Eu comento esportes: Pacotão: em Mônaco, vitória, batidas e ultrapassagens dignas de cinema

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Pacotão: em Mônaco, vitória, batidas e ultrapassagens dignas de cinema

Sob olhares de astros de Hollywood, estrela de Nico Rosberg brilha e de Felipe Massa se apaga, em dia de acidentes espetaculares no Principado

Por GLOBOESPORTE.COM Monte Carlo, Mônaco

Cameron Diaz, Michael Douglas, George Lucas, Roman Polanski… Grandes nomes do cinema mundial aproveitaram o Festival de Cannes, realizado a pouco menos de 60km de Mônaco para dar um pulinho no Principado e prestigiar o mais charmoso GP da temporada da Fórmula 1. Mas apesar dos nomes estelares, ninguém brilhou tanto no fim de semana quanto Nico Rosberg, da Mercedes. O alemão foi absoluto.

Liderou a primeira, a segunda e a terceira sessão livre, o treino classificatório e cada uma das 78 voltas da corrida de domingo. Também pudera, apesar de germânico, Nico foi criado nas ruas de Monte Carlo, que conhece com a palma da mão. Uma vitória com um sabor ainda mais especial para o piloto, por ter repetido o feito do pai Keke, que também venceu a prova, há 30 anos. Confira o resultado final do GP de Mônaco.

A estrela que não brilhou foi a de Felipe Massa. Após bater forte no terceiro treino livre, não participar da classificação e ter que largar no fim do pelotão, o brasileiro sofreu um acidente idêntico na prova e abandonou. Não foi só o paulista da Ferrari que encontrou os muros. Não faltaram acidentes na tumultuada prova nas estreitas ruas de Mônaco. Com dores, Massa foi encaminhado para um hospital da região, fez exames que não acusaram problemas, passa bem, já está em casa e pronto para a próxima etapa, o GP do Canadá, dia 9 de junho, com transmissão ao vivo da TV Globo.

Atriz Cameron Diaz foi uma das estrelas que ficou de boca aberta com o show de Nico (Foto: Getty Images)

Confira os destaques positivos e negativos do GP de Mônaco:

Rosberg, o dono da rua

Depois de largar na pole position nos GPs do Bahrein e da Espanha, mas não conseguir segurar os rivais devido ao rápido desgaste dos pneus de sua Mercedes, Rosberg se aproveitou do asfalto brando e das apertadas ruas de Monte Carlo para por fim à sina e finalmente conquistar seu primeiro triunfo na temporada, a segunda na carreira. O alemão da Mercedes, que dominou todas as atividades da semana, mostrou uma frieza impressionante para vencer. Mesmo vendo as vantagens que construía virarem pó nas duas entradas de safety car e na bandeira vermelha, em nenhum momento teve a vitória ameaçada por Sebastian Vettel e Mark Webber, que completaram o pódio, nem pelo companheiro Lewis Hamilton, que largou em segundo e terminou em quarto. Atuação irretocável.

Nico Rosberg comemorou muito a merecida vitória nas ruas do Principado (Foto: AFP)

Parece replay

Massa entrava na reta principal para abrir mais uma volta, quando repentinamente perdia o controle da Ferrari, travava as rodas dianteiras e se chocava no guard rail à sua esquerda. Na sequência, deslizava até atingir, com força, a proteção de pneus na “Sainte Devote”. Apesar da grande semelhança entre as batidas de Massa no fim de semana, o diretor técnico da Ferrari, Pat Fry explicou que as razões foram diferentes. No sábado, o piloto perdeu a direção ao passar em um “bump” (irregularidade na pista). Neste domingo, o acidente foi em razão de um problema mecânico na parte frontal do carro. Motivos à parte, o importante é que, felizmente, o brasileiro passa bem.

Chilton e Grosjean provocam batidas

Felipe Massa não foi o único a bater no tumultuado GP de Mônaco. Se no caso do piloto da Ferrari, a falha foi mecânica, barbeiragens de Max Chilton (Marussia) e Romain Grosjean (Lotus) provocaram dois acidentes impressionantes. A vítima de Chilton foi Pastor Maldonado (Williams). O jovem da Marussia não viu a aproximação do venezuelano antes da curva Tabac e fechou o piloto. Imprensado no muro, Maldonado rumou desgovernado e atingiu em cheio uma proteção de pneus, que foi parar no meio da pista de tão forte que foi o impacto. A corrida precisou ser paralisada com bandeira vermelha para a retirada da Williams e a arrumação da barreira de contenção. Após a prova, Chilton pediu desculpas para Maldonado.

Depois de terminar 2012 com a fama de “maluco da primeira volta”, Romain Grosjean vinha se comportando bem, sem se envolver em incidentes em 2013. Porém, foi só chegar às estreitas ruas de Mônaco, que o francês da Lotus “matou a saudade” protagonizando diversas confusões. Após três batidas nos treinos livres, Grosjean abandonou a corrida ao abalroar a STR de Daniel Ricciardo na chicane da saída do túnel. Na mira dos comissários desde o ano passado, o francês foi punido com a perda de dez posições no grid da próxima etapa, mas se defendeu dizendo que foi surpreendido com o australiano, que freou cedo demais.

'Iceman' com sangue quente

Conhecido pela frieza e regularidade, Kimi Raikkonen se encaminhava tranquilamente para terminar a prova em quinto e chegar pela 23ª vez seguida na zona de pontuação, ficando a uma etapa do recorde estabelecido por Michael Schumacher entre os anos de 2001 e 2003. Foi então que um “abusado” mexicano chamado Sergio Pérez passou a lhe incomodar. Na primeira tentativa de ultrapassagem, os dois passarem reto na chicane da saída do túnel. O sangue o “Homem de Gelo” esquentou. Raikkonen reclamou pelo rádio “Esse idiota teria batido em mim se eu não tivesse ido reto”. Na segunda, houve um toque e um dos pneus da Lotus furou. Kimi foi aos boxes e retornou apenas em 16º. Parecia que a sua marca “invicta” iria para por água abaixo. Ledo engano. Com pneus frescos e a faca entre os dentes, Kimi protagonizou uma série de ultrapassagens impressionantes nas voltas finais. Mesmo no circuito mais difícil de passar, deixou seis adversários para trás e cruzou em décimo. Com direito a duas manobras espetaculares: sobre Valtteri Bottas por fora na Loews, e sobre Nico Hulkenberg, também por fora, na Sainte Devote (confira a sequência no Blog Voando Baixo). O pontinho conquistado “na marra” foi suficiente para manter sua impressionante série.

Alonso pouco inspirado

A inspiração que sobrou em Fernando Alonso em suas vitórias na China e na Espanha, faltou em Monte Carlo. Discreto, o espanhol da Ferrari se mantinha em sexto durante boa parte da corrida. Ao levar o bote de Sergio Pérez na saída do túnel, passou com as quatro rodas pela chicane para se defender. A direção de prova considerou a manobra irregular, e mandou o bicampeão ceder a posição ao mexicano. Daí em diante, Alonso se mostrou apático. Não mostrou resistência e foi presa fácil para Jenson Button e Adrian Sutil. No fim, só terminou em sétimo porque Pérez e Raikkonen se estranharam e ficaram para trás.

Teste secreto coloca Mercedes e Pirelli na berlinda

Se na corrida anterior, na Espanha, houve um “show” de pit stops, com uma média de quatro paradas para cada pilotos, a combinação de asfalto brando e temperatura amena de Monte Carlo promoveu um cenário totalmente diferente, com poucas visitas aos boxes. Mesmo assim, a polêmica em torno dos pneus Pirelli não cessou. Pelo contrário. A primeira vitória de Rosberg e da Mercedes na temporada veio em meio a uma bomba. Neste domingo, foi descoberto que o time alemão realizou 1000 km durante três dias de testes de pneus a pedido da fornecedora italiana na semana seguinte ao GP da Espanha, disputado no dia 12 de maio. Enquanto o time e a empresa garantem que não infringiram as regras, RBR e Ferrari encaminharam um protesto oficial à FIA, que prometeu investigar o caso. O carro da Mercedes é o que mais tem sofrido com o desgaste dos pneus neste início de ano.