A CRÔNICA
por
GLOBOESPORTE.COM
A partida prometia. O primeiro tempo foi até bom e acelerado no
Engenhão. Botafogo e Flamengo buscavam o ataque, mostravam luta e
velocidade e houve lances bonitos, com os gringos Seedorf e Cáceres se
destacando no que tinham de melhor: um nos passes, outro nos desarmes.
Veio o segundo tempo, o holandês e o paraguaio mantiveram a média. Mas
os times caíram consideravelmente de rendimento, e o público que foi ao
estádio neste domingo - 15.090 pagantes - viu um empate por 0 a 0 que
deixou os rivais longe de chegar ao G-4 do Brasileirão.
Com o resultado, o Botafogo fecha o turno com 28 pontos, na sétima posição, a sete do quarto colocado, o Vasco. O Flamengo terminou em nono lugar, com 26 pontos e um jogo a menos - aquele adiado contra o Atlético-MG. Os dois times precisarão melhorar, e muito, no returno, se quiserem uma vaga para a Libertadores ou até brigar pelo título. Na 20ª rodada, o Botafogo, que não conseguiu vencer um clássico carioca nas primeiras 19 rodadas, vai ao Morumbi encarar o São Paulo, na próxima quinta-feira. No mesmo dia, o Flamengo vai receber o Sport no Raulino de Oliveira, em Volta Redonda.
- Agora é pensar no segundo turno, recuperar contra o São Paulo. O equilíbrio foi grande, o jogo foi truncado. Tivemos oportunidades, mas não acertamos o último passe. O ponto não era o que necessitávamos - resumiu o meia alvinegro Renato, que teve boa atuação.
- É um clássico, né? Vence a equipe que erra menos, e hoje as duas equipes jogaram com atenção. Mas acho que tem que exaltar nosso time. Lutou até o final, todo mundo correu, bola na trave... Faltou um pouquinho de sorte, a gente teve algumas chances, mas a bola não entrou - afirmou o lateral Léo Moura, que vive fase ruim na equipe.
Começo acelerado
Quem foi assistir à partida, inclusive Adriano, que na véspera participou até de treino na areia e se concentrou com o time rubro-negro, não pôde se queixar do primeiro tempo. Apesar das poucas chances claras de gol - méritos para as defesas -, os dois times procuraram o ataque. Mostraram muita luta pela posse de bola e velocidade tanto nas jogadas ofensivas quanto na saída de jogo. Os números mostraram o equilíbrio. O Flamengo teve 51% de posse de bola contra 49% dos alvinegros.
E foi o Botafogo que tomou mais a iniciativa do jogo no começo. O técnico Oswaldo de Oliveira tinha uma surpresa: Márcio Azevedo, até então considerado ausência certa por contusão, começou na lateral esquerda. Tanto ele quanto Lucas tinham liberdade para atacar. O meio-campo, com Renato dando velocidade à saída de bola, ajudava, e muito. E com Seedorf de garçom, ficava mais fácil. Aos seis minutos, o craque holandês fez a primeira pintura da partida, num lindo lançamento para Elkeson na esquerda. O atacante alvinegro jogou na área para Andrezinho, que vinha de trás. A bola parou em Welinton. O zagueiro salvou o Flamengo.
O fato de o Botafogo não ter um atacante fixo na área facilitava o trabalho da zaga rubro-negra. Welinton e González, bem ajudados por Cáceres e Ibson - que substituía Renato Abreu, operado do joelho direito -, se antecipavam bem. E do meio para a frente, a equipe rubro-negra já começava a fazer bem a troca de passes.
Com Cáceres eficiente no desarme e na saída de bola, a ordem de Dorival Junior era explorar as laterais. E se Léo Moura não acertava pela direita, Luiz Antônio, um dos melhores do time, caía bem pelo setor. Até Welinton - isso mesmo - se arriscava bem como lateral. Foi assim a jogada que fez a torcida rubro-negra vibrar por um momento. O zagueiro foi no fundo e centrou para Vagner Love, derrubado na área por Amaral. O árbitro Péricles Bassols chegou a marcar o pênalti, mas logo em seguida invalidou porque o bandeirinha, corretamente, assinalou impedimento do atacante do Fla.
Os dois lances incendiaram mais a partida. Ainda agressivo, o Botafogo tinha em Lodeiro uma boa opção para surpreender. Livre para atuar tanto pelo lado direito como pelo esquerdo, o uruguaio, no entanto, alternava boas e más jogadas. Seedorf comandava bem o meio-campo, e Andrezinho, quando caía para o lado esquerdo, dava a velocidade necessária para o contra-ataque. Com Elkeson sumido, faltava o homem-gol.
No lado rubro-negro, Vagner Love bem que tentou deixar o seu, mas esbarrava nos erros de Thomás pela esquerda e o pouco apoio de Ramon. Nas jogadas individuais, o atacante não conseguia levar vantagem sobre Fábio Ferreira e Brinner. O que mais surpreendia na equipe rubro-negra eram as subidas de Welinton. Numa delas, o zagueiro completou centro com bela cabeçada. Jefferson fez boa defesa, mas a falta do zagueiro do Fla sobre Márcio Avezedo no alto foi marcada pela arbitragem.
Para dar o contragolpe, o Botafogo passou a insistir pela direita, sem sucesso. E se Lodeiro começava a errar os contra-ataques, Negueba, do lado rubro-negro conseguiu ao menos uma vez explorar o que tem de bom: a velocidade. No fim do primeiro tempo, arrancou e bateu para boa defesa de Jefferson. Apesar do esforço das duas equipes, o placar ficou mesmo no zero.
Partida cai
Dorival Junior resolveu mexer no Flamengo. Tirou Thomás, o mais apagado, para pôr o menino Adryan. Não surtiu efeito a substituição. Adryan insistia em cair pelo meio. A falta de um bom homem de ligação para ser o garçom atrapalhava.
Ainda por cima, o Botafogo melhorou a marcação por aquele lado. Na frente, Elkeson entrou um pouco mais no jogo. Foi dele a jogada que gerou polêmica: o jogador alvinegro sofreu falta de González que originou cartão amarelo para o zagueiro do Fla e expulsão do técnico Dorival Juniior, por reclamação.
Era a hora de o Botafogo aproveitar a instabilidade rubro-negra. Mas os times já tiravam o pé do acelerador, e a partida já havia caído de nível técnico quando Oswaldo trocou Andrezinho, bem na partida, por Cidinho. O jogador alvinegro não escondeu a insatisfação com a saída.
Àquela altura, quem mantinha o bom nível era o holandês Seedorf. O camisa 10, aos plenos 36 anos, ainda ganhava a bola na corrida de garotos. Além do vigor físico e dos belos passes, assustou em boa cobrança de falta, para fora. Nas jogadas pelas laterais, ficou claro o problema da equipe: em 10 jogadas na linha de fundo, nenhuma terminou em conclusão. A carência de um atacante fixo na área prejudica o time.
Com dois atacantes no fim da partida, quem chegou mais perto do gol no fim do jogo foi o Flamengo. Liédson, que entrara no lugar de Negueba, mandou uma bola no travessão, para desespero da torcida rubro-negra. Mas não seria justo haver um vencedor.
Com o resultado, o Botafogo fecha o turno com 28 pontos, na sétima posição, a sete do quarto colocado, o Vasco. O Flamengo terminou em nono lugar, com 26 pontos e um jogo a menos - aquele adiado contra o Atlético-MG. Os dois times precisarão melhorar, e muito, no returno, se quiserem uma vaga para a Libertadores ou até brigar pelo título. Na 20ª rodada, o Botafogo, que não conseguiu vencer um clássico carioca nas primeiras 19 rodadas, vai ao Morumbi encarar o São Paulo, na próxima quinta-feira. No mesmo dia, o Flamengo vai receber o Sport no Raulino de Oliveira, em Volta Redonda.
- Agora é pensar no segundo turno, recuperar contra o São Paulo. O equilíbrio foi grande, o jogo foi truncado. Tivemos oportunidades, mas não acertamos o último passe. O ponto não era o que necessitávamos - resumiu o meia alvinegro Renato, que teve boa atuação.
- É um clássico, né? Vence a equipe que erra menos, e hoje as duas equipes jogaram com atenção. Mas acho que tem que exaltar nosso time. Lutou até o final, todo mundo correu, bola na trave... Faltou um pouquinho de sorte, a gente teve algumas chances, mas a bola não entrou - afirmou o lateral Léo Moura, que vive fase ruim na equipe.
Os gringos Seedorf e Cáceres esbanjam qualidade no clássico no Engenhão (Foto: Satiro Sodré / Agif)
Começo acelerado
Quem foi assistir à partida, inclusive Adriano, que na véspera participou até de treino na areia e se concentrou com o time rubro-negro, não pôde se queixar do primeiro tempo. Apesar das poucas chances claras de gol - méritos para as defesas -, os dois times procuraram o ataque. Mostraram muita luta pela posse de bola e velocidade tanto nas jogadas ofensivas quanto na saída de jogo. Os números mostraram o equilíbrio. O Flamengo teve 51% de posse de bola contra 49% dos alvinegros.
E foi o Botafogo que tomou mais a iniciativa do jogo no começo. O técnico Oswaldo de Oliveira tinha uma surpresa: Márcio Azevedo, até então considerado ausência certa por contusão, começou na lateral esquerda. Tanto ele quanto Lucas tinham liberdade para atacar. O meio-campo, com Renato dando velocidade à saída de bola, ajudava, e muito. E com Seedorf de garçom, ficava mais fácil. Aos seis minutos, o craque holandês fez a primeira pintura da partida, num lindo lançamento para Elkeson na esquerda. O atacante alvinegro jogou na área para Andrezinho, que vinha de trás. A bola parou em Welinton. O zagueiro salvou o Flamengo.
O fato de o Botafogo não ter um atacante fixo na área facilitava o trabalho da zaga rubro-negra. Welinton e González, bem ajudados por Cáceres e Ibson - que substituía Renato Abreu, operado do joelho direito -, se antecipavam bem. E do meio para a frente, a equipe rubro-negra já começava a fazer bem a troca de passes.
Com Cáceres eficiente no desarme e na saída de bola, a ordem de Dorival Junior era explorar as laterais. E se Léo Moura não acertava pela direita, Luiz Antônio, um dos melhores do time, caía bem pelo setor. Até Welinton - isso mesmo - se arriscava bem como lateral. Foi assim a jogada que fez a torcida rubro-negra vibrar por um momento. O zagueiro foi no fundo e centrou para Vagner Love, derrubado na área por Amaral. O árbitro Péricles Bassols chegou a marcar o pênalti, mas logo em seguida invalidou porque o bandeirinha, corretamente, assinalou impedimento do atacante do Fla.
Os dois lances incendiaram mais a partida. Ainda agressivo, o Botafogo tinha em Lodeiro uma boa opção para surpreender. Livre para atuar tanto pelo lado direito como pelo esquerdo, o uruguaio, no entanto, alternava boas e más jogadas. Seedorf comandava bem o meio-campo, e Andrezinho, quando caía para o lado esquerdo, dava a velocidade necessária para o contra-ataque. Com Elkeson sumido, faltava o homem-gol.
No lado rubro-negro, Vagner Love bem que tentou deixar o seu, mas esbarrava nos erros de Thomás pela esquerda e o pouco apoio de Ramon. Nas jogadas individuais, o atacante não conseguia levar vantagem sobre Fábio Ferreira e Brinner. O que mais surpreendia na equipe rubro-negra eram as subidas de Welinton. Numa delas, o zagueiro completou centro com bela cabeçada. Jefferson fez boa defesa, mas a falta do zagueiro do Fla sobre Márcio Avezedo no alto foi marcada pela arbitragem.
Para dar o contragolpe, o Botafogo passou a insistir pela direita, sem sucesso. E se Lodeiro começava a errar os contra-ataques, Negueba, do lado rubro-negro conseguiu ao menos uma vez explorar o que tem de bom: a velocidade. No fim do primeiro tempo, arrancou e bateu para boa defesa de Jefferson. Apesar do esforço das duas equipes, o placar ficou mesmo no zero.
Partida cai
Dorival Junior resolveu mexer no Flamengo. Tirou Thomás, o mais apagado, para pôr o menino Adryan. Não surtiu efeito a substituição. Adryan insistia em cair pelo meio. A falta de um bom homem de ligação para ser o garçom atrapalhava.
Ainda por cima, o Botafogo melhorou a marcação por aquele lado. Na frente, Elkeson entrou um pouco mais no jogo. Foi dele a jogada que gerou polêmica: o jogador alvinegro sofreu falta de González que originou cartão amarelo para o zagueiro do Fla e expulsão do técnico Dorival Juniior, por reclamação.
Era a hora de o Botafogo aproveitar a instabilidade rubro-negra. Mas os times já tiravam o pé do acelerador, e a partida já havia caído de nível técnico quando Oswaldo trocou Andrezinho, bem na partida, por Cidinho. O jogador alvinegro não escondeu a insatisfação com a saída.
Àquela altura, quem mantinha o bom nível era o holandês Seedorf. O camisa 10, aos plenos 36 anos, ainda ganhava a bola na corrida de garotos. Além do vigor físico e dos belos passes, assustou em boa cobrança de falta, para fora. Nas jogadas pelas laterais, ficou claro o problema da equipe: em 10 jogadas na linha de fundo, nenhuma terminou em conclusão. A carência de um atacante fixo na área prejudica o time.
Com dois atacantes no fim da partida, quem chegou mais perto do gol no fim do jogo foi o Flamengo. Liédson, que entrara no lugar de Negueba, mandou uma bola no travessão, para desespero da torcida rubro-negra. Mas não seria justo haver um vencedor.
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