Dupla foi a primeira do vôlei de praia masculino do Brasil a subir ao lugar mais alto do pódio em Olimpíadas. Para alcançar feito ficaram até "confinados" antes do torneio
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Ricardo e Emanuel conquistavam o
ouro em Atenas há 10 anos
(Foto: Divulgação)
Os treinos de Ricardo e Emanuel aconteciam na Praia do Cabo Branco, na capital paraibana. Tinha todo o aparato em busca de alcançar o tão sonhado ouro. Além da comissão técnica (treinador, preparador físico e boleiros), eles recebiam também o suporte da doutora em ciência do desporto Joyce Stefanello. Ela era a responsável por mapear o comportamento dos atletas e assim melhorar seus respectivos desempenhos.
- Joyce conseguiu observar todos os pontos deles dentro de quadra. Ela mostrou como Ricardo e Emanuel correspondiam a cada trabalho. Aquilo me chamou a atenção, pois em 15 dias ela conseguiu identificar todos os pontos necessários que precisariam ser melhorados, o que ajudou bastante - disse o preparador físico da época Rossini Freire.
Faltando apenas cinco meses para as Olimpíadas, o grupo decidiu deixar o clima da Paraíba para "fixar residência" na cidade de Espinho, em Portugal. No país, a turma "sumiu do mapa". Ficou sem ter contato nenhum com a torcida e a imprensa. Apenas os familiares e a Confederação Brasileira de Voleibol sabiam onde estavam Ricardo e Emanuel e toda a comissão técnica.
- Acho que isso nos ajudou no processo de ambientação, no processo de adaptação. Foi importante para sumir um pouco do cenário, do foco, da mídia. Esse fator de preservação, de concentração, foi fundamental - revelou o técnico Gilmário Cajá.
Em Espinho, um fato preocupou a todos. Ricardo machucou o tornozelo direito em um treinamento faltando cerca de um mês para as Olimpíadas. Mas o apoio do fisioterapeuta paraibano Rodolfo Filho, que morava na cidade, foi fundamental na recuperação ágil do jogador.
Ricardo jogou as Olimpíadas com uma proteção no tornozelo direito (Foto: Divulgação)
Mesmo com esse problema, o grupo chegou bem preparado até Atenas. Ricardo e Emanuel estavam no Grupo A com adversários da Noruega, da Austrália e dos Estados Unidos. A outra dupla brasileira classificada estava no Grupo B: era Márcio e Benjamin.
- Acredito que um grande projeto tem que ter sacrifícios para ter resultado. Foi um planejamento perfeito. Os obstáculos que a gente passou para acreditar em um resultado maior. Trabalhamos bastante para isso - relembrou Emanuel.
01
AMULETO da sorte
Era muito engraçado"
Ricardo, sobre amuleto de Cajá
O baiano Ricardo também fala do caso do amuleto de Cajá. Mas ao contrário do amigo, ele fala em tom bom humorado, achando engraçado tudo aquilo:
- Aquele amuleto de Cajá
acompanhou ele por muitos anos. Em todas as competições, ele
levava aquele jacaré. Ficava apertando o brinquedo como se fosse uma
forma de liberar o estresse. Era muito engraçado. Espero que tenha nos dado sorte de alguma
forma - completou Ricardo.
Cajá observa a nova geração do vôlei
de praia (Foto: Lucas Barros /
GloboEsporte.com/pb)
02
Fase de grupos e mata-mata
Classificados para as oitavas de final, Ricardo e Emanuel enfrentaram os noruegueses Kjemperud e Hoidalen. Mais uma vitória para a parceria, por 2 sets a 1. Os brasileiros ganharam no primeiro set por 21/15, mas acabaram perdendo no segundo de 19/21. No tie-break, o resultado terminou sendo um largo 15/6.
Ricardo e Emanuel conseguiram vencer
todos os jogos nas Olimpíadas de
Atenas: sete no total
(Foto: Divulgação)
Na semifinal, Ricardo e Emanuel enfrentaram outros adversários da Suíça. Desta vez, Heuscher e Kobel. Esta foi considerada a partida mais complicada na avaliação da comissão técnica e dos jogadores. Rossini Freire e Gilmário Cajá destacam que o fator psicológico de Emanuel foi parte fundamental para chegar à decisão.
Rossini Freire relembrou jogo disputado da semifinal contra os suíços Heuscher e Kobel
(Foto: Lucas Barros / GloboEsporte.com/pb)
(Foto: Lucas Barros / GloboEsporte.com/pb)
- Perdíamos de 13 a 11 e foi pedido um tempo (técnico). Emanuel fez todos os procedimentos de concentração que devia fazer. Pediu a Ricardo para inverter o bloqueio e o paranaense foi para a rede. A gente virou uma bola e depois Emanuel fez dois bloqueios no jogador de entrada da Suíça. Ali a gente virou o jogo e ganhamos. Depois que passamos daquele sufoco, a gente ganhou a confiança necessária para o título - comentou Rossini.
03
A grande FINAL
- Primeiro de tudo foram palavras de motivação. Depois falou das estratégias de jogo. E dicas sobre a equipe adversária - lembrou o treinador.
Ricardo disputa bola com Bosma em
Atenas (Foto: Divulgação)
Os adversários eram os espanhóis Bosma e Herrera. E o pedido do técnico Cajá para chegar muito forte surtiu efeito. Ricardo e Emanuel passaram como um rolo compressor pelos adversários.
Os brasileiros conseguiram abrir três pontos de vantagem no primeiro set em um ataque de Ricardo (5/2). Mas o espanhóis tentaram reagir e conseguiram encostar no placar (6/5). Depois, Herrera errou algumas vezes e a vantagem voltou a ficar maior (10/7). Ricardo e Emanuel passaram a administrar o resultado e depois de poucos erros fecharam em 21/16.
No segundo set, a intensidade de jogo cresceu. Emanuel acertou pontos de saque e Ricardo se transformou na "máquina de bloqueio" que ele passou a ser conhecido. Conseguiram abrir uma vantagem larga (14/6). E fecharam a partida em 21/15 em 42 minutos de jogo. O sonho do ouro em Atenas foi concretizado depois de sete vitórias e apenas três sets perdidos durante o torneio.
Emanuel defende a bola de "peixinho"
(Foto: Divulgação)
04
SONHO DOURADO
- Não é todo dia que um atleta pode ter a chance de ser campeão olímpico. É o máximo que um atleta pode pensar em qualquer modalidade. É o ápice da carreira. É o que realmente faz um atleta se tornar diferenciado - comenta Emanuel.
Já Ricardo destaca que o ouro sempre foi o objetivo principal da carreira. Aquele momento de Atenas tornou-se ainda mais importante para ele porque o atleta vinha de uma prata em Sidney, quando "bateu na trave" ao lado de Zé Marco.
Ricardo vibra com o ouro em Atenas (Foto: Divulgação)
O preparador físico Rossini Freire comparou a conquista com o nascimento da filha. Ele considera o feito como o "êxtase da carreira profissional e um dos momentos mais felizes da vida".
- Ter convivido com aqueles dois atletas, dois ícones do esporte nacional, duas pessoas altamente dedicadas, não tem coisa melhor. Trabalhar com pessoas como Emanuel e Ricardo acaba facilitando tudo. Trabalhar na formação e na construção de uma medalha de ouro é algo inesquecível.
Ricardo
e Emanuel entraram para história
do vôlei de praia masculino do Brasil
após conquistar o primeiro ouro da
história (Foto: Divulgação)
- Uma vida toda sonhando com isso. De uma importância imensurável. Foi ótimo. Mas passou. Está guardado para o resto das nossas vidas ser campeão olímpico juntamente com um grupo. Foi um trabalho de uma comissão técnica toda - concluiu Cajá.
Mais experientes, Ricardo e Emanuel
retomam parceria para a temporada
2014/15 (Foto: Carol Fontes)
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/pb/noticia/2014/08/ouro-historico-de-ricardo-e-emanuel-em-atenas-completa-10-anos.html
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