Um dos responsáveis por radicalizar a campanha do time, técnico Cleimar Rocha vive momento inusitado: ou a façanha, ou a decepção
A explicação reside no caráter inusitado da trajetória do time alvirrubro no Estadual. No primeiro turno, a Taça Guanabara, o Bangu conseguiu a façanha de perder todos os jogos disputados. Não fez um ponto sequer. Mas radicalizou sua campanha no returno, a Taça Rio. É o líder do Grupo B, com 12 pontos. Está a um passo da classificação.
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O porém é que avançar às semifinais de um turno não garante, no
regulamento, que o time se livre da queda. O rebaixamento é definido
pelo somatório dos pontos dos clubes nas duas metades da competição. A
campanha nula na Taça Guanabara mantém o risco para uma equipe que vem
sendo quase impecável no returno.Mas o Bangu só caiu nesse paradoxo graças a um pequeno milagre. Fechado o primeiro turno, a queda parecia quase certa. Ledo engano. A chegada de atletas e a mudança no comando do time transformaram a depressão em esperança. O time renasceu. E acabou enlouquecendo a tabela.
Um dos principais responsáveis pela reação é o técnico Cleimar Rocha. Ele assumiu o time na segunda rodada da Taça Rio. Antes dele, passaram dois comandantes pelo vestiário: Marcão e Carlos César. Com eles, foram oito jogos, com sete derrotas e um empate – aproveitamento de 4,1%. Depois da chegada de Cleimar, ocorreram três vitórias, dois empates e apenas uma derrota. O rendimento pulou para 61,1%.
Cleimar Rocha, o treinador que reergueu o Bangu no Estadual (Foto: Alexandre Alliatti / Globoesporte.com)
- Pode ficar uma sensação de que quem estava antes não teve competência para encontrar soluções. Mas não é isso. Foi uma conjunção de fatores. O Bangu não fez uma boa campanha no primeiro turno, e quando a diretoria tomou a decisão de fazer contratações de jogadores, e também mudar a comissão, chegaram atletas de qualidade técnica indiscutível, e também experientes (caso do meia Almir, ex-Botafogo). Isso qualificou o grupo. Os técnicos anteriores não tiveram a oportunidade de trabalhar com a maioria deles. Aconteceu também de eu poder trabalhar a semana inteira. Isso é muito importante, porque o grupo está em formação, por incrível que pareça. Essa mudança de elenco foi fundamental, porque quem chega, chega motivado. A gente sabia que a tarefa não era fácil. Estou em meu sexto ano no Campeonato Carioca, e nunca vi algo assim acontecer. Sabíamos da dificuldade – disse o treinador.
Cleimar estreou em 4 de março, com empate por 1 a 1 com o Bonsucesso. Na partida seguinte, segurou o Botafogo, em novo empate por 1 a 1. Na sequência, veio a primeira vitória: 1 a 0 sobre o Madureira. A reação estava encaminhada.
Mas o treinador avisa: a reviravolta não foi uma “receita de bolo”. Ele teve que trabalhar principalmente o lado psicológico do elenco. Transformou a luta contra a queda em uma guerra.
- O principal do trabalho é fazer o jogador acreditar que é possível. O diferencial foi que em momento algum eles desistiram, se acomodaram. Nosso perfil tinha que ser de briga. Isso não significa abandonar o lado tático, técnico, físico, mas o lado afetivo tinha que ser enfatizado. Estávamos nas piores condições possíveis. Quando começamos, não imaginávamos que teríamos que ganhar tanto. Conforme os resultados foram acontecendo, percebemos que era só com perseverança, com não desistir nunca. E o grupo tem esse perfil – comentou o treinador.
O paradoxo
Cleimar teve calculadora como auxiliar, mas agora abandona os cálculos: é vencer o Resende(Foto: Alexandre Alliatti / Globoesporte.com)
- É um paradoxo. É coisa de regulamento: vai de um polo a outro. Os jogadores têm que aproveitar o momento que vivem, perceber que a crença que eles tiveram, de que as coisas poderiam mudar, pode fazer a diferença.
Cleimar abandonou os cálculos. Trabalha com a ideia de vencer o Resende no domingo e, assim, se livrar do rebaixamento e se classificar ao mesmo tempo. Mas a calculadora foi quase uma sombra dele durante o último mês. Em mente, estava uma obsessão: deixar dois adversários para trás na tabela geral de classificação.
Almir, ex-Botafogo, dá experiência ao elenco do
Bangu (Foto: Gabriel Fricke / Globoesporte.com)
Bangu (Foto: Gabriel Fricke / Globoesporte.com)
O Bangu chega à última rodada da etapa de grupos da Taça Rio um ponto à frente do Vasco e com dois a mais do que o Fluminense. Na classificação geral, é o antepenúltimo, com os mesmos 12 pontos do Bonsucesso e três adiante do Americano. É por isso que pode se classificar e ficar entre os rebaixados ao mesmo tempo. Afinal, pode avançar à próxima fase mesmo com uma derrota ou um empate, e aí corre o risco de ser ultrapassado na campanha geral, na luta contra a queda.
Caso se classifique e fique entre os rebaixados, haverá uma esperança de evitar a queda: vencer a Taça Rio. Campeões de turno, pelo regulamento, não podem ir para a Série B.
- Chegará uma situação em que ter um resultado resolverá os dois problemas. E não tê-lo também poderá definir. Enquanto isso, cada dia parece ter mais do que 24 horas. Demora muito para passar – resumiu o treinador.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/rj/futebol/campeonato-carioca/noticia/2012/04/com-calculo-e-psicologia-bangu-vive-paradoxo-vaga-eou-rebaixamento.html
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