tiago Splitter, do San Antonio Spurs, citou uma indefinição acerca do seguro para defender a seleção, devido ao andamento do processo de renovação com a equipe americana; Lucas Bebê defendeu que precisava permanecer nos Estados Unidos para acertar seu futuro após ter sido escolhido pelos Celtics no Draft da NBA; e Vitor Faverani tinha o compromisso de participar de um programa de treinamento, também pelos Celtics, durante o período da competição.

Os jogadores sofreram bastante com as críticas. Nenê e Leandrinho receberam vaias durante o primeiro jogo da NBA no Brasil, entre Washington Wizards e Chicago Bulls, no Rio de Janeiro, válido pela pré-temporada. E Oscar Schmidt, maior ídolo do basquete nacional, lançou palavras duras contra os atletas que pediram dispensa após o desempenho da seleção em Caracas. No calor do momento da eliminação na Copa América, Magnano também culpou em parte os brasileiros da NBA pelo fracasso.


Marcelinho Huertas basquete Brasil Jamaica (Foto: AP) 
Marcelinho Huertas (9), do Barcelona, foi o 
principal jogador da seleção brasileira na Copa 
América (Foto: AP)


07
Velejadores criticam baía de guanabara
A poluição das águas da Baía de Guanabara é um problema que aflige o Rio de Janeiro há décadas. Palco das disputas da vela nos Jogos Olímpicos do Rio 2016, o local sofreu muitas críticas, sobretudo nos últimos meses. Uma reportagem do jornal americano "The Washington Post" apontou um alto risco de doença para os atletas por causa da condição imprópria dos locais de prova na água.

Particularmente sobre a Baía, vários atletas entraram em consenso de que a poluição é um mal. Robert Scheidt já avisou de que não dará tempo para limpar a região até as Olimpíadas, e Jorge Zarif, eleito Atleta do Ano em prêmio do Comitê Olímpico Brasileiro, já declarou já ter se acostumado com a sujeira. Até mesmo atletas estrangeiros reclamaram das águas, como o britânico Ian Baker, que chamou a Baía da Guanabara de esgoto.


Baía de Guanabara sistema de tratamento sanitário (Foto: Ascom ) 
Baía de Guanabara sofre com poluição das 
águas (Foto: Ascom )


FONTE:
http://globoesporte.globo.com/outros-esportes/noticia/2013/12/retrospectiva-2013-polemicas-vao-de-doping-e-lei-antigay-criticas-no-brasil.html

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