Travada por falta de dinheiro, nova diretoria rubro-negra não consegue reforços de peso e precisa contornar dívidas com os atletas
Wallim atribui falta de reforços de peso a penhoras
do clube (Foto: Janir Júnior / Globoesporte.com)
do clube (Foto: Janir Júnior / Globoesporte.com)
Já se sabe que a Gávea tem cerca de 700 funcionários, número considerado muito elevado pela demanda da sede. Através da auditoria será possível destrinchar o quadro pessoal, funções, entre outros detalhes da folha salarial do Rubro-Negro. Demissões já começaram a ser realizadas e alguns pontos de interrogação vieram à tona, como um caso ligado à área de comunicação. Um dos funcionários recebia cerca de R$ 10 mil pagos não pelo clube, mas sim pela Braziline, empresa que tem contrato com o Flamengo para a produção de camisas licenciadas usando o símbolo do Rubro-Negro.
- Está para ser anunciada a auditoria, mas estão sendo definidos os últimos detalhes do escopo e do tamanho do trabalho que será feito. É muito mais um diagnóstico para saber a gravidade da doença e tratá-la, não é um ato de autopromoção para podermos dizer o que fizemos depois - disse o novo vice de administração e tecnologia da informação, Claudio Pracownik, que participa diretamente da contratação da empresa responsável pela auditoria.
Alguns funcionários que foram demitidos no fim da gestão Patricia Amorim tiveram pouco tempo para comemorar os cheques recebidos no momento do desligamento, pois eles não tinham fundos. Cheques emitidos para pagamentos diversos na última semana de dezembro, alguns deles de alto valor, também foram devolvidos na quarta-feira, primeiro dia útil do ano. O departamento financeiro vai passar por reformulação, e pelo menos dois funcionários que trabalhavam com Michel Levy, ex-vice de finanças do clube, serão demitidos nos próximos dias. Em meio ao momento complicado, o clube esperava um depósito de antecipação de direitos para o último dia 31, mas ele não aconteceu.
Mesmo ainda sem ter a exata noção da situação financeira, a nova diretoria trabalha com estimativas bastante pessimistas, com um cenário descrito como o “pior dos mundos”.
Com os adiantamentos e as luvas do contrato de transmissão de jogos feitos por Patricia Amorim, o Flamengo já comprometeu mais de 90% dos seus recursos dessa natureza, restando cerca de R$ 8 milhões dessa verba para 2013. Nesta sexta-feira, o Conselho Fiscal vai emitir um parecer sobre as contas de 2011 ao Conselho Deliberativo.
- Só recomendaremos a aprovação mediante a reclassificação de algumas contas. Será preciso ajustar o resultado do exercício de 2011 e dar baixa nas despesas como, por exemplo, adiantamentos. O Flamengo adiantou verbas para alguns departamentos, chegaram os comprovantes, e agora tem que reduzir o saldo dos adiantamentos do saldo de despesas. Feito isso, a gente recomenda a aprovação. No balanço de 2011, o valor de adiantamentos ficou fora do padrão histórico do Flamengo, que é de R$ 2 mihões, e chegou a R$ 7 milhões – disse o presidente do Conselho Fiscal, Leonardo Ribeiro.
O mandato de Leonardo Ribeiro termina em 31 de março. Até lá, ele diz que vai conduzir a auditoria do conselho e quer receber detalhes da apuração encomendada pela nova diretoria.
- Eles contrataram uma empresa para fazer o levantamento à parte, mas já existe uma auditoria interna. As contas de 2012 ainda estão sob nossos cuidados, pelo menos até o fim do meu mandato. O primeiro ofício do Conselho Fiscal direcionado para a nova administração vai ser o contrato com essa empresa.
No exercício de 2010, as contas foram aprovadas com ressalvas. Os números de 2012 ainda estão em aberto, mas houve problemas no primeiro semestre, quando a diretoria não emitiu nenhum dos balancetes trimestrais e teve de ser feito, por ordem do Conselho Fiscal, um balanço semestral extraordinário para que os conselheiros pudessem verificar as contas.
Os salários dos jogadores estão atrasados. E isso foi tema do bate-papo entre a nova diretoria e o elenco logo no primeiro dia de contato, na quinta-feira.
- São pessoas novas, sérias, que estão entrando no Flamengo, mas já chegaram com esse trabalho de resolver (atraso de salário). Mas são capacitadas para isso. Jogadores têm que se preocupar dentro de campo, deixar que essas pessoas resolvam essas pendências. Temos de dar esse voto de confiança, acredito que eles vão resolver. É acreditar e esperar que possam solucionar essa pendência do ano passado – disse o lateral-direito Léo Moura.
Mudanças no marketing
O departamento de marketing, um dos pontos que a nova direção quer trabalhar intensamente depois do insucesso na gestão Patricia Amorim, também sofrerá mudanças. Luiz Eduardo Baptista, novo responsável pela pasta e homem-forte na diretoria, está em viagem e na semana que vem providenciará as mudanças.
Com a chegada de Bap, o clube também espera fechar três patrocinadores para a camisa. No planejamento, haverá três cotas disponíveis a R$ 15 milhões. Os patrocinadores passarão por um revezamento quadrimestral de exposição da marca em três locais diferentes do uniforme: ombro, peito e manga. A sugestão inicial do Flamengo é que as empresas assinem contratos por três anos, totalizando R$ 45 milhões por cada uma..
Vice de futebol justifica falta de reforços: penhoras
O torcedor do Flamengo não poderá festejar a chegada de reforços de impacto durante o Campeonato Carioca. O vice de futebol Wallim Vasconcellos avisou que o clube só poderá ter nomes de peso a partir da Copa do Brasil e do Brasileirão. Segundo ele, “três ou quatro atletas” chegarão durante o primeiro turno do Estadual, mas apenas por empréstimo. O dirigente descartou entrar em leilões e anunciou que o Rubro-Negro está fora das tratativas para contratar Nenê, Vargas, Conca e Jorge Henrique, últimas sondagens do Fla. Wallim elegeu o maior vilão do Flamengo no momento: as penhoras. Sendo assim, o plano da nova diretoria é enxugar as despesas e canalizar o investimento em um primeiro momento para o futebol.
- Esse problema da penhora é o maior que temos hoje. Estamos trabalhando com os órgãos públicos, como Ministério da Fazenda, para tentar fazer acordos para as nossas dívidas. Vários acordos foram feitos, mas não foram cumpridos. Vamos reverter isso, o presidente está empenhado com o (departamento) financeiro para saber o tamanho da dívida, renegociar. Vamos ter dinheiro em caixa com patrocínio da Adidas, com patrocinadores, ações de marketing. Os jogadores não têm culpa. Nós, teoricamente, não temos culpa, mas vamos ter de matar essa bola no peito. Pedimos um pouco de paciência para eles. O que falamos é que agora começou um novo Flamengo e não teremos atraso de salários. Vamos resolver, e acredito que tenham entendido. O que pedimos é o esforço deles, isso vai nos ajudar a trazer receita para o clube – explicou o vice de futebol.
O Flamengo teve R$ 27 milhões penhorados pela Justiça nos últimos meses por conta de execuções de antigas dívidas com a União, como recolhimento de imposto de renda e contribuição previdenciária do período 2007-08-09. Em recesso, a Justiça volta a funcionar na próxima segunda-feira.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/flamengo/noticia/2013/01/fla-contrata-auditoria-para-desvendar-caos-financeiro-e-abrir-caixa-preta.html
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