quarta-feira, 27 de abril de 2011

Maria Sharapova diz que acidente de Chernobyl transformou sua carreira

TÊNIS INTERNACIONAL


Atletas que cresceram em ex-repúblicas soviéticas, como atacante ucraniano Andrey Shevchenko, foram marcados pelo desastre nuclear



Por Rafael Maranhão Direto de Pripyat, Ucrânia

Maria Sharapova durante desembarque na Nova Zelândia (Foto: Getty Image)Sharapova diz que nunca seria tenista caso o acidente
de Chernobyl não tivesse ocorrido (Foto: Getty Image)

Apesar de a usina nuclear de Chernobyl estar localizada na Ucrânia, 70% da radiação liberada pela explosão do reator número 4 acabou sendo levada pelo vento para a vizinha Bielorrússia. Uma das áreas mais afetadas foi Gomel, a segunda maior cidade do país. Ali vivia Yuri Sharapov, que não quis esperar por medidas que acabariam nunca sendo tomadas pelo governo da União Soviética e decidiu se mudar para a Rússia com a mulher Elena, grávida. Em Nyagan, na Sibéria, um ano mais tarde, nasceu Maria Sharapova, única filha do casal e futura número 1 do tênis mundial.
- Se o acidente de Chernobyl não tivesse acontecido, minha vida teria sido completamente diferente. Talvez eu nunca tivesse virado tenista – disse Sharapova no ano passado, quando visitou Gomel pela primeira vez em 11 anos.

GALERIA DE FOTOS: imagens da cidade fantasma de Pripyat

O número de vítimas e pessoas afetadas pelo acidente de Chernobyl, que completa 25 anos na próxima terça-feira, ainda gera controvérsia e somente pode ser estimado. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) fala em 4 mil mortos. A organização ecológica Greenpeace contesta e diz que são mais de 90 mil. A quantidade de pessoas cujas vidas foram de alguma forma alteradas por conta do desastre jamais será conhecida. Maria Sharapova foi apenas uma delas. Das poucas que teve um final feliz.
Entre os atletas nascidos nas ex-repúblicas da União Soviética muitos acabaram envolvidos em histórias relacionadas ao acidente de Chernobyl. É o caso do mais famoso jogador de futebol ucraniano, o atacante Andrey Shevchenko. Ele tinha 9 anos quando na época do desastre e vivia em Kiev, capital do país. Ao fim do calendário escolar, Andrey e a irmã Elena, três anos mais nova, foram levados junto com outras crianças para uma cidade de praia no sul do país.
- Depois de dois ou três meses meus pais apareceram para nos buscar. Foi somente muitos anos depois que passamos a entender o tamanho da tragédia. Sabíamos que algo havia acontecido porque meu pai era militar. Mas as informações eram desencontradas, havia muitos boatos – disse Shevchenko à imprensa inglesa.

Ajuda
Tanto Sharapova quanto Shevchenko criaram fundações para auxílio de crianças doentes, muitas delas provavelmente em consequência de Chernobyl. Mas há também casos de atletas que foram diretamente afetados pelo acidente. É o caso da campeã olímpica em Sydney 2000 e bicampeã mundial do lançamento de disco Ellina Zvereva. Em 2003, em entrevista ao jornal francês L'Equipe, a bielorrussa contou sobre a experiência de crescer em Gomel nos anos seguintes ao desastre.
- Nós caminhávamos pela floresta, muitas vezes debaixo de chuva, com toda aquela radiação ali. Por causa de Chernobyl, tive que fazer operação de tireóide – observou Zvereva.
O aumento do número do câncer de tireóide em crianças é uma das consequências mais conhecidas da contaminação por radioatividade na área próxima a Chernobyl. Nos anos seguintes ao acidente, a ocorrência de câncer de tireóide em crianças nos três países mais afetados, Bielorrússia, Ucrânia e Rússia, foi de sete a nove vezes maior do que antes da explosão na usina.

FONTE:
http://globoesporte.globo.com/tenis/noticia/2011/04/maria-sharapova-diz-que-acidente-de-chernobyl-transformou-sua-carreira.html

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