domingo, 30 de junho de 2013

Artilheiro do Napoli, Cavani é a arma contra a Itália: 'Futebol quase perfeito'

Atacante celeste explica como derrotar a Azurra, rechaça favoritismo pelos desfalques do adversário e fica em cima do muro antes da grande decisão

Por André Hernan, Cauê Dias, Edgard Maciel de Sá e José Roberto Burnier Salvador
 
Quem melhor do que um atacante especialista em furar retrancas italianas para ajudar o Uruguai a conquistar o terceiro lugar da Copa das Confederações? Pois será sob o comando de Edinson Cavani, artilheiro do último Campeonato Italiano com 29 gols pelo Napoli, que a Celeste tentará alcançar seu objetivo neste domingo, às 13h (de Brasília), na Arena Fonte Nova, em Salvador.
 Autor do gol único na derrota para o Brasil, o camisa 21 joga no país há seis anos e definiu o futebol da Azurra como quase perfeito. Mas também deu a dica: para derrotá-los, será preciso muita organização tática. O GLOBOESPORTE.COM, a TV Globo e o SporTV transmitem a partida entre Uruguai e Itália ao vivo.

cavani atacante uruguai (Foto: Edgard Maciel de Sá)Edinson Cavani sorri em Salvador: arma uruguaia para derrotar a Itália (Foto: Edgard Maciel de Sá)
 
- É um futebol quase perfeito. Não sei se existe um segredo, mas sabemos que vamos enfrentar uma seleção com jogadores de alto nível e que sempre deseja coisas muito importantes. Me parece que a melhor maneira de enfrentá-los é também sendo muito organizado taticamente. Temos que ser praticamente perfeitos - opinou Cavani em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM.

Ao todo, a seleção uruguaia tem oito jogadores (Cáceres, Gargano, Álvaro Pereira, Diego Pérez, Arévalo Ríos, Álvaro González e Abel Hernández completam a lista) que atuam no futebol italiano. Cavani, no entanto, é o mais representativo. Vestindo a camisa do Napoli, ele levou seu clube ao vice-campeonato na temporada 2012/2013 e ainda terminou como artilheiro da competição. Nas duas temporadas anteriores, tinha alcançado a vice-artilharia. Nesta entrevista no hotel que serve de concentração para a delegação celeste em Salvador, o atacante rechaçou o favoritismo diante dos prováveis desfalques da Itália, revelou sua idolatria por Ronaldo Fenômeno e voltou a manter o mistério sobre seu futuro.

- É inútil falar do meu futuro. Eu, que sou o principal protagonista da história, não sei de nada. Só sei que estou no Napoli e tenho que voltar para lá. Penso em terminar a Copa, ter alguns dias de descanso e depois fazer as coisas como elas têm de ser feitas. Vou voltar a Napoli e enfrentar a situação. É uma situação delicada (NR: o presidente do clubes deu declarações que não agradaram o jogador), sem dúvidas. Mas são coisas que não tenho que falar diante de uma câmera - resumiu.

GLOBOESPORTE.COM: Você é o jogador na atual seleção uruguaia que tem as melhores informações sobre a Itália. Qual é o segredo para penetrar na defesa italiana?

EDINSON CAVANI: Sinceramente, jogar no futebol italiano me ensinou muitas coisas. É um futebol quase perfeito. Não sei se existe um segredo, mas sabemos que vamos enfrentar uma seleção com jogadores de alto nível e que sempre deseja coisas muito importantes. Me parece que a melhor maneira de enfrentá-los é também sendo muito organizado taticamente. Temos que ser praticamente perfeitos. É um futebol de muito sacrifício, onde qualquer equipe pode ganhar. O grande pode perder do pequeno porque se trabalha taticamente mais ou menos da mesma maneira em todos os clubes. E isso torna as partidas do campeonato muito difíceis. Quem comete um erro paga caro. Quando eles abrem vantagem, é muito difícil conseguir furar o bloqueio e virar o jogo.
Com a experiência de ter sido o goleador do último Campeonato Italiano com 29 gols, qual a melhor maneira de furar esse bloqueio?

