A CRÔNICA
por
Hector Werlang e Lucas Rizzatti
Gre-Nal é inesquecível mesmo debaixo de chuva, num estádio liberado
pela metade, em meio a obras, e com poucas chances de gol, decidido em
uma falha. O 393º, na tarde deste domingo, no Beira-Rio, pela 19ª rodada
do Brasileirão, ficará na memória de todos porque talvez nunca mais
aconteça um confronto nessas condições. Com barro, escombros,
retroescavadeiras no pátio e torcida apenas no anel superior, os
tricolores certamente guardarão o confronto por mais tempo na memória,
afinal, saíram vencedores, por 1 a 0, gol de Elano.
Vitória que fez o Grêmio subir na classificação, consolidar a trajetória rumo à Libertadores do ano que vem e manter o sonho de título. Com 37 pontos, o Tricolor assumiu o terceiro lugar, passando o Vasco, derrotado pelo Fluminense no sábado. O Inter permaneceu em quinto, com 31 pontos, quatro atrás do G-4 e a seis do maior rival.
Na abertura do returno, na quarta-feira, as duas equipes voltam a campo. O Grêmio, às 22h (de Brasília), no Olímpico, recebe o Vasco. O Inter, mais cedo, às 19h30m (de Brasília), desafia o Coritiba, no Paraná.
Fez o gol e saiu do jogo
Antes de a bola rolar, um rápido adendo. Com as obras de modernização do Beira-Rio para a Copa de 2014, foi autorizada a entrada de público em jogos apenas no anel superior. A capacidade reduzida do estádio foi alvo de polêmica na semana, já que o Grêmio queria mais igressos do que a Brigada Militar havia recomendado. No fim, conseguiu colocar mil tricolores, contra menos de 10 mil colorados - que poderiam ser um pouco mais se a chuva tivesse dado uma trégua em um domingo mal-humorado, com cara de 0 a 0. O cenário em obras também não ajudava. O jeito foi apelar para a tecnologia: caixas de som no gramado reproduziram o som da torcida, para amenizar a distância.
O Gre-Nal começou bem antes da saída dos vestiários, na divulgação das equipes. Fernandão, técnico iniciante em seu primeiro clássico, apostou no mistério durante a semana e realmente surpreendeu. Inspirado nas máquinas que reformam o Beira-Rio, reconstruiu o meio-campo colorado ao sacar Dátolo e apostar em Kleber deslocado para o setor. Vanderlei Luxemburgo parece ter aprendido com o jogo passado, em que escondeu a escalação e saiu derrotado. Com o time mais bem acabado, confirmou por antecipação a equipe e não mexeu nas laterais, fixando Pará e Anderson Pico.
Os primeiros minutos endossaram a tática de Luxa. O gol saiu cedo, aos
sete. O eleito Anderson Pico levantou a bola na área, Muriel saiu mal, e
a bola sobrou para Elano. Em seu primeiro clássico, o homem que arrumou
o time do Grêmio mostrou por que é o maestro do meio-campo tricolor. Ou
melhor, um legítimo mestre de obras. Experiente, não se afobou e
colocou com perícia no canto, enquanto o goleiro colorado tentava se
refazer do voo infeliz.
Nem deu para comemorar. Elano já estava sentido dores na coxa, na mesma perna esquerda que o ajudara a abrir o placar, desde os três minutos. Precisou sair aos 15, para dar lugar a Marquinhos. Os operários de Luxa ficaram sem a sua referência. A partir daí, o Inter de Fernandão cresceu no jogo, tomou conta dos espaços e atormentou a defesa tricolor.
Inter domina, mas não acerta a 'casa'
Tanto o Inter pressionou que Fernando foi induzido ao erro aos 22 minutos, recuando mal a bola. Damião a recuperou e acionou Forlán. Sozinho, o uruguaio tinha Marcelo Grohe à sua frente. "Só" é maneira de dizer. Afinal, o goleiro iria praticar a sua 25ª defesa difícil no Brasileirão. Agigantou-se como uma retroescavadeira e bloqueou a finalização rasteira do uruguaio.
Apesar do chute de Forlán, o caminho para o Inter era pelo alto. Vencia todos os duelos no espaço aéreo tricolor. Faltou, no entanto, acertar o gol. Em bolas cruzadas, surgiram duas reclamações de pênaltis. Primeiro, de que Anderson Pico teria colocado a mão na bola. Depois, de que Werley teria feito o mesmo após cabecear a bola contra o seu próprio corpo.
