domingo, 22 de maio de 2011

Sem ligar para o tênis, Roland Garros, o aviador, estreou ponte aérea Rio-SP

Francês, que aprendeu a voar com aeronave de Santos Dumont, nunca levou as raquetes a sério e dá nome ao Grand Slam por homenagem de um clube

Por Helena Rebello Rio de Janeiro

A relação entre Roland Garros e o Brasil vai muito além do tricampeonato do catarinense Gustavo Kuerten no saibro francês (títulos conquistados em 1997, 2000 e 2001). Conhecido mundialmente por ser o primeiro aviador a cruzar o Mar Mediterrâneo sem fazer escalas, o homem que dá nome ao Grand Slam parisiense teve um papel importantíssimo no desenvolvimento da aviação brasileira e foi, ao lado do paulista Edu Chaves, o primeiro a cruzar a distância entre São Paulo e Rio de Janeiro em uma aeronave.
aviador Roland Garros (Foto: AFP)Roland Garros, de terno escuro e bigode: francês ajudou a impulsionar a aviação brasileira (Foto: AFP)

Nascido em Saint-Denis, Roland Garros conheceu o mineiro Santos Dumont no início do século XX e ficou encantado pelas invenções do brasileiro. Praticante de esportes como ciclismo, rúgbi e tênis – nunca profissionalmente -, o jovem europeu, em 1909, resolveu se arriscar nos céus e comprou o Demoiselle, último invento de Dumont, para iniciar seu treinamento.
aviador Roland Garros e Santos Dumont (Foto: Divulgação)Roland Garros (dir) aprendeu a voar em um avião
do brasileiro Santos Dumont (centro) (Divulgação)

O leque de amigos brasileiros de Garros aumentou rapidamente e, de aluno, o francês logo passou a professor. Em 1911, foi um dos convidado pela Queen Aviation Company Limited, de Nova York, para fazer uma demonstração no Rio de Janeiro. Na então capital do país, levou para voar pela primeira vez o campista Ricardo Kirk, que se tornaria o pai da aviação militar brasileira.
No ano seguinte, ao lado de Edu Chaves, membro de uma tradicional família de cafeicultores paulistas, foi o primeiro a completar o percurso Rio-São Paulo pelo ar, estreando a ponte-aérea. A aventura na América do Sul aguçou ainda mais o espírito desbravador de Garros, que voltou ao velho continente para marcar de vez seu nome na história. No dia 23 de setembro de 1913, o já experiente piloto partiu de Fréjus, no sul da França, rumo a Bizerte, na Tunísia. Ao completar o percurso, após 7h53m de voo, tornou-se o único até então a atravessar o Mar Mediterrâneo sem fazer escalas.
Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, o aviador transformou-se em piloto de guerra e teve atuação importante no desenvolvimento dos caças. As cinco vitórias que obteve em batalhas lhe renderam o título de “Ás” da aviação. Foi capturado pelos alemães em 1914, mas conseguiu fugir e voltar ao front. Em 1918, porém, três semanas antes do fim do conflito global, foi abatido pelos adversários.
E por que um aviador que nunca jogou tênis profissionalmente dá nome a um dos principais e mais tradicionais torneios do mundo? Roland Garros era sócio do Stade Français, clube que em 1928 cedeu à Federação francesa de tênis um terreno de três hectares para a construção das novas quadras, necessárias devido ao aumento de popularidade da competição, cuja primeira edição foi realizada em 1891. A única exigência era que o complexo fosse batizado em homenagem a um de seus membros. Garros, falecido dez anos antes, foi o agraciado.
montagem Guga título em Roland Garros  (Foto: Getty Images)Roland Garros e Brasil: relação mais recente é o tricampeonato de Guga no torneio que leva o nome do aviador francês. O tenista catarinense foi campeão em 1997, 2000 e 2001 (Foto: Getty Images)

FONTE:

Nenhum comentário: