Especialista no local, alemão Thomas Weller explica que o ex-piloto era um 'ótimo esquiador', mas se arriscou demais ao tentar praticar entre as pistas Chamois e Biche
Thomas Weller esquia em Méribel
(Foto: Divulgação/Site Oficial Thomas Weller)
(Foto: Divulgação/Site Oficial Thomas Weller)
Guia e esquiador profissional que trabalha na região, o alemão Thomas Weller explicou que existe uma escala de graus de dificuldade das pistas de Méribel, dividida em cores. As verdes são as mais tranquilas, e Biche está entre elas. Enquanto isso, Chamois é azul e se encontra no nível 2. Ainda há as vermelhas e pretas, as mais perigosas, recomendadas apenas para especialistas. Apesar dos procedimentos de segurança, o esqui alpino é uma modalidade de alto risco. No mesmo fim de semana do acidente de Schumi, por exemplo, segundo a imprensa local, duas pessoas morreram praticando o esporte nos Alpes Franceses, em consequência de avalanches.
I
nfográfico mostra as pistas Chamois e
Biche e os graus de dificuldade em
Méribel (Foto: arte esporte)
Para Weller, Schumi estava preparado para as duas pistas, já que é um "ótimo esquiador", segundo ele - o alemão pratica o esporte desde os tempos de Ferrari, quando costumava participar dos eventos de fim de ano da escuderia em Madonna di Campiglio, nos alpes italianos. O problema é que o heptacampeão mundial da F-1 se arriscou numa área entre Chamois e Biche, uma espécie de "entrepista". Ou seja, uma descida que não é coberta pela companhia de esqui de Méribel. Neste caso, há muitos obstáculos, principalmente pela falta de neve no início de dezembro, que expõe perigos como rochas, árvores e arbustos.
saiba mais
– Chamois
e Biche são pistas de azul para vermelha, ou seja, não tão difíceis.
Ele estava devidamente preparado, com certeza, e é um ótimo esquiador.
Eu nunca esquiei com ele, mas já o vi esquiando. A dificuldade é que ele
não esquiou na pista, mas sim fora, numa espécie de "entrepista". Todas
as pistas do mapa são cobertas por uma companhia que as limpa, tira as
rochas e tudo o mais. Fora delas pode ser muito perigoso. Há pedras,
árvores, animais e tudo o mais. Elas não têm neve suficiente, não têm
cobertura nessa época do ano, então você corre muito perigo, porque os
obstáculos ficam descobertos. Muitos esquiadores caem. Quanto mais neve,
melhor, pois há menos perigo – explicou Weller ao GloboEsporte.com.
Thomas Weller esquia nos Alpes Franceses
(Foto: Divulgação/Site Oficial Thomas Weller)
Alemão como o ex-piloto da F-1, Weller começou a esquiar aos seis anos de idade, depois que o seu avô lhe deu de presente o primeiro par de esquis. Como começou bem cedo e treinou muito em seu país, ele competiu nacionalmente quando era adolescente e também deu aulas da modalidade. O guia mora em Méribel desde 1986, ou seja, conhece muito bem a área. Por isso, para ele, Schumacher se arriscou demasiadamente na área entre Chamois e Biche.
– É uma tragédia que ninguém poderia prever, mas todo mundo que está indo esquiar fora de pista está se arriscando, ainda mais se não é um profissional. Ele é um ótimo esquiador, mas não é um profissional. Para todo turista, e o Schumacher (mesmo possuindo um chalé em Méribel) é um turista neste caso. É perigoso demais esquiar nas "entrepistas" – garantiu o alemão.
Mapa mostra o local do acidente de Michael
Schumacher (Foto: Editoria de Arte)
De acordo com a rádio francesa "RMC", o heptacampeão foi socorrido consciente. Méribel, nos Alpes Franceses (sudeste do País), comporta mais de 70 pistas de esqui e recebeu em fevereiro de 2013 uma etapa da Copa do Mundo de Esqui Alpino. O local do acidente fica a 1.450m de altitude, subindo até 2.952m em seu ponto mais alto, onde se liga com a região de Les Trois Vallées.
Michael Schumacher pratica o esqui alpino desde os
tempos de Ferrari (Foto: Agência Getty Images)
'Viciado em velocidade'
A modalidade de esqui alpino é um dos hobbies favoritos de Schumacher desde os tempos em que competia pela Ferrari, equipe que tradicionalmente faz suas apresentações de pré-temporada na estação italiana de Madonna di Campiglio. O ex-piloto, que estava com o filho Mick no momento do acidente, declarou certa vez que o esporte era uma das maneiras encontradas por ele para curtir a família, já que passava pouco tempo em casa devido às constantes viagens para disputar os GPs de F-1.
Schumacher já se aventurou em corridas de Superbike (Foto: Reprodução/Twitter Circuito de Valência)
O
alemão, que na próxima sexta-feira (dia 3) completará 45 anos, é o
piloto mais vitorioso da história da Fórmula 1 em números totais, com 91
vitórias, 155 pódios, 68 poles e 77 voltas mais rápidas. Em 19
temporadas, ele conquistou dois títulos pela Benetton (1994 e 1995) e
cinco pela Ferrari (de 2000 a 2004). Após a primeira aposentadoria ao
fim de 2006, o piloto retornou à F-1 em 2010 pela Mercedes, mas em três
temporadas só subiu ao pódio uma vez, com um terceiro lugar, sendo
amplamente batido pelo seu companheiro Nico Rosberg no Mundial de
Pilotos.
Como todo piloto de seu nível, Schumacher é
considerado um “viciado em velocidade”. Quando se retirou da F-1 ao fim
de 2006, às vésperas de completar 38 anos, ele se aventurou em corridas
do moto num torneio alemão de Superbike. Correndo sobre duas rodas, o
alemão sofreu três grandes quedas. Uma delas com maior gravidade,
causando uma lesão no ombro e no pescoço, o que o impediu de substituir
Felipe Massa na Ferrari quando o brasileiro sofreu o acidente nos
treinos para o GP da Hungria em 2009.
Michael Schumacher é apaixonado por cavalos. Ele
participa de eventos e tem um estábulo em casa
(Foto: Divulgação)
No
primeiro ano de sua aposentadoria definitiva da Fórmula 1, o alemão
intensificou as atividades para manter sua adrenalina em alta, mesmo
longe das pistas. Nos Estados Unidos, ingressou em competições de adestramento de cavalos –
uma das paixões de sua esposa, Corinna, que mantém um estábulo na ampla
residência da família. Já em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, Schumi encontrou na semana passada o brasileiro Luigi Cani, referência mundial no wingsuit, antes
de uma série de saltos em paraquedas de alta performance. Afastado das
competições com carros, ele mantém a forma e os reflexos em dia andando
de kart na Alemanha e em outras pistas da Europa.
Estação de esqui de Méribel, na França
(Foto: Divulgação)
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