Leandro Vuaden não marcou nada. E abriu apenas três vezes o bolso para
tirar cartões. Aos 35 minutos, Marquinhos chutou a bola sobre Fabrício,
deitado no gramado. A rusga virou confusão, com até o sereno e quieto
Damião se exasperando. Sobraram amarelos para os protagonistas do
episódio. Logo depois, Gilberto Silva fez falta dura sobre o
centroavante colorado e também foi advertido.
O apito que deu fim ao primeiro tempo foi um bálsamo para o pressionado Grêmio.
- É continuar tendo atenção - pediu Gilberto Silva na saída para o intervalo.
A pausa deu ao Inter a certeza de que era só acertar as conclusões que o empate sairia na etapa final.
- A gente tem que saber finalizar com mais calma - recomendou o zagueiro Bolívar no intervalo.
Novo tempo, mesma pressão
Se não mudou peças, o Inter alterou a postura. Começou o segundo tempo alugando o campo do Grêmio. Não deu um minuto e estava quase empatando. Kleber cruzou, Grohe afastou parcialmente, e Forlán só não igualou o placar porque Fernando conseguiu interceptar o lance.
O problema é que, apesar do maior volume de jogo, o Inter não conseguia criar tantas chances. Apostava nos cruzamentos para a área ou chutes de longe, sem direção. A pressão ganhou ares de massacre, porque o Grêmio não mantinha a posse de bola, dificuldade surgida desde a saída de Elano.
Luxemburgo, então, tentou apostar nos contragolpes em velocidade. Sacou Marcelo Moreno e colocou Leandro. A ideia pareceu promissora quando o Gladiador lançou o jovem, de quatro gols no Brasileiro, que só parou na saída arrojada - e desta vez correta - de Muriel. Fernandão também resolveu mexer cedo, colocando Dagoberto na vaga de Kleber. Ainda sem mudança de placar, o técnico foi além: cotado para ser titular, o meia Dátolo ingressou no lugar do volante Ygor, aos 26 minutos. O questionado Naldo precisou entrar no Grêmio, já que Werley saiu lesionado.
No troca-troca do Gre-Nal, Luxa parece ter levado vantagem. O Grêmio melhorou no ataque e aumentou sua posse de bola. Com Leandro, conseguiu aos 29 minutos uma verdadeira proeza: o primeiro escanteio do time no clássico, depois de quase uma dezena de tiros de canto do rival. Mais do que uma simples estatística, era um sinal, de que o gol, conseguido cedo, aos sete minutos do primeiro tempo, por um jogador que atuou apenas 15, foi determinante para a estratégia tricolor.
No Gre-Nal das obras, o time mais bem acabado venceu. O Tricolor põe mais um tijolo na consolidação de sua posição no G-4, onde está há dez rodadas seguidas. Enquanto isso, a palavra de ordem no Inter é reconstrução, em todos os sentidos.
Vitória que fez o Grêmio subir na classificação, consolidar a trajetória rumo à Libertadores do ano que vem e manter o sonho de título. Com 37 pontos, o Tricolor assumiu o terceiro lugar, passando o Vasco, derrotado pelo Fluminense no sábado. O Inter permaneceu em quinto, com 31 pontos, quatro atrás do G-4 e a seis do maior rival.
Na abertura do returno, na quarta-feira, as duas equipes voltam a campo. O Grêmio, às 22h (de Brasília), no Olímpico, recebe o Vasco. O Inter, mais cedo, às 19h30m (de Brasília), desafia o Coritiba, no Paraná.
Kleber e Bolívar disputam bola no Gre-Nal (Foto: Lucas Uebel/Divulgação, Grêmio)
Antes de a bola rolar, um rápido adendo. Com as obras de modernização do Beira-Rio para a Copa de 2014, foi autorizada a entrada de público em jogos apenas no anel superior. A capacidade reduzida do estádio foi alvo de polêmica na semana, já que o Grêmio queria mais igressos do que a Brigada Militar havia recomendado. No fim, conseguiu colocar mil tricolores, contra menos de 10 mil colorados - que poderiam ser um pouco mais se a chuva tivesse dado uma trégua em um domingo mal-humorado, com cara de 0 a 0. O cenário em obras também não ajudava. O jeito foi apelar para a tecnologia: caixas de som no gramado reproduziram o som da torcida, para amenizar a distância.
O Gre-Nal começou bem antes da saída dos vestiários, na divulgação das equipes. Fernandão, técnico iniciante em seu primeiro clássico, apostou no mistério durante a semana e realmente surpreendeu. Inspirado nas máquinas que reformam o Beira-Rio, reconstruiu o meio-campo colorado ao sacar Dátolo e apostar em Kleber deslocado para o setor. Vanderlei Luxemburgo parece ter aprendido com o jogo passado, em que escondeu a escalação e saiu derrotado. Com o time mais bem acabado, confirmou por antecipação a equipe e não mexeu nas laterais, fixando Pará e Anderson Pico.
Elano comemora gol no Gre-Nal 393
(Foto: Diego Guichard/GLOBOESPORTE.COM)
(Foto: Diego Guichard/GLOBOESPORTE.COM)
Nem deu para comemorar. Elano já estava sentido dores na coxa, na mesma perna esquerda que o ajudara a abrir o placar, desde os três minutos. Precisou sair aos 15, para dar lugar a Marquinhos. Os operários de Luxa ficaram sem a sua referência. A partir daí, o Inter de Fernandão cresceu no jogo, tomou conta dos espaços e atormentou a defesa tricolor.
Inter domina, mas não acerta a 'casa'
Tanto o Inter pressionou que Fernando foi induzido ao erro aos 22 minutos, recuando mal a bola. Damião a recuperou e acionou Forlán. Sozinho, o uruguaio tinha Marcelo Grohe à sua frente. "Só" é maneira de dizer. Afinal, o goleiro iria praticar a sua 25ª defesa difícil no Brasileirão. Agigantou-se como uma retroescavadeira e bloqueou a finalização rasteira do uruguaio.
Apesar do chute de Forlán, o caminho para o Inter era pelo alto. Vencia todos os duelos no espaço aéreo tricolor. Faltou, no entanto, acertar o gol. Em bolas cruzadas, surgiram duas reclamações de pênaltis. Primeiro, de que Anderson Pico teria colocado a mão na bola. Depois, de que Werley teria feito o mesmo após cabecear a bola contra o seu próprio corpo.
Kleber é observado por Fabrício no clássico (Foto: Diego Guichard/GLOBOESPORTE.COM)
O apito que deu fim ao primeiro tempo foi um bálsamo para o pressionado Grêmio.
- É continuar tendo atenção - pediu Gilberto Silva na saída para o intervalo.
A pausa deu ao Inter a certeza de que era só acertar as conclusões que o empate sairia na etapa final.
- A gente tem que saber finalizar com mais calma - recomendou o zagueiro Bolívar no intervalo.
Novo tempo, mesma pressão
Se não mudou peças, o Inter alterou a postura. Começou o segundo tempo alugando o campo do Grêmio. Não deu um minuto e estava quase empatando. Kleber cruzou, Grohe afastou parcialmente, e Forlán só não igualou o placar porque Fernando conseguiu interceptar o lance.
O problema é que, apesar do maior volume de jogo, o Inter não conseguia criar tantas chances. Apostava nos cruzamentos para a área ou chutes de longe, sem direção. A pressão ganhou ares de massacre, porque o Grêmio não mantinha a posse de bola, dificuldade surgida desde a saída de Elano.
Luxemburgo, então, tentou apostar nos contragolpes em velocidade. Sacou Marcelo Moreno e colocou Leandro. A ideia pareceu promissora quando o Gladiador lançou o jovem, de quatro gols no Brasileiro, que só parou na saída arrojada - e desta vez correta - de Muriel. Fernandão também resolveu mexer cedo, colocando Dagoberto na vaga de Kleber. Ainda sem mudança de placar, o técnico foi além: cotado para ser titular, o meia Dátolo ingressou no lugar do volante Ygor, aos 26 minutos. O questionado Naldo precisou entrar no Grêmio, já que Werley saiu lesionado.
No troca-troca do Gre-Nal, Luxa parece ter levado vantagem. O Grêmio melhorou no ataque e aumentou sua posse de bola. Com Leandro, conseguiu aos 29 minutos uma verdadeira proeza: o primeiro escanteio do time no clássico, depois de quase uma dezena de tiros de canto do rival. Mais do que uma simples estatística, era um sinal, de que o gol, conseguido cedo, aos sete minutos do primeiro tempo, por um jogador que atuou apenas 15, foi determinante para a estratégia tricolor.
No Gre-Nal das obras, o time mais bem acabado venceu. O Tricolor põe mais um tijolo na consolidação de sua posição no G-4, onde está há dez rodadas seguidas. Enquanto isso, a palavra de ordem no Inter é reconstrução, em todos os sentidos.
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