PARAOLIMPÍADA RIO 2016
Múltipla Falência dos Sistemas vem comprometendo os movimentos da nadadora brasileira, que subiu ao pódio no 4x50m livre misto no Rio: "Minha luta é diária"
Susana Schnarndorf vive um dia de cada vez. É a forma que tem
encontrado para lidar com uma grave doença degenerativa, que vem comprometendo
funções importantes do seu corpo ao longo dos últimos anos. Na noite desta
sexta, a inédita e sonhada medalha paralímpica, nos Jogos do Rio, fez valer
cada minuto de esforço. Com o avanço da síndrome, a atleta gaúcha de 48 anos tem perdido
gradativamente a coordenação motora e precisou reaprender a nadar para subir ao
pódio ao lado de Daniel Dias, Clodoaldo Silva e Joana Neves, com a prata no revezamento
4x50m livre misto até 20 pontos.
- Minha luta é diária contra a minha doença. Não tinha
certeza se estaria aqui agora. Para medicina, não estaria aqui. Várias vezes
tive medo da doença me vencer. Eu tenho muita paixão pelo que faço, tenho muita
vontade de estar aqui, e eu consegui. Tive dias muito difíceis, momentos de
achar que tudo estava perdido, mas nunca desisti - ressaltou Susana, sem segurar as lágrimas.
+ Com doença grave, Susana chora após prata: "Medo de não estar viva"+ Susana tem dia especial e sobe ao pódio ao lado de Clodoaldo e Daniel
Descrição
da imagem: ao lado de Clodoaldo,
Joana e Daniel, Susana levanta os
braços no
pódio e comemora a conquista da inédita
medalha de prata no
revezamento 4x50m
livre misto (Foto: Ag Estado)
Na comemoração logo depois da prova, no pódio ou dando
entrevistas. Depois de conquistar a medalha de prata no 4x50m livre misto, sua primeira em Paralimpíadas, Susana
se emocionou diversas vezes. A Múltipla Falência dos Sistemas (MSA), doença que
compromete gradualmente os movimentos, a respiração e outras funções do
organismo, não a permitia fazer planos para o futuro.
Era difícil prever
se conseguiria realizar o desejo de disputar os Jogos do Rio. Realizá-lo
e ainda subir ao pódio era mais do que podia imaginar, uma alegria imensurável.
- O meu caminho até aqui foi difícil. Passa um filme na
cabeça da gente. A gente lembra de tudo que aconteceu, de toda a luta para eu
estar aqui. Essa medalha tem um valor muito especial para mim. É a minha vida. A
natação paralímpica é a minha vida. Eu e meu técnico lutamos muito para ter
essa medalha –
disse Susana, que ainda disputa outras três provas na Rio 2016 (50m livre, 100m peito e 200m medley).
Descrição da imagem: Clodoaldo e Susana
festejam a medalha de prata (Foto: FÁBIO
MOTTA/ESTADÃO CONTEÚDO)
A ex-atleta de triatlo convive com o avanço gradual da
doença há 12 anos, quando descobriu a MSA. Em 2010, passou a se dedicar ao
esporte paralímpico e fez da natação sua aliada para tentar frear a evolução do
problema. A estreia nas Paralimpíadas veio em Londres 2012. De lá para cá, no
entanto, os sintomas se agravaram e, consequentemente, o desempenho dentro
das piscinas foi ficando prejudicado. No processo em busca do sonho de disputar
os Jogos do Rio, a gaúcha precisou ser paciente e recomeçar do zero.
- Foi uma luta diária. Minha doença
evoluiu muito na parte da coordenação motora. Tive que reaprender a nadar. Tem
movimentos que a gente acha que consegue fazer, mas não consegue mais. Quero
dedicar essa medalha para os meus filhos, que são minha vida, e para o meu
técnico (Felipe), que me ensinou a nadar de novo e me ajudou a chegar até aqui - disse a nadadora, que tem três filhos.
+ Daniel Dias é ouro e leva 16ª medalha: "Nunca senti uma emoção dessa"+ Das 6h de ônibus para treinar ao pódio: Ítalo é bronze nos 100m costas+ Phelipe Rodrigues é prata nos 50m livre, e bicampeão Andre Brasil é 4º
+ Saiba como é a avaliação de atletas paralímpicos e entenda nomenclaturas
+ Saiba como é a avaliação de atletas paralímpicos e entenda nomenclaturas
Descrição da imagem: Joana, Daniel, Clodoaldo
e Suzana exibem as medalhas e as mascotes
(Foto: Reuters)
FONTE:
Nenhum comentário:
Postar um comentário