terça-feira, 21 de abril de 2015

O massacre do Bayern de Guardiola, cada vez mais versátil e intenso

Julen Lopetegi é um técnico catalão que jogou no Barcelona e passou por quase todas as categorias de base da seleção espanhola até chegar no Porto, onde faz grande trabalho. Isso só eleva o massacre do Bayern, que fez 5x0 no primeiro tempo de 65% de posse, 11 conclusões e muita intensidade. No falaremos do 7x1 nesse texto (zzz), mas sim, lembrou a Alemanha contra o Brasil na Copa. E isso não é mera coincidência.

A similaridade vem das escolas de futebol, das práticas adotadas, no nível do espetáculo. Nem pior, nem melhor: é diferente! Por exemplo: pra Guardiola pouco importa os numerozinhos de esquema. 4-2-3-1? 3-4-2-1? Enfim, tanto faz para um time que gira, agride, melhora e busca o jogo. O Porto, esse sim, veio definido em números - um 4-1-4-1 - mas calma, não é a linha de ônibus! 

Julen, com toda seu conhecimento, impôs um sistema de forte marcação e pressão no homem da posse - buscava reter o Bayern, afastá-lo da área com o 4-1-4-1 atrás da linha da bola. A julgar pela imagem abaixo, a tarefa seria difícil. Só um plano muito bem elaborado iria furar esse mecanismo pensando e treinado. 

45 minutos, 5 gols e um massacre. Guardiola ativou todos os mecanismos possíveis. A começar pelo posicionamento sem a bola - lembre-se, o futebol é compreendido em fases de jogo. Cada uma expressa um momento. Na imagem abaixo, você vê a recuperação defensiva: jogadores do Bayern invadindo o campo do Porto e correndo em direção a Maicon, com o objetivo de roubar-lhe a bola.

Isso é pensado, treinado e feito no jogo. E não pense que no Brasil não é assim, pois é. A diferença, entre tantos fatores, mora na intensidade das ações: concentração, velocidade, obediência ao plano proposto.

Quer um exemplo? O ataque. O momento onde a torcida levanta do banco, ansiosa, aflita. Para o jogador é leitura intrincada de espaços, onde ele deve lembrar do treinoo. Se a bola está em Bernat, Lahm deve ficar aberto no lado oposto para criar amplitude. Xabi e Gotze devem se unir ao camisa 18 para lhe oferecer o passe, as pequenas sociedades. Muller deve se movimentar e buscar os vazios em campo, a entrelinha. E Tiago deve se atentar para oferecer um retorno da jogada, buscando o controle da posse.

Os nomes parecem bonitos e são dos mais modernos e executados mecanismos táticos. Até aqui no nosso Brasil. Mesmo assim, as alternativas são importantes: 3 dos 6 gols foram de bola aérea. Um tento foi de contragolpe. Essas jogadas, às vezes criticadas, às vezes exaltadas, são o que torna Guardiola e a Alemanha o centro do futebol atual: adaptação para seguir vencendo.

Bom, se você não está convencido, vamos voltar para o Porto. Lembra da forte defesa de Julen Lopetegi? A imagem abaixo é uma cópia fiel da figura de cima, mas destacando os movimentos táticos dos Dragões…e veja, o 4-1-4-1 está aí. Olhe a disciplina de Quaresma, ali no cantinho, voltando para marcar o lateral. E a compactação das linhas, juntinhas. 

Só um plano elaborado superaria foi o que o Bayern fez: criou alternativas, mecanismos para superar o adversário no duelo tático que ganhou ainda mais opções no segundo tempo: Julen puxou Casemiro pra zaga, jogou Ricardo e Indi nas alas e buscou os lançamentos para Jackson. Guardiola não esperou: recuou Xabi, formou linha de 5 sem a bola e mandou Gotze funcionar como um armador, encostando no lado da jogada. Acabou 6x1.





Resta pouco a falar, muito a aplaudir. Se as diferenças no futebol dali e daqui são de ordem cultural e sociológica, vale um exemplo para se inspirar, e quem sabe, renovar. Enquanto isso, o Bayern ruma à semifinal mais favorito que nunca. 

FONTE:

Nenhum comentário: