domingo, 10 de abril de 2011

Filme repetido: América empata com o Macaé e está rebaixado no Carioca

CAMPEONATO CARIOCA DE FUTEBOL 2011 - 2º Turno - TAÇA RIO


Equipe rubra fica no 1 a 1, soma oito pontos em toda a competição e disputará a Segundona pela segunda vez na história em 2012



Por Cahê Mota Macaé, RJ

O coração americano sangra novamente. Exatamente três anos e quatro dias depois da primeira vez, o América Football Club teve decretado neste sábado o segundo rebaixamento de seus 106 anos de história. Com a corda no pescoço, a equipe rubra empatou por 1 a 1 com o Macaé, no estádio Cláudio Moacyr, pela sétima rodada da Taça Rio, e disputará a Segundona em 2012.
torcida do América lamenta rebaixamento (Foto: Cahê Mota / GLOBOESPORTE.COM)Um dos poucos torcedores do América assiste à queda do time (Foto: Cahê Mota / GLOBOESPORTE.COM)

Com dez derrotas, dois empates e apenas duas vitórias, o América soma oito pontos em todo o estadual, é o lanterna, e não há combinação de resultados que o faça superar a 15ª colocação, ocupada atualmente pelo Cabofriense, também já rebaixado.
Na partida diante dos macaenses, Bruno Reis, com lindo gol de falta, até renovou as esperanças de uma salvação milagrosa, mas Hyantony, no segundo tempo, sepultou o Diabo e, de quebra, manteve o Macaé na elite. Na Taça Rio, os americanos também estão na última colocação, no Grupo A, com apenas quatro pontos. Já os macaenses, que têm vaga garantida na Série C do Brasileirão, estão em sexto no Grupo B, com sete pontos, e já pensam na competição nacional.

Quatro guerreiros abraçam o América
torcida do América lamenta rebaixamento (Foto: Cahê Mota / GLOBOESPORTE.COM)Jair, de 69 anos, fez longa viagem para ver nova
decepção (Foto: Cahê Mota/Globoesporte.com)

Desta vez, nem Romário - que não esteve em Macaé - deu jeito. Chamado às pressas ainda na Taça Guanabara diante da campanha vergonhosa da equipe, o Baixinho voltou ao clube como dirigente. O cargo de deputado e os compromissos particulares, porém, impediram que o envolvimento fosse o mesmo de dois anos atrás, quando comandou o acesso à elite do Carioca. Muitos jogadores foram dispensados, outros tantos foram contratados, e treinadores se alternaram no cargo em busca da permanência na elita. O último deles foi Marcelo Buarque.
À espera de um milagre, ele mandou para campo uma equipe ofensiva, mas muito nervosa diante do Macaé. Na arquibancada, apenas quatro americanos acompanharam de perto o rebaixamento. Como se agonizassem a cada passe errado, cada jogada perdida, cada susto do adversário, Marcos Batista, de 42 anos, Jair Rangel, 69 anos, Cesar Caruso, 65 anos, e Bernardo Chacon, 18 anos, foram ao Moacyrzão apostando no improvável, mesmo que o amor pelo clube fosse a única explicação para que acreditassem nisso.
- Sou América há 69 anos, desde que nasci. Sou de Belford Roxo, peguei uns cinco ônibus e estou aqui pela paixão - disse, orgulhoso, Jair.
Em campo, a falta de qualidade era compensada pela dedicação. Diante de um Macaé sonolento, o América se mantinha no campo de ataque, mas era pouco perigoso. Quando conseguia criar boas oportunidades, a sorte não ajudava. Rede? Só pelo lado de fora, em chutes de Hugo e Assis. Enquanto isso, os macaenses assustavam em subidas dos laterais Johnathan e Bill.
Os marasmo, porém, foi quebrado aos 41 minutos, quando Bruno Reis acertou um lindo chute em cobrança de falta da intermediária no ângulo esquerdo de Everton. Esperança rubra, desespero dos macaenses, que, com os resultados da rodada, passavam a correr riscos.

Hyantony é o carrasco americano

Com apenas 702 torcedores, sendo que só os membros da bandinha do Macaé demonstravam animação, a partida fazia jus à péssima campanha das duas equipes e tinha cara de segunda divisão. Bate e rebate, divididas pesadas, passes errados. O bom futebol esteve longe do Moacyrzão. Sendo assim, a partida seria decidida na disposição. E foi nisso que o técnico Toninho Andrade apostou. Na volta do intervalo, colocou em campo o jovem Hyantony, xodó dos macaenses e, agora, marcado eternamente na memória dos americanos.
torcida do América lamenta rebaixamento (Foto: Cahê Mota / GLOBOESPORTE.COM)Decepção do torcedor Marcos Batista no Moacyrzão (Foto: Cahê Mota / GLOBOESPORTE.COM)

Pressionado, o América se salvava como era possível. Principalmente pelas mãos de Paulo Wanzeler. Endiabrado, o goleiro pegava tudo e dava a impressão de que não seria superado. E realmente não seria, se não fosse a desatenção de seus defensores. Aos 25, logo depois do tempo técnico, o Macaé armou uma blitz no campo ofensivo, concluiu duas vezes na pequena área e parou no paredão americano. Já no terceiro rebote, não teve como fazer milagre. Diante de desatentos zagueiros, Hyantony chutou com força do bico da pequena área. Wanzeler ainda alcançou a bola, mas ela estufou a rede próximo do travessão.
Alívio azul e branco, desespero em vermelho. Os quatro torcedores na arquibancada pareciam já não ter mais unhas para roer. Em campo, os jogadores apelavam para o individualismo. O tempo se passou, e o pior aconteceu. Refém dos próprios erros, o América teve o rebaixamento decretado ao apito final de Pathrice Maia. Uma tragédia anunciada desde a Taça Guanabara, principalmente na derrota por 9 a 0 para o Vasco.
Resignação, preocupação e fé
torcida do América lamenta rebaixamento (Foto: Cahê Mota / GLOBOESPORTE.COM)Os quatro torcedores americanos em Macaé
(Foto: Cahê Mota / GLOBOESPORTE.COM)

Fiéis ao América até o fatídico fim - o que não aconteceu nem sequer com a diretoria, sem representante em Macaé -, os quatro torcedores demonstravam maior resignação do que revolta com mais um rebaixamento. Torcedor do América (e "só do América", como frisa, aos 18 anos), Bernardo Chacon é daqueles fanáticos, que seguem o time onde quer que esteja. Rotina que será mantida mesmo com a queda.
- Minha família me ensinou a ser América desde que cresci. Essa foi a primeira camisa que vesti e, onde o clube jogar, eu vou. Na Série D, fui em Minas, Espírito Santo... Não vi o auge das glórias do América, mas amo o clube. Não muda nada.
Diante do caos, justificativas são buscadas para o rebaixamento. Os motivos são os corriqueiros de todo time rebaixado. A diferença, porém, é no tom do discurso, já vislumbrando uma volta por cima no futuro.
- Tudo isso é gerado por péssima administração, trocas de técnico... Vamos esperar para tentar melhorar. O Edu voltou, o Válber também. Vamos torcer - disse o torcedor Marcos Batista.
A resignação, por sua vez, não impede a preocupação, evidenciada nas palavras do jovem Bernardo.
- Meu medo é o fim do futebol do América. Vemos tanto time pequeno crescendo, e o América sempre para baixo. É triste.
Triste para o América. Triste para o futebol carioca, que terá um estadual em 2012 sem um de seus clubes mais charmosos.

MAcaé 1 x 1 América
Everton, Jhonatan, Eduardo Luiz, Ciro e Bill; Gedeil, Danilo, Osmar e André Gomes (Hyantony);
Bruno Luiz (Romário) e Robson (Siston).
Paulo Wanzeler, Michel, Victor, Arcelino e Assis; Léo Oliveira (Emerson), Paulo Roberto, Bruno Reis e Leandro; Guilherme (Wellington) e Hugo (Bruno Suzano).
 
Técnico: Toninho Andrade. Técnico: Marcelo Buarque.
Gol: Bruno Reis, aos 41 minutos do primeiro tempo. Hyantony, aos 25 minutos do segundo tempo.
Cartões amarelos: Emerson (AME).
Estádio: Claudio Moacyr, em Macaé (RJ). Data: 09/04/2011. Arbitragem: Pathrice Wallace Maia, auxiliado por Jackson Lourenço dos Santos e Wagner de Almeida Santos. Público: 702 pagantes. Renda: R$ 5.500,00.

FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/campeonatos-estaduais/campeonato-carioca/noticia/2011/04/filme-repetido-america-empate-com-o-macae-esta-rebaixado-no-carioca.html

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