Graças a meus companheiros fiz um grande campeonato, um grande ano. A equipe jogou muito bem. Passamos momentos complicados, mas conseguimos bons objetivos como a classificação direta para a Liga dos Campeões. Isso foi algo fantástico para o Napoli. Acredito que minha equipe trabalhava pelos lados do campo e isso nos criava muitas chances de gol.

Acredita que alguns torcedores italianos possam ficar contentes com uma vitória do Uruguai por serem seus fãs?

Não sei. Seguramente tem gente que gosta muito de mim e já tiverem a oportunidade de compartilhar coisas comigo. Demostram muito carinho assim como eu por eles. Claro que alguns ficariam felizes por uma vitória minha, mas não creio que todos os italianos sejam iguais.

Acredito que no futebol, e ainda mais nesse tipo de competição, os favoritos não existem. (...) São todos jogadores de alto nível, titulares ou reservas, que podem fazer a diferença a qualquer momento."
Cavani
 
A Itália não vai ter o Pirlo nessa decisão. Qual o tamanho desse desfalque?

Seguramente é uma ausência importante para eles porque o Pirlo me parece ter um papel importantíssimo para sua seleção. Todo sabem a qualidade de seu futebol. Ele já demonstrou isso na sua carreira, nos últimos anos pela Juventus e na seleção italiana vem fazendo a mesma coisa.
Além do Pirlo, vários outros jogadores importantes da Itália não deve atuar. Isso torna o Uruguai favorito?

Acredito que no futebol, e ainda mais nesse tipo de competição, os favoritos não existem. São grandes seleções, formadas por grandes jogadores, sempre atrás de grandes objetivos... Nesse tipo de partida é complicado falar assim. Depois do jogo fica fácil dizer qualquer coisa. Mas me parece que não é a ideia. São todos jogadores de alto nível, titulares ou reservas, que podem fazer a diferença a qualquer momento.

O Campeonato Italiano é famoso pela sua defesa forte. Hoje, para um atacante, é mais difícil enfrentar a defesa italiana ou a Espanha?

Seguramente todas as partidas sempre são diferentes. Você pode pensar que é mais difícil enfrentar a Itália do que a Espanha, mas pela ocasião da partida se torna mais fácil encarar a Itália e são cosias que passam dentro de campo. É difícil falar antes. Depois qualquer um pode falar e tem muita gente que o faz. Fica mais fácil. Temos que esperar a bola rolar para ver como as coisas vão se suceder. A Itália defende melhor sim. Pela cultura do futebol que tem. Trabalhar bem defensivamente é uma característica deles. Mas no momento de atacar eles também tem jogadores de alta qualidade. Por isso são grandes.

Essa característica italiana de marcação só aumenta seu mérito de ter sido o artilheiro do Campeonato Italiano...

Sim. Para mim, a nível pessoal, é algo maravilhoso. Algo que motiva, que dá mais confiança para seguir lutando por outras coisas importantes. Mas convicção, o que para um jogador, ainda mais atacante, é algo muito forte.

Cavani gol Napoli Torino (Foto: AP)O atacante comemora um de seus 29 gols pelo Napoli no Campeonato Italiano 2012/2013 (Foto: AP)
 
Muita gente considera a disputa pelo terceiro lugar algo secundário, duas equipes que podem estar desanimadas... Mas quais são as ganas do Uruguai para essa partida?

Acredito que temos uma imagem no futebol mundial, de respeito ao nosso futebol. Deixamos várias marcas e temos sempre que cuidar dessa imagem. Para este grupo é muito importante. E por isso a cada partida que temos pela frente tratamos de jogar sempre como uma final. Vai ser sempre importante para manter a história, para todas as coisas lindas que já viveu esse grupo.  Para nós seguramente é um jogo muito importante. Defenderemos os nossos princípios, a nossa postura. Isso nos dá motivação para entrar em campo.

Depois vai haver a final entre Brasil e Espanha. O Uruguai enfrentou as duas seleções na competição. Você vai ficar de que lado? Brasil ou Espanha?

Gosto do futebol, mas não de uma seleção em particular. Pelas características que têm as duas seleções, espero uma final que fique marcada na história. Não somente pelo resultado, mas pelo tipo de partida que pode ser. São muitos jogadores de alto nível, com características mesclada. Duas seleções que podem garantir um grande espetáculo dentro de campo. Que ganhe o melhor, porque nem sempre isso acontece.

O mês de junho foi muito importante para o Uruguai. O time voltou a jogar bem, fez uma boa campanha na Copa das Confederações e respirou nas eliminatórias. Tudo começou com o seu gol diante da Venezuela. Já parou para pensar na importância que ele pode ter no futuro?

Realmente esse mês de junho foi muito importante para nós. Estávamos em uma situação muito complicada nas eliminatórias e para nós a partida na Venezuela foi uma demonstração de caráter, de humildade, de entrega... O tempo passou, veio a Copa das Confederações e a competição nos trouxe muitas coisas boas também. Mostrou um Uruguai parecido com o do último Mundial. Para nós é uma motivação, uma carga de ânimo muito importante para o que vem pela frente. Uma injeção que pode servir para ajudar o grupo.

 
O jogo contra o Brasil foi sua melhor atuação pelo Uruguai nos últimos tempos?
Sim. Seguramente o jogo contra o Brasil foi muito bom para mim. A emoção do gol foi muito boa. Fazer um gol em cima do Brasil dentro da casa deles... Lamentavelmente não serviu para nos levar à final (veja o lance no vídeo ao lado). Mas o futebol tem dessas coisas. Às vezes te dá coisas lindas, em outras te dá amarguras.

É natural que não queria falar de seu futuro agora e já deixou isso claro outras vezes. Mas pensa que seu futuro está mais ligado à Itália ou a outro país?

Pelas minhas características de jogo, me adaptei muito bem ao futebol italiano. Hoje a única coisa que posso pensar é que tenho um contrato com o Napoli. Por agora este é o meu clube. É inútil falar do meu futuro. Eu, que sou o principal protagonista da história, não sei de nada. Só sei que estou no Napoli e tenho que voltar para lá. Penso em terminar a Copa, ter alguns dias de descanso e depois fazer as coisas como elas têm de ser feitas. Vou voltar a Napoli e enfrentar a situação. É uma situação delicada (NR: o presidente do clubes deu declarações que não agradaram o jogador), sem dúvidas. Mas são coisas que não tenho que falar diante de uma câmera.

Dentro das muitas coisas que se falam do seu futuro, surgiu uma notícia recente de que o Chelsea estaria disposto a pagar 58 milhões de euros pelo seu futebol. Um valor maior do que o Barcelona disse ter pago pelo Neymar. Acredita que vale mais do que o craque brasileiro?

Esses são números de mercado que as equipes determinam, que os presidentes definem... Não penso em cifras. Quero somente jogar futebol. Seguramente vou ganhar o que tiver de ganhar por fazer meu trabalho. Mas sinceramente não me importo de saber se valho mais ou menos do que o Neymar ou qualquer outro jogador. A coisa mais importante é jogar e me divertir. Quero sempre ganhar, mesmo sabendo que vou perder muitas vezes na minha vida. Faz parte. Espero manter sempre essa gana de entrar em campo.

Cavani Uruguai Tênis (Foto: Edgard Maciel)Cavani relaxa em Salvador jogando tênis com os companheiros antes de pegar a Itália (Foto: Edgard Maciel)
 
Ainda bem que os milhões são pelo seu futebol e não pelo tênis, porque temos imagens suas jogando que não são nada agradáveis...

(Risos) São esportes para passar o tempo, para relaxar... Trato de fazer o melhor que posso, mas fazia tempo que eu não jogava. É complicado.

Qual o atacante do Brasil que mais lhe inspirou?

Um atacante brasileiro que eu gosto muito e a quem sempre observei para poder crescer como jogador foi o Ronaldo Fenômeno. Ele fazia sempre as coisas simples e por isso foi um dos melhores do mundo.

FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/copa-das-confederacoes/noticia/2013/06/artilheiro-do-napoli-cavani-e-arma-contra-italia-futebol-quase-perfeito.html

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