A quinta-feira foi de fortes emoções para Pedro Solberg. Suspenso há
mais de um mês por testar positivo para o esteroide exógeno androstane,
ele, enfim recebeu o resultado de sua contraprova. Apesar do positivo,
ele soube, poucas horas depois, que a Federação Internacional de Vôlei
(FIVB) havia derrubado a suspensão, até a data do julgamento, baseada na
possibilidade de terem ocorrido irregularidades na realização de seu
exame. Suspeitando de falhas, Pedro promete ir até o final para provar
sua inocência. Sem parar de treinar em nenhum momento, Pedro já projeta
voltar a competir, ao lado de Ferramenta, na etapa da Holanda do Circuito Mundial de Vôlei de Praia.
– É o set mais longo da minha vida. E o mais difícil também. Mais duro
do que o bloqueio do Dalhausser (americano de 2,06m, campeão olímpico).
Mas vou provar que sou inocente, é uma questão de honra para mim – disse
o atleta.
Isso tudo é mais duro do que o bloqueio do Dalhausser. Mas vou provar que sou inocente"
Pedro Solberg
Pedro contou ter sabido que a urina recolhida na manhã de 30 de maio só
chegou ao laboratório Ladetec, no Rio, no dia 2 de junho. De acordo com
o regulamento da Agência Mundial Antidoping (Wada), um documento
chamado cadeia de custódia deve estar sempre acompanhado da amostra.
Nesse documento constam onde e como a urina ficou armazenada até chegar
ao laborátorio, mas o dossiê do exame de Solberg afirma que a amostra
chegou sem as informações.
- Até agora não entendo por que a minha amostra demorou quatro dias
para chegar ao laboratório. E, quando chegou, faltou a cadeia de
custória, que é o passo a passo por onde a urina passou e em que
condições passou – disse Pedro, que alegou que, segundo bioquímicos e
pesquisas da própria Wada, se a urina ficar armazenada em uma
temperatura errada pode testar substâncias como a que foi encontrada em
seu exame. – Aprendi que a temperatura da amostra é de suma importância.
Artigos de médicos da Wada comprovam. Isso pode ter acontecido no meu
exame.
Documento do laboratório não explica o passo a
passo da coleta da amostra de urina do jogador
(Foto: Amanda Kestelman / GLOBOESPORTE.COM)
Secretário-executivo da Agência Brasileira Antidoping, e uma das
principais referências no assunto no mundo, o médico Eduardo de Rose
enviou uma carta para a FIVB, em que afirma que o jogador tinha o
chamado benefício da dúvida e merecia o fim da suspensão. “Quero relatar
que estamos encarando problemas no Brasil com a confirmação da amostra A
do atleta Pedro Solberg. A confirmação da amostra A foi adiada duas
vezes por problemas técnicos no laboratório no Rio (...) A Agência
Brasileira Antidoping apoia, integralmente, a suspensão de atletas que
violem do Código Mundial Antidoping, mas iremos lamentar muito se, por
qualquer falha do laboratório e na análise dos resultados, um atleta
inocente for penalizado”, escreveu o médico na carta à qual o SPORTV.COM teve acesso.
Procurado, De Rose explicou a intenção com a carta.
- Pedi à FIVB que evitasse a suspensão provisória, que é dada antes do
julgamento. Pode acontecer algo nesse caso que se possa discutir. Se
houver condenação, eles voltam a combinar, podem até suspender o atleta
retroativamente. Meu sentido foi de apenas proteger o atleta, tento
evitar que haja precipitação. A suspensão é muitas vezes feita sem ouvir
o atleta, apenas pedi que ele fosse ouvido. A Wada antevê uma defesa
imediata do atleta, que aparentemente não ocorreu, já que ele está
suspenso há um mês e não houve um julgamento. Enviei a carta como
secretário-executivo da Agência Brasileira Antidoping, mas não tenho
nada a ver com o caso - disse o médico.
A intenção de Pedro Solberg, agora, é levar sua amostra para
laboratórios fora do país. O jogador de vôlei também afirmou que, 30
dias depois do exame que testou positivo para o esteroide, foi submetido
a outro antidoping, na Noruega, onde participava de uma etapa do
Circuito Mundial, e nenhuma substância proibida foi encontrada.
Nunca me imaginei passando por uma situação dessa. Ser culpado de algo que você não fez. Mas me mantive forte"
Pedro Solberg
- Isso não sai fácil do corpo. Menos de 30 dias depois fiz outro exame e
nada foi encontrado. Está sendo muito barra pesada. Nunca me imaginei
passando por uma situação dessa. Ser culpado de algo que você não fez.
Mas me mantive forte. Fiquei tentando buscar algum motivo para isso ter
aparecido e está sendo um sofrimento muito grande. Vou lutar até o final
para provar que sou inocente.
Desde que foi notificado até o resultado da contraprova, Pedro e sua
família buscaram profissionais capacitados e foram até onde podiam para
encontrar motivos para o aparecimento da susbtância. Segundo ele, toda a
estrutura foi fundamental para que ele não desistisse em nenhum
momento.
- O laboratório me cobrou R$ 15 mil para fazer essa contraprova.
Depois, fiquei sabendo que custa cerca de US$ 350 (R$ 550). Fico
pensando, se isso acontece com um atleta que está começando, sem
condições e estrutura, como ele vai recorrer? Me coloco na situação de
outra pessoa e imagino como deve ser – afirmou Pedro, que contou que a
Wada, ao saber do preço cobrado, fez com que o laboratório devolvesse o
dinheiro.
Procurado, mais cedo, pelo SPORTV.COM, o laboratório
Ladetec afirmou que não pode se pronunciar sobre o assunto por conta de
uma exigência contratual feita pela Agência Mundial Antidoping (Wada).
Assista a vídeos de vôlei de praia
FONTE:
http://sportv.globo.com/site/eventos/circuito-mundial-de-volei-de-praia/noticia/2011/08/liberado-para-competir-solberg-diz-e-o-set-mais-longo-da-minha-vida.html
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