FONTE:
http://jornalggn.com.br/noticia/o-que-o-ministro-barroso-tem-a-dizer-sobre-o-ultimo-abuso-da-lava-jato
Luis Nassif
Não há limites para os abusos da Lava Jato. Conversas particulares entre pai e filha sendo divulgados para a imprensa. Pouco importa se o pai é o execrável Eduardo Cunha. Esse tipo de abuso seria intolerável em qualquer regime democrático.
O que o arauto do novo iluminismo, Ministro Luís Roberto Barroso, teria a dizer sobre esses abusos? Ele, que tolera o estado de exceção, foi alvo de chantagens explícitas de blogs e da Veja, apontando para a compra de um apartamento em Miami por sua esposa, com nome de solteira e através de uma offshore.
Em vez de reagir contra o abuso, de esclarecer a compra, Barroso foi pelo caminho mais fácil: cedeu ao arbítrio e tornou-se ele proprio um defensor do estado de exceção, a maneira mais cômoda das pessoas de pouca coragem de garantir uma blindagem para si e para os seus.
do Estadão
Quebra de sigilo telemático do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB) pegou mensagens trocadas por ele com a filha
Julia Affonso, Mateus Coutinho, Ricardo Brandt e Fausto Macedo
Quebra de sigilo de dados telemáticos do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso na Operação Lava Jato, revelou troca de e-mails do peemedebista com a filha, a publicitária Danielle Dytz da Cunha. Em uma das mensagens, a filha do ex-deputado envia uma lista de compras com seis itens ao pai: cremes, óculos, bolsa, vídeo game e roupas.
Danielle Cunha é investigada pela Lava Jato pela posse de um cartão de crédito estrangeiro associado à offshore Köpek e recebido por ela. A Köpek não era declarada às autoridades brasileiras e foi descoberta graças ao apoio de investigadores suíços. Segundo a Lava Jato, a offshore recebeu recursos da propina destinada ao ex-presidente da Câmara no esquema de corrupção na Petrobrás.
Na mensagem identificada pela investigação, às 16h42, de 20 de fevereiro de 2009, Danielle escreveu a Eduardo Cunha.
“Oi Dad, mesmo eu indo viajar, infelizmente não tenho cacife para comprar tudo que eu gostaria. Fiz uma listinha do que eu gostaria que você trouxesse, e se puder agradeço muito. Veja claro o que não for te dar trabalho!”
Na lista, Danielle colocou um “creme clean and Clear all about eyes (2 do tamanho maior), bolsa Balenciaga preta (igual a que eu tenho só que em preto), óculos Rayban Wayfarer cor preta’.
“Sapatilha Tory Burch um tamanho acima do que a Claudia calça preta, (video game) Wii Fit”, pede a publicitária. “Se forem ao outlet gostaria de camisas pólo da Ralph Lauren para trabalhar.. tanto faz a cor.. no caso eu digo as que eu já tenho.”
Danielle informa ao pai que seu ‘tamanho é M para os modelos Skinny pólo e Slim FIT (o classic fit é masculino portanto fica muito grande)’.
“Se forem ao outlet, me avise! Eu gostaria também de um trenchcoat da burberry, mas só se forem ao outlet”, escreve. “Obs. Compre uma capa para o seu iphone, eu já tenho. Senão ele arranha! Não esqueça e aproveita que aí é mais barato. Se quiserem comprar o hj externo o que tem mais capacidade é o da marca Iomega.”
No dia seguinte, a publicitária manda outro e-mail para Eduardo Cunha com um complemento.
“Oi pai, no último email esqueci de incluir o itrip para carro que e o acessório para se ouvir ipod no carro.
Vc pode me trazer outro já que aquele problema no meu carro estragou o ango. A caca também pediu um para o carro dela. Muito obrigada! Beijos”, pede a filha do ex-presidente da Câmara.
Eduardo Cunha é acusado de ter solicitado e recebido, entre 2010 e 2011, no exercício de sua função como parlamentar e em razão dela, propina relacionada à aquisição, pela Petrobrás de um campo de petróleo em Benin, na África. O ex-presidente da Câmara é acusado de corrupção, lavagem de dinheiro, evasão fraudulenta de divisas pela manutenção de contas secretas na Suíça que teriam recebido propina do esquema na Petrobrás.
A ação já havia sido aberta pelo Supremo Tribunal Federal em junho. O processo foi remetido para a primeira instância em Curitiba, pois Cunha perdeu foro privilegiado desde que foi cassado pela Câmara, por 450 votos a 10, no dia 12 de setembro. Com isso, o Supremo remeteu esta ação contra o peemedebista para a Justiça Federal em Curitiba, sede da Lava Jato.
A mulher de Eduardo Cunha e madrasta de Danielle, a jornalista Cláudia Cordeiro Cruz, é ré na Lava Jato acusada de lavagem e evasão de US$ 1 milhão na conta Köpek.
Eduardo Cunha nega recebimento de vantagem indevida. Em seu interrogatório, Cláudia Cruz declarou que ‘desconhecia a existência de conta no exterior em seu nome’ e que ‘nunca teve motivos’ para desconfiar do marido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário