sábado, 21 de julho de 2012

'Até 2010, tentei convencer a Fofão a voltar à seleção', afirma Zé Roberto

Treinador considera Fernandinha a levantadora que mais se assemelha à campeã olímpica, admite favoritismo dos EUA, mas coloca Brasil no páreo

Por Marcello Pires Rio de Janeiro
 
De todos os cortes feitos por José Roberto Guimarães às vésperas das Olimpíadas de Londres, o da levantadora Fabíola foi o que mais causou polêmica. Talvez pela surpresa com a convocação da substituta Fernandinha, que praticamente não fez parte do grupo que defendeu a seleção brasileira nos últimos quatro anos, ou simplesmente pelo fato de o Brasil não ter mais uma jogadora que seja unanimidade na posição. Assim como foi Fernanda Venturini nas Olimpíadas de Seul-88, Barcelona-92, Atlanta-96 e Atenas-2004 ou Fofão nos Jogos de Pequim-2008, com quem o treinador lamenta não poder contar em Londres-2012.

Fofão Zé Roberto arquivo vôlei seleção brasileira (Foto: Divulgação/CBV)O técnico Zé Roberto revela que até 2010 tentou convencer Fofão a retornar à seleção (Foto: Divulgação/CBV)
- Até 2010, eu tentei convencer a Fofão a retornar à seleção, pois achava que ela ainda tinha condições e gás para jogar em alto nível. Assim como fiz com a Waleska. No entanto, ela me disse que tinha defendido o país por 17 anos e achava que era hora de ficar com a família e cuidar das coisas dela. O que eu podia fazer? Foi uma opção dela e eu tive que respeitar - revelou o técnico Zé Roberto.

A ausência da melhor levantadora das Olimpíadas de Pequim não chegou a tirar o sono do treinador nos últimos quatro anos, quando Fabíola e Dani Lins tiveram bons momentos e se revezaram como titulares, mas o semblante mais fechado e preocupado do que de costume talvez justifiquem a escolha de Zé Roberto por Fernandinha.

Sofro com uma antecedência muito grande. Machuca quem sai, machuca quem fica, e, principalmente, quem faz o corte"
Zé Roberto
- A Fabíola não foi titular durante todos esses quatro anos. A Dani Lins jogou em 2009 e parte da temporada de 2010, e a briga entre elas sempre foi muito acirrada. Isso faz parte, é o contexto do momento. A Fernandinha é uma levantadora com características diferenciadas em termos de mão, de personalidade e que eu já queria ter convocado antes. Ela teve um problema na coluna e ficou com receio de atender a convocação na época. É quem tem mais experiência, pois jogou cinco anos fora do país e anteriormente atuou por vários clubes brasileiros também. Enfim, é uma levantadora mais à moda antiga, que joga com mais velocidade e que mais se assemelha ao estilo da Fofão.

Certo ou errado, a única certeza de Zé Roberto é que o momento do corte é sempre o pior na vida de um treinador. Mesmo quando a decisão seja apenas por critério técnico, como foi o caso da atacante Mari, campeã olímpica em 2008.

Fernandinha levantadora vôlei seleção (Foto: Alexandre Arruda/CBV)Zé Roberto surpreendeu ao convocar Fernandinha
para Londres-2016  (Foto: Alexandre Arruda/CBV)
- Sofro com uma antecedência muito grande. Machuca quem sai, machuca quem fica, e, principalmente, quem faz o corte. É muito doloroso você acompanhar o esforço do atleta durante todo o período de treinamento, de jogos, a convivência com o grupo e depois ter que deixá-la de fora. Mas, infelizmente, faz parte da nossa profissão e cabe ao treinador a dura missão de cortar - explicou.

Com a lista das doze jogadoras definida, a maior preocupação do treinador agora é com as principais adversárias do Brasil na caminhada rumo ao bicampeonato olímpico. Além das favoritas norte-americanas, Zé Roberto destaca também Rússia e Itália, pela tradição, Sérvia e China, sempre rivais chatos, além das surpreendentes turcas, medalhistas de bronze no último Grand Prix sob o comando do brasileiro Marco Aurélio Motta.

- Nos dois últimos anos a gente viu uma supremacia dos Estados Unidos, que só deixou de ganhar a Copa do Mundo porque perdeu uma partida que ninguém esperava para o Japão e ficou em segundo. Vejo as norte-americanas como favoritas, nem tão distantes assim dos rivais, e outras seleções, inclusive a brasileira, correndo por fora em busca de uma medalha - prevê o treinador.

A gente quer voltar para o Brasil com uma medalha. Mas a pressão é muito grande e a caminhada não é fácil"
Zé Roberto
Sobre o futuro na seleção, Zé Roberto desconversa. Seja na feminina ou numa possível volta para a masculina, caso Bernardinho decida buscar novos desafios após os Jogos de Olímpicos de Londres.

- Estou tão focado em Londres que não quero pensar nisso agora. A gente vive de resultados. Não adianta falar nada agora, vamos esperar. No Brasil, ser segundo e último é a mesma coisa. A gente quer voltar para o Brasil com uma medalha. Mas a pressão é muito grande e a caminhada não é fácil – afirmou Zé Roberto.

Independentemente de sua permanência no comando da seleção feminina, o treinador aposta na geração que vai representar o Brasil em 2016 no Rio de Janeiro.

- É uma geração com jogadoras interessantes. A Natália, por exemplo, é uma ponteira passadora acima da média e a Gabi uma atleta que está sendo preparada. Não é alta, mas tem uma boa impulsão e tecnicamente é ótima. Estou muito entusiasmado com ela e acho que ela teria brigado para ir a Londres se faltasse mais um ano até as Olimpíadas.

Natália seleção feminina de vôlei (Foto: Alexandre Arruda / CBV)Natália é apontada por Zé Roberto como um dos destaques da nova geração (Foto: Alexandre Arruda/CBV)
FONTE:

Nenhum comentário: