Durante algum tempo ­ uns seis meses ­ fui companheiro de Telê Santana em corridas no calçadão de Copacabana. Mesmo com o preparo físico de um ex-jogador, Telê, precavido, corria apenas quatro quilômetros a partir do Leme. Eu, botando os bofes pela boca, conseguia ir ao Posto Seis e voltar até certo ponto, cumprindo sete quilômetros. Depois, ficávamos na areia, descansando a falando na Seleção Brasileira, da qual ele era técnico. Se minha memória ­ que não é de ferro como a de José Inácio Werneck ­ não me falha, isso ocorreu às vésperas da Copa do Mundo do México, disputada em 1986 ­ na qual o Brasil foi eliminado pela França nos pênaltis.

Vez por outra, esquecíamos a Seleção Brasileira ­ que ainda iria viajar para a Cidade do México ­ e falávamos do Campeonato Carioca. Lembrei a ele que na final do Campeonato Carioca de 1957 ­ o Botafogo venceu por 6 a 2 ­ um fato curioso: Telê e Didi trocaram pontapés no meio do campo, sem que Alberto da Gama Malcher, o árbitro, percebesse. Surpreso, Telê me perguntou como eu vira o lance. Eu disse que estava no Maracanã acompanhando tudo e percebi o atrito. Foi então que Telê explicou:

- Quando o Botafogo fez 4 a 1, chamei Didi e Nílton Santos e pedi a eles que falassem com Garrincha, que estava dando um baile desmoralizante em Altair (lateral-esquerdo) e Clóvis (quarto-zagueiro). Dei parabéns aos dois pela conquista do título (numa contagem impossível de ser revertida) mas solicitei que Garrincha parasse um pouco com suas jogadas. Ou Nílton e Didi não conseguiram falar com Mané, ou ele, Mané, só fazia o que lhe desse na telha. Daí a minha briga com meu velho amigo do Fluminense.

Dito e feito. Garrincha marcou o quinto gol e deu de badeja o sexto para Paulo Valentim ­ hoje enterrado no Cemitério de Chacarita, em Buenos Aires, pouco depois que o Botafogo o vendeu ao Boca Juniors. À exceção de Nílton Santos, que é de 1925 e não reconhece mais as pessoas, todos se foram, pelo menos os do Botafogo e Telê Santana. Os 6 a 2 marcam até hoje a maior contagem de uma final de Campeonato Carioca. Hoje, o Botafogo não é mais o Botafogo forte e temido e o Fluminense já perdeu a invencibilidade no Campeonato Carioca de 2012.

Quanto à atual crise no Flamengo, pelo que sei foi provocada por uma briga de Ronaldinho Gaúcho com Vanderley Luxemburgo. Agora, quero saber como Patrícia Amorim vai pagar os quatro milhões de reais de multa rescisória a Luxemburgo. Fora o dinheiro que o Flamengo deve aos jogadores, por direito de imagem, ações que já estão na Justiça