sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Liberado para competir, Solberg diz: 'É o set mais longo da minha vida'

Após ter a suspensão por doping derrubada pela FIVB, jogador revela seus passos no mês de angústia, após o resultado, e planeja volta ao Circuito




Por Adriano Albuquerque, Amanda Kestelman e Victorino Chermont Rio de Janeiro


A quinta-feira foi de fortes emoções para Pedro Solberg. Suspenso há mais de um mês por testar positivo para o esteroide exógeno androstane, ele, enfim recebeu o resultado de sua contraprova. Apesar do positivo, ele soube, poucas horas depois, que a Federação Internacional de Vôlei (FIVB) havia derrubado a suspensão, até a data do julgamento, baseada na possibilidade de terem ocorrido irregularidades na realização de seu exame. Suspeitando de falhas, Pedro promete ir até o final para provar sua inocência. Sem parar de treinar em nenhum momento, Pedro já projeta voltar a competir, ao lado de Ferramenta, na etapa da Holanda do Circuito Mundial de Vôlei de Praia.
– É o set mais longo da minha vida. E o mais difícil também. Mais duro do que o bloqueio do Dalhausser (americano de 2,06m, campeão olímpico). Mas vou provar que sou inocente, é uma questão de honra para mim – disse o atleta.
Isso tudo é mais duro do que o bloqueio do Dalhausser. Mas vou provar que sou inocente"
Pedro Solberg
Pedro contou ter sabido que a urina recolhida na manhã de 30 de maio só chegou ao laboratório Ladetec, no Rio, no dia 2 de junho. De acordo com o regulamento da Agência Mundial Antidoping (Wada), um documento chamado cadeia de custódia deve estar sempre acompanhado da amostra. Nesse documento constam onde e como a urina ficou armazenada até chegar ao laborátorio, mas o dossiê do exame de Solberg afirma que a amostra chegou sem as informações.
- Até agora não entendo por que a minha amostra demorou quatro dias para chegar ao laboratório. E, quando chegou, faltou a cadeia de custória, que é o passo a passo por onde a urina passou e em que condições passou – disse Pedro, que alegou que, segundo bioquímicos e pesquisas da própria Wada, se a urina ficar armazenada em uma temperatura errada pode testar substâncias como a que foi encontrada em seu exame. – Aprendi que a temperatura da amostra é de suma importância. Artigos de médicos da Wada comprovam. Isso pode ter acontecido no meu exame.
Pedro Solberg vôlei de praia documento do laborátorio (Foto: Amanda Kestelman / GLOBOESPORTE.COM)Documento do laboratório não explica o passo a
passo da coleta da amostra de urina do jogador
(Foto: Amanda Kestelman / GLOBOESPORTE.COM)
Secretário-executivo da Agência Brasileira Antidoping, e uma das principais referências no assunto no mundo, o médico Eduardo de Rose enviou uma carta para a FIVB, em que afirma que o jogador tinha o chamado benefício da dúvida e merecia o fim da suspensão. “Quero relatar que estamos encarando problemas no Brasil com a confirmação da amostra A do atleta Pedro Solberg. A confirmação da amostra A foi adiada duas vezes por problemas técnicos no laboratório no Rio (...) A Agência Brasileira Antidoping apoia, integralmente, a suspensão de atletas que violem do Código Mundial Antidoping, mas iremos lamentar muito se, por qualquer falha do laboratório e na análise dos resultados, um atleta inocente for penalizado”, escreveu o médico na carta à qual o SPORTV.COM teve acesso.


Procurado, De Rose explicou a intenção com a carta.
- Pedi à FIVB que evitasse a suspensão provisória, que é dada antes do julgamento. Pode acontecer algo nesse caso que se possa discutir. Se houver condenação, eles voltam a combinar, podem até suspender o atleta retroativamente. Meu sentido foi de apenas proteger o atleta, tento evitar que haja precipitação. A suspensão é muitas vezes feita sem ouvir o atleta, apenas pedi que ele fosse ouvido. A Wada antevê uma defesa imediata do atleta, que aparentemente não ocorreu, já que ele está suspenso há um mês e não houve um julgamento. Enviei a carta como secretário-executivo da Agência Brasileira Antidoping, mas não tenho nada a ver com o caso - disse o médico.
A intenção de Pedro Solberg, agora, é levar sua amostra para laboratórios fora do país. O jogador de vôlei também afirmou que, 30 dias depois do exame que testou positivo para o esteroide, foi submetido a outro antidoping, na Noruega, onde participava de uma etapa do Circuito Mundial, e nenhuma substância proibida foi encontrada.
Nunca me imaginei passando por uma situação dessa. Ser culpado de algo que você não fez. Mas me mantive forte"
Pedro Solberg
- Isso não sai fácil do corpo. Menos de 30 dias depois fiz outro exame e nada foi encontrado. Está sendo muito barra pesada. Nunca me imaginei passando por uma situação dessa. Ser culpado de algo que você não fez. Mas me mantive forte. Fiquei tentando buscar algum motivo para isso ter aparecido e está sendo um sofrimento muito grande. Vou lutar até o final para provar que sou inocente.
Desde que foi notificado até o resultado da contraprova, Pedro e sua família buscaram profissionais capacitados e foram até onde podiam para encontrar motivos para o aparecimento da susbtância. Segundo ele, toda a estrutura foi fundamental para que ele não desistisse em nenhum momento.
- O laboratório me cobrou R$ 15 mil para fazer essa contraprova. Depois, fiquei sabendo que custa cerca de US$ 350 (R$ 550). Fico pensando, se isso acontece com um atleta que está começando, sem condições e estrutura, como ele vai recorrer? Me coloco na situação de outra pessoa e imagino como deve ser – afirmou Pedro, que contou que a Wada, ao saber do preço cobrado, fez com que o laboratório devolvesse o dinheiro.


Procurado, mais cedo, pelo SPORTV.COM, o laboratório Ladetec afirmou que não pode se pronunciar sobre o assunto por conta de uma exigência contratual feita pela Agência Mundial Antidoping (Wada).


Assista a vídeos de vôlei de praia


FONTE:
http://sportv.globo.com/site/eventos/circuito-mundial-de-volei-de-praia/noticia/2011/08/liberado-para-competir-solberg-diz-e-o-set-mais-longo-da-minha-vida.html

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