Julen
Lopetegi é um técnico catalão que jogou no Barcelona e passou por quase
todas as categorias de base da seleção espanhola até chegar no Porto,
onde faz grande trabalho. Isso só eleva o massacre do Bayern, que fez
5x0 no primeiro tempo de 65% de posse, 11 conclusões e muita
intensidade. No falaremos do 7x1 nesse texto (zzz), mas sim, lembrou a
Alemanha contra o Brasil na Copa. E isso não é mera coincidência.
A
similaridade vem das escolas de futebol, das práticas adotadas, no
nível do espetáculo. Nem pior, nem melhor: é diferente! Por exemplo: pra
Guardiola pouco importa os numerozinhos de esquema. 4-2-3-1? 3-4-2-1?
Enfim, tanto faz para um time que gira, agride, melhora e busca o jogo. O
Porto, esse sim, veio definido em números - um 4-1-4-1 - mas calma, não
é a linha de ônibus!
Julen,
com toda seu conhecimento, impôs um sistema de forte marcação e pressão
no homem da posse - buscava reter o Bayern, afastá-lo da área com o
4-1-4-1 atrás da linha da bola. A julgar pela imagem abaixo, a tarefa
seria difícil. Só um plano muito bem elaborado iria furar esse mecanismo
pensando e treinado.
45
minutos, 5 gols e um massacre. Guardiola ativou todos os mecanismos
possíveis. A começar pelo posicionamento sem a bola - lembre-se, o
futebol é compreendido em fases de jogo. Cada uma expressa um momento.
Na imagem abaixo, você vê a recuperação defensiva: jogadores do Bayern
invadindo o campo do Porto e correndo em direção a Maicon, com o
objetivo de roubar-lhe a bola.
Isso
é pensado, treinado e feito no jogo. E não pense que no Brasil não é
assim, pois é. A diferença, entre tantos fatores, mora na intensidade
das ações: concentração, velocidade, obediência ao plano proposto.
Quer
um exemplo? O ataque. O momento onde a torcida levanta do banco,
ansiosa, aflita. Para o jogador é leitura intrincada de espaços, onde
ele deve lembrar do treinoo. Se a bola está em Bernat, Lahm deve ficar
aberto no lado oposto para criar amplitude. Xabi e Gotze devem se unir ao camisa 18 para lhe oferecer o passe, as pequenas sociedades. Muller deve se movimentar e buscar os vazios em campo, a entrelinha. E Tiago deve se atentar para oferecer um retorno da jogada, buscando o controle da posse.
Os nomes parecem bonitos e são dos mais modernos e executados mecanismos
táticos. Até aqui no nosso Brasil. Mesmo assim, as alternativas são
importantes: 3 dos 6 gols foram de bola aérea. Um tento foi de
contragolpe. Essas jogadas, às vezes criticadas, às vezes exaltadas, são
o que torna Guardiola e a Alemanha o centro do futebol atual: adaptação
para seguir vencendo.
Bom,
se você não está convencido, vamos voltar para o Porto. Lembra da forte
defesa de Julen Lopetegi? A imagem abaixo é uma cópia fiel da figura de
cima, mas destacando os movimentos táticos dos Dragões…e veja, o
4-1-4-1 está aí. Olhe a disciplina de Quaresma, ali no cantinho,
voltando para marcar o lateral. E a compactação das linhas, juntinhas.
Só
um plano elaborado superaria foi o que o Bayern fez: criou
alternativas, mecanismos para superar o adversário no duelo tático que
ganhou ainda mais opções no segundo tempo: Julen puxou Casemiro pra
zaga, jogou Ricardo e Indi nas alas e buscou os lançamentos para
Jackson. Guardiola não esperou: recuou Xabi, formou linha de 5 sem a
bola e mandou Gotze funcionar como um armador, encostando no lado da
jogada. Acabou 6x1.
Resta
pouco a falar, muito a aplaudir. Se as diferenças no futebol dali e
daqui são de ordem cultural e sociológica, vale um exemplo para se
inspirar, e quem sabe, renovar. Enquanto isso, o Bayern ruma à semifinal
mais favorito que nunca.
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