terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

ncolhe e estica: traves de estádios paulistas estão fora dos padrões


Federação analisa tamanhos das balizas em São Paulo e atesta: vários estádios não seguem medidas oficiais. Diferença chega a 15 centímetros

Por Rodrigo Faber São Paulo

“FPF veta estádios do Campeonato Paulista”. Todo início de temporada, a manchete é a mesma. Em todas as divisões do futebol de São Paulo, os clubes do interior se desdobram para cumprir as exigências estabelecidas antes do prazo e, na maioria das vezes, só conseguem liberar seus estádios a poucos dias da estreia. As séries A-1 e A-2 já estão na décima primeira rodada. A A-3, na nona. Mesmo assim, problemas continuam a ser relatados nas súmulas.

No dia 22 de fevereiro, o Santos venceu o Comercial por 2 a 0 na Arena Barueri. No intervalo da partida, os jogadores da equipe de Ribeirão Preto reclamaram que uma das traves do estádio estaria menor do que a outra. Por se tratar de uma construção recente e considerada moderna, a acusação dos comercialinos levantou a questão: afinal, os palcos do futebol paulista seguem as regulamentações?

A resposta, após análise de relatos dos árbitros, é negativa. Dos 30 jogos realizados no último fim de semana nas três primeiras divisões do futebol paulista, apenas cinco não tiveram irregularidades apontadas nos relatórios dos árbitros. A falha mais recorrente é justamente o tamanho das traves. De acordo com as regras do jogo, elas devem ter 7,32m de largura por 2,44m de altura. Na prática, as medidas estão longe das corretas em muitos estádios paulistas.

Foto do estádio em Sorocaba (Foto: Divulgação RB Brasil)Maioria das traves nos estádios em São Paulo está fora dos padrões  (Foto: Divulgação/RB Brasil)

Um dos casos mais graves foi verificado no estádio Frederico Dalmazo, em Sertãozinho. Antes da partida entre o time da casa e o Guaçuano, o árbitro Antonio Ferreira de Oliveira Junior relatou que uma das traves media 2,47m nos ângulos e 2,52m ao centro. Ou seja, o gol era maior que o normal e o travessão, além ser uma espécie de arco, chega a estar oito centímetros mais alto que o previsto na regra. Do outro lado do campo, o contrário: a trave era menor, medindo 2,40m no centro e no ângulo esquerdo e 2,39m no ângulo direito.

Em contato com a reportagem do GLOBOESPORTE.COM, o presidente da Comissão de Arbitragem em São Paulo, Marcos Marinho, justificou as análises efetuadas em todo o estado e culpou os responsáveis pela manutenção de cada estádio.

- A culpa é da manutenção dos gramados. O pessoal reforma os campos, coloca mais terra, sobe a grama. Como ela (trave) é fixa, vai ficando cada vez mais baixa - argumentou.
A culpa é da manutenção dos gramados. O pessoal reforma os campos, coloca mais terra, sobe a grama."
Marcos Marinho
Marinho afirmou que as inspeções vão continuar na próxima rodada das três divisões, já que os times que atuaram como visitantes no último fim de semana serão mandantes desta vez.

- Como surgiu essa novidade no jogo na Arena Barueri (Santos x Comercial), tomamos a iniciativa de medir todas as traves de todos os estádios de São Paulo - disse o dirigente, que apesar dos problemas, não vê motivo para reclamação dos clubes.
- No fim, nenhuma das duas equipes tem vantagem. Se um time joga atacando em um gol maior no primeiro tempo, a outra vai jogar no segundo. Acaba ficando em equilíbrio.
Para o ex-árbitro Arnaldo Cezar Coelho, o fato é curioso, mas não chega a ser novidade. O comentarista afirmou que, apesar de nunca ter presenciado nada do tipo quando ainda apitava, já presenciou alguns estádios com irregularidades.
- Nunca aconteceu comigo, mas eu já vi estádios em que o gol era mais baixo mesmo.

A maior diferença observada foi no estádio Sócrates Stamato, em Bebedouro. Após a vitória da Internacional de Limeira sobre o Marília, por 4 a 2, pela Série A-3, o árbitro Max Venâncio da Silva relatou a discrepância das balizas: em uma das traves, 2,30m do lado direito, 2,39m ao centro e 2,33 do lado esquerdo. Na outra, medida uniforme de 2,38m. Ou seja, a diferença para a medida oficial chegou a significativos 15cm.
As irregularidades não se restringem às divisões inferiores. Palco do clássico entre Palmeiras e São Paulo, o estádio Eduardo José Farah, em Presidente Prudente, não atende às exigências da Fifa. Embora a largura tenha sido respeitada, ambas as traves tinham 2,41m nas suas extremidades e 2,38m ao centro - seis centímetros menor que a medida padrão.

Quando o Choque-Rei estava empatado em 2 a 2 (o jogo terminou 3 a 3), o meia são-paulino Cícero cobrou falta no travessão de Deola. O lance levanta a questão: se a baliza estivesse com a medida correta - seis centímetros mais alta - a bola entraria? Dos 10 jogos da elite realizados entre sábado e domingo, apenas três não tiveram observações eventuais: Santos 6 x 1 Ponte Preta  (Arena Barueri), São Caetano 1 x 1 Portuguesa (Anacleto Campanella) e Comercial 0 x 1 Mirassol (Palma Travassos).
Apesar da reclamação dos comercialinos, as traves da Arena Barueri estão nas medidas corretas. Caso raro.

Os jogos em que foram verificados problemas:

Série A1

Paulista 1 x 2 Linense, no Jayme Cintra, em Jundiaí
Oeste 1 x 2 Mogi Mirim, no estádio dos Amaros, em Itápolis
Catanduvense 2 x 4 Bragantino, no estádio Silvio Salles, em Catanduva
Corinthians 1 x 0 Botafogo, no Pacaembu, em São Paulo
XV de Piracicaba 1 x 2 Ituano, no Barão de Serra Negra, em Piracicaba
Guaratinguetá 2 x 1 Guarani, no estádio Dario Rodrigues Leite, em Guaratinguetá
Palmeiras 3 x 3 São Paulo, no estádio Eduardo José Farah, em Presidente Prudente

Série A2
Palmeiras B 2 x 1 América, na Rua Javari, em São Paulo
Santo André 1 x 3 São Carlos, no Primeiro de Maio, em São Bernardo do Campo
Red Bull Brasil 0 x 1 São Bernardo, no Moisés Lucarelli, em Campinas
União São João 1 x 2 Ferroviária, no estádio Hermínio Ometto, em Araras
Santacruzense 1 x 1 Atlético de Sorocaba, no estádio Leônidas Camarinha
Audax 3 x 0 Velo Clube, no estádio Nicolau Alayon, em São Paulo
Penapolense 4 x 1 Barueri, no estádio Tenente Carriço, em Penápolis
Rio Preto 2 x 2 Monte Azul, no estádio Anísio Haddad, em São José do Rio Preto

Série A3

Internacional de Bebedouro 4 x 2 Marília, no estádio Sócrates Stamato, em Bebedouro
Sertãozinho 1 x 1 Guaçuano, no estádio Frederico Dalmazo, em Sertãozinho
São Bento 0 x 2 Rio Branco, no estádio Walter Ribeiro, em Sorocaba
Taboão da Serra 1 x 2 Capivariano, no estádio Antônio Soares de Oliveira, em Guarulhos
Flamengo 2 x 2 Juventus, no estádio Antônio Soares de Oliveira, em Guarulhos
XV de Jaú 0 x 3 Francana, no estádio Zezinho Magalhães, em Jaú
Grêmio Osasco 2 x 0 Osvaldo Cruz, no estádio José Liberatti, em Osasco
Independente 1 x 2 Taubaté, no estádio Comendador Agostinho Prada, em Limeira